A cooperativa indiana IFFCO, que reúne milhões de agricultores em seu país de origem, vai liderar a construção da primeira fábrica de nanoinsumos do Brasil. O grupo já escolheu o local para o empreendimento: Campina Grande do Sul (PR), município próximo a Curitiba.
A responsável pela construção será a Nanoventions Brasil, que tem a IFFCO como sócia majoritária e os empresários Fausto Caron e Ritesh Sharma como minoritários. O lançamento da pedra fundamental da planta ocorrerá nesta sexta-feira (21/2), e o investimento no projeto deverá ser de US$ 12 milhões.
A unidade vai replicar o modo de produção de nanofertilizantes da IFFCO na Índia. Em seu país de origem, a cooperativa desenvolveu a tecnologia de encapsular nanopartículas de fertilizantes e já produz e vende nanoDAP e nanoureia, ambos de forma líquida.
As nanopartículas conseguem ter uma interação com a planta maior do que as partículas de fertilizantes convencionais, o que garante mais de 90% de absorção do produto, e têm liberação controlada. Essas características diminuem significativamente o desperdício que existe hoje na aplicação de fertilizantes nas lavouras. Com isso, alguns litros de nanoinsumos são capazes de substituir toneladas de insumos convencionais.
A unidade no Paraná será não só a primeira planta de nanoinsumos no Brasil, mas também a primeira indústria de nanofertilizantes da IFFCO fora da Índia. O investimento vai contar com benefícios do programa Paraná Competitivo, que transfere crédito de ICMS para a compra de ativos e concede parcelamento de imposto.
A Fundação Araucária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Paraná vai financiar testes de aplicação de nanofertilizantes em universidades do Estado, diz Caron. Segundo ele, o fato de o Paraná ser o “berço das cooperativas” agropecuárias do Brasil também foi um elemento que pesou na decisão dos sócios da cooperativa indiana de construir a fábrica em solo paranaense.
A perspectiva, de acordo com os sócios, é começar a produzir já no mês de outubro. A primeira fase da obra será a construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento nanotecnológico. Inicialmente, a linha fabril deverá ter capacidade para produzir até 4,5 milhões de litros de nanoinsumos ao ano. O plano prevê dobrar a planta até 2029, elevando a capacidade para 9 milhões de litros anuais.
O empreendimento vai gerar 150 empregos diretos e 450 indiretos, estimam os empresários, que, no médio prazo, pretendem desenvolver soluções também para o segmento de nutrição animal. Em cinco anos de operação, a joint venture espera alcançar uma receita bruta de R$ 225 milhões.
Caron e Sharma são sócios desde 2023, quando fundaram a Nanofert para distribuir com exclusividade os nanofertilizantes da IFFCO no Brasil, como informou anteriormente o Valor. A Nanofert já tem nove produtos em seu portfólio para o agro brasileiro, incluindo formulações de nutrição de plantas, fertilizante solúvel premium e um nanoadjuvante.
A empresa já tem feito testes com os nanofertilizantes da IFFCO em lavouras brasileiras, em trabalho com apoio de institutos de
pesquisa locais, como a Fundação MT. Na safra 2023/24, por exemplo, a produtividade da soja em áreas que receberam nanoDAP em complemento ao MAP (sem redução de aplicação) foi cinco sacas por hectare superior à média.
Na Índia, a IFFCO Nanoventions, braço de tecnologia da IFFCO, já investiu US$ 200 milhões no desenvolvimento de nanoinsumos. Esses produtos tornaram a IFFCO a primeira organização a produzir nanofertilizantes em escala comercial e a oitava maior empresa de fertilizantes do mundo.
Fonte: Globo Rural