“O futuro é coop”. Esse é o título do livro escrito pela renomada futurista Martha Gabriel. Na obra, a autora aborda aspectos do cooperativismo e evidencia os diferenciais que tornam o modelo de negócio uma alternativa para a construção de uma economia equilibrada e próspera, que preza pela qualidade de vida, equidade, sustentabilidade ambiental e bem-estar coletivo.
Ela destaca que as cooperativas estão na vanguarda de soluções sustentáveis e tecnologicamente avançadas, adaptando-se e prosperando em um ambiente de negócios em constante mudança. Nesse contexto, o cooperativismo se revela resiliente – uma característica essencial para negócios perenes e com visão de futuro.
Mas como garantir que essa resiliência se mantenha ao longo do tempo? Um dos caminhos mais promissores é incluir os jovens no universo cooperativista, incentivando a participação e o envolvimento deles no modelo de negócio. Um movimento em direção a esse cenário não é arbitrário. Pelo contrário: é imprescindível para garantir a longevidade do coop.
Investir no protagonismo jovem significa abrir portas, criar oportunidades e promover a sucessão de forma planejada. Não se trata apenas de formar líderes, mas de cultivar uma cultura que valoriza a participação ativa de cada nova geração, conectando experiência e inovação para fortalecer o movimento cooperativista.
No Espírito Santo, diversas cooperativas já colocam essa visão em prática. Elas desenvolvem iniciativas que estimulam o protagonismo das novas gerações, promovem capacitações e criam espaços de participação ativa, preparando o caminho para que os jovens assumam papéis estratégicos no futuro do cooperativismo.
Quer saber mais sobre o tema? Separamos cinco cases que mostram como o cooperativismo investe no futuro por meio da juventude! Leia até o final e conheça as iniciativas!
Herdeiros do campo
“Orientar os jovens, passar o bastão da gestão da propriedade e diminuir a evasão na zona rural”. Esse é o objetivo do Programa Herdeiros do Campo, idealizado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e realizado no Espírito Santo pelo Senar/ES, em parceria com a Faes, sindicatos rurais e a Cooperativa dos Agricultores de São Gabriel da Palha, a Cooabriel.

O projeto Herdeiros do Campo busca despertar o interesse de famílias rurais pelo planejamento sucessório em três dimensões: propriedade, família e empresa. Porém, mais do que pensar na gestão da propriedade e na transferência de patrimônio, a metodologia do programa promove a união entre as gerações da família, com orientações que ajudam a manter o equilíbrio e a colaboração nas atividades desenvolvidas.
Além de preparar os jovens para assumir responsabilidades na gestão da propriedade familiar, o programa contribui para a redução da evasão no meio rural, fortalecendo a continuidade das atividades agrícolas e a sustentabilidade das cooperativas. E esse resultado tem chegado a um número cada vez maior. Seis turmas formadas por famílias de cooperados da Cooabriel já concluíram a capacitação do programa.
Cooperativas mirins
Um programa que visa disseminar os princípios e valores cooperativistas no ambiente escolar por meio da constituição de cooperativas mirins. Essa iniciativa é realizada no Espírito Santo desde 2018 pelo Sicoob ES e pelo Instituto Sicoob ES, em parceria com o Sistema OCB/ES.
Atualmente, o programa impacta mais de 450 alunos e envolve 20 educadores. Até o momento, dez escolas contam com uma cooperativa mirim no estado, sendo cinco da rede pública de ensino e cinco de cooperativas educacionais.

