A Aliança das Cooperativas das Américas apresenta a publicação “Evolução do setor cooperativo entre os Anos Internacionais das Cooperativas 2012–2025”, que aborda políticas públicas, regulamentações, novas formas associativas e iniciativas socioeconômicas. O estudo reúne reflexões, análises e evidências sobre as transformações recentes do movimento, destacando o papel estratégico das cooperativas na construção de sociedades mais inclusivas e sustentáveis.
No Ano Internacional das Cooperativas 2025, este livro é o primeiro de uma série de estudos lançados em 2024, que buscam reunir reflexões, análises e evidências sobre as contribuições das cooperativas na última década e meia. Essa iniciativa marca a trajetória de crescimento do setor e evidencia a capacidade de adaptação em contextos socioeconômicos voláteis.
No caso do Brasil, o cooperativismo alcançou números de grande relevância. De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2022, o país reúne quase 19 milhões de cooperados e mais de 4,8 mil cooperativas ativas, responsáveis por aproximadamente 493 mil empregos diretos. O setor movimenta centenas de bilhões de reais em ativos e ingressos anuais, contribuindo com mais de 5% do PIB nacional e reafirmando sua força como motor econômico e social.
Sob esta conjuntura, o Brasil figura como um dos países em que o cooperativismo mais se consolidou nas últimas décadas. Além do alcance em número de cooperados e cooperativas, o setor se destaca pela diversidade de ramos de atuação, que vão da agropecuária e do crédito até saúde, transporte e infraestrutura.
Panorama Continental
O cenário cooperativo nas Américas reflete a diversidade das trajetórias nacionais e compartilha valores e princípios comuns. Em 2022, o setor cooperativo na região, do Canadá à Argentina, contava com mais de 147 mil cooperativas, 285 milhões de associados e gerava empregos para cerca de 2 milhões de pessoas. Esses números mostram a força e a capilaridade do modelo cooperativo.
Nesse contexto, o compreendimento da evolução das políticas públicas, dos marcos regulatórios e das iniciativas socioeconômicas se torna essencial para analisar o impacto do movimento. A obra publicada pela ACI Américas reúne contribuições de pesquisadores da Argentina, Brasil, Chile, México e Paraguai e oferece um panorama das transformações no movimento cooperativista global desde a comemoração de 2012.
Destaques nacionais
No caso do Brasil, o cooperativismo alcançou números de grande relevância. De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2022, o país reúne quase 19 milhões de cooperados e mais de 4,8 mil cooperativas ativas, responsáveis por aproximadamente 493 mil empregos diretos. Em 2021, o setor registrou ingressos de R$ 524 bilhões (aumento de 26% em relação ao ano anterior) e ativos totais de R$ 784,3 bilhões (+20%). Além disso, as cooperativas contribuíram com mais de R$ 17 bilhões em tributos e outros R$ 17 bilhões em salários e benefícios a colaboradores.
Sob esta conjuntura, o Brasil figura como um dos países em que o cooperativismo mais se consolidou nas últimas décadas. Além do alcance em número de cooperados e cooperativas, o setor se destaca pela diversidade de ramos de atuação, que vão da agropecuária e do crédito até saúde, transporte e infraestrutura.
Os ramos com maior número de cooperados são o de Crédito (13,9 milhões), Agropecuário (1,02 milhão) e Infraestrutura (1,24 milhão), enquanto os que mais geram empregos são o Agropecuário (238,6 mil), Saúde (126,8 mil) e Crédito (89,4 mil).
Mas, além disso, outros países também apresentam desempenho expressivo:
- Argentina: 22.393 cooperativas, mais de 18 milhões de associados e 333.878 empregos. O setor representa mais de 10% do PIB, com predominância de cooperativas de trabalho (81,5%).
- Canadá: em 2021, o setor gerou receita de US$ 60,6 bilhões. O segmento de crédito detém ativos de US$ 546,9 bilhões e mais de 10 milhões de associados.
- Colômbia: 4.088 cooperativas, 7,3 milhões de associados e mais de 160 mil empregos. Os ativos cresceram 36,7% entre 2018 e 2022.
- Paraguai: 1.092 cooperativas e mais de 2,1 milhões de associados. O patrimônio líquido do setor cresceu 64% entre 2018 e 2022.
Cooperativas e os ODS
Além dos dados macroeconômicos, a riqueza do cooperativismo está nas experiências concretas que moldam comunidades e territórios. O modelo cooperativo consolida-se como um aliado estratégico para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com exemplos emblemáticos em todo o continente.
De acordo com a publicação da ACI, no Canadá, cooperativas de energia renovável têm impulsionado o acesso à energia limpa e a ação climática enquanto, na argentina, as iniciativas de reciclagem e economia circular são destaques na produção e consumo responsável.
Além disso, o estudo aponta que, no Brasil, as cooperativas agropecuárias têm fortalecido a segurança alimentar e a agricultura sustentável.
Políticas públicas e participação legislativa
A mesma lógica que impulsiona as cooperativas a contribuírem para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável também fortalecido parceiras estratégicas com governos. Reconhecendo este potencial, países das Américas têm avançado na criação de ambientes normativos favoráveis e políticas públicas específicas que viabilizam o desenvolvimento e a inovação do setor.
Neste contexto, a Argentina é um exemplo notável, onde o governo criou um Registro Nacional de Cooperativas e Mutualidades e lançou programas de apoio técnico e financeiro para fortalecer a gestão e a capacidade de inovação dessas organizações.
De forma complementar, o Paraguai seguiu um caminho semelhante ao estabelecer o Instituto Nacional de Cooperativismo (INCOOP), uma entidade governamental dedicada a regulamentar e supervisionar o setor. Esta iniciativa fortaleceu a governança, a transparência e a confiança no modelo, catalisando seu crescimento expressivo – com um aumento de 64% no patrimônio líquido entre 2018 e 2022.
Estes exemplos demonstram que o crescimento do cooperativismo não se dá apenas por seus próprios méritos, mas é amplificado pela capacidade de se integrar a diferentes ambientes e criar um ciclo onde a estruturação fornece a base para que o setor amplie seu impacto socioeconômico e, consequentemente, sua contribuição para a sociedade.
Por João Victor, Redação MundoCoop