A cooperativa mirim é uma associação de alunos que, sob a direção de um professor orientador, unem-se voluntariamente para satisfazer anseios e necessidades comuns, por meio da vivência e prática do cooperativismo.
Em resumo, as crianças simulam uma “cooperativa de adultos” e replicam, na prática, as rotinas de uma cooperativa. Assim como as cooperativas que atuam no mercado, as coops mirins têm estatuto; realizam assembleias gerais; elegem seus representantes; promovem e participam de cursos e capacitações; e ainda se dedicam ao sétimo princípio do cooperativismo por meio de ações sociais voltadas para a comunidade em que estão inseridas.
Sabemos que o cooperativismo é um modelo de negócio, o que implica que as cooperativas de cada ramo atuem com foco em alguma atividade econômica. Por exemplo: as cooperativas de crédito oferecem soluções financeiras, as cooperativas agropecuárias comercializam produtos… E as cooperativas mirins? Ficam de fora disso?
A resposta é não! Os cooperados mirins também se dedicam a uma atividade econômica. A metodologia do programa prevê que cada cooperativa constituída tenha um objeto de aprendizagem. Esse objeto é produzido e comercializado pelos alunos cooperados com o objetivo de arrecadar fundos para manter as atividades da cooperativa mirim.
Programa Futuras Lideranças
Os líderes do amanhã. O programa Futuras Lideranças é uma iniciativa idealizada pela Unidade Nacional do Sistema OCB e que está sendo desenvolvida no Espírito Santo por meio de um projeto-piloto. A ação tem o objetivo de capacitar e desenvolver futuras lideranças, capazes de enfrentar os desafios contemporâneos do coop e assumir cargos de liderança dentro das cooperativas.

Ao todo, 40 alunos (futuros líderes) e 14 lideranças foram selecionados para participar da primeira turma do programa em solo capixaba. Eles representam 23 coops do estado. A aula inaugural do Futuras Lideranças aconteceu em fevereiro deste ano, e os participantes seguem na jornada de aprendizagem até dezembro, estudando temas variados ao longo de cinco módulos.
O programa recém-lançado conta com duas jornadas, uma para os alunos que desejam exercer cargos de liderança e outra, chamada Líderes Inclusivos, que prepara atuais líderes das coops em pautas de inclusão, equidade e diversidade, sucessão e organização do quadro social.
Clube da Bezerra
Uma aposta no futuro da pecuária leiteira! Já pensou como seria se a criançada assumisse o comando do cuidado de bezerras? Pois é isso que dois programas desenvolvidos por cooperativas capixabas propõem.

As crianças que participam do Clube da Bezerra, da Nater Coop, e do Clube de Bezerras, da Selita, têm a oportunidade de acompanhar os primeiros meses de vida uma bezerra recém-nascida e praticar os cuidados essenciais para que o animal cresça de forma saudável.
Mais do que ensinar técnicas, os programas buscam criar vínculos afetivos entre crianças e animais, estimulando o respeito, a responsabilidade e o interesse pela pecuária desde a infância. Eles fortalecem a cultura de sucessão, despertando vocações e preparando a próxima geração para assumir responsabilidades dentro da propriedade da família e da cooperativa.
Apesar de metodologias diferentes, o objetivo dos dois programas é o mesmo. Eles apostam na capacitação e na disseminação de conhecimento para as novas gerações, com encontros de capacitação, aulas de campo e acompanhamento de técnicos das cooperativas, que orientam sobre os cuidados com as bezerras.
Cooperativas escolares
O programa Cooperativas Escolares, desenvolvido pela Fundação Sicredi e desenvolvido em nosso estado pelas singulares do Sicredi, também é um exemplo de iniciativa que leva o cooperativismo para as escolas. Elas promovem a educação cooperativista, unindo estudantes em torno dos princípios e valores do cooperativismo.

Por meio da mediação de um professor orientador, os alunos criam suas próprias cooperativas. O Espírito Santo já possui duas coops escolares, presentes em escolas da rede pública. São elas a Unicoop STC e Vol-Esteze, ambas situadas no município de Aracruz.
Em âmbito nacional, o programa já está presente em mais de 140 municípios brasileiros, gerando resultados significativos na formação cooperativista de crianças e jovens.
E a boa notícia é que a vivência prática do cooperativismo é feita por meio de uma metodologia gamificada. Enquanto participam de uma trilha de aprendizagem, os alunos desenvolvem habilidades, conhecimentos e valores do cooperativismo.
Fonte: Sistema OCB/ES