Cooperativas são despertadores da consciência coletiva.
Com esta afirmação segue meu convite para sua leitura e reflexão.
Já sabemos, por meio dos cientistas, pesquisadores, estudiosos e historiadores, que a humanidade conseguiu evoluir no decorrer dos seus milênios de existência, em razão de ter aprendido a conviver e atuar em grupo.
Por vezes, nossos desafios modernos de consumo demasiado e a imersão exagerada em redes sociais, parecem querer nos manter presos dentro de nossas próprias cápsulas de viagem.
A impressão é que tudo que ultrapassa o limite do nosso CPF ou das nossas casas, não é muito da nossa conta. O problema, é dos outros. Ou seja, ‘eles que resolvam’, ‘nós estamos certos, eles estão errados’, ‘nós aqui, eles lá’.
Essa visão de nós x eles, pode ser equivocada. Na essência, mesmo considerando toda a riqueza das nossas diferenças, ao fim de todo o tipo de reflexão, restará apenas o nós. Nós seres humanos e ponto final!
Contudo, apesar de essencial e racional, estamos muitas vezes despercebidos dessa ideia de agir coletivamente. Essa omissão pode nos custar caro!
Afinal, quando uma sociedade expulsa de seu horizonte sua capacidade de agir coletivamente e de forma recíproca, ela se mostra incapaz de projetar um futuro sustentável. E quando uma sociedade perde a capacidade de imaginar um futuro melhor, entra numa crise mortal porque perde a esperança. E o que seria da vida sem esperança?
Certamente a necessidade e a oportunidade são vetores de mudança de atitude. Nesta seara, a consciência coletiva, permeia esses vetores, compartilhando, dentro do grupo, um conjunto de sentimentos e valores comuns.
Quando a cooperativa evidencia a sua atuação e compromisso com a prosperidade local, fomentando junto ao seu quadro social e comunidade os conceitos de economia solidária, de consumo consciente, de dignidade social, de inclusão, de formação, da centralidade de decisões baseadas nas pessoas e não no capital, a cooperativa se torna uma espécie de despertador da consciência coletiva. Descortinando percepções, antes ocultas em nosso olhar e pensamento.
Assim como, quando ela promove o processo participativo e o exercício da propriedade democrática, tudo isso, vai estabelecendo esteios de sustentação para a formação de conhecimento, habilidades e atitudes do grupo que resultam em sentimentos e valores comuns, concebendo a devida consciência coletiva.
Levando o indivíduo a ter plena ciência de que ele é indissociável do ‘nós’ e, portanto, ele pondera acerca de cada uma de suas escolhas, que estão baseadas na projeção de impacto, que ele acredita que cada decisão dele terá, sobre ele e o meio em que vive.
Com base na consciência coletiva, um indivíduo dificilmente se permitiria ser cliente de qualquer empresa, mesmo se esta fosse a maior do país, da América ou do planeta, se esta, não tivesse um genuíno compromisso com o desenvolvimento e a prosperidade de sua comunidade.
Nesta linha de raciocínio, estas empresas não teriam qualquer penetração ou capacidade de competição, sequer seriam mencionadas, pois estariam obsoletas diante da leitura clara dos indivíduos acerca do que faz e do que não faz sentido, enquanto comunidade.
Claro que vivemos em um mundo globalizado. Provavelmente, mesmo com a devida consciência precisaremos consumir algo que não tenha o compromisso local desejado, mas não faz sentido algum, tornar, neste caso, a exceção em regra.
Quero acreditar, que assim como há 50 anos, iniciamos lentamente a percepção da necessidade de preservarmos o planeta e hoje temos um olhar mais apurado sobre sustentabilidade, no futuro, em algum momento não muito distante, teremos uma percepção de valor exponencial sobre as organizações coletivas.
Como é o caso do valor extraordinário das cooperativas, que possuem a capacidade de mobilizar e conectar pessoas, amparando seus anseios e perseguindo suas expectativas, despertando o senso e a consciência coletiva.
Cooperativas que se convertem em instrumentos do protagonismo coletivo organizado, em nome de seus cooperados, em favor de uma vida mais próspera e digna, tendo no seu aspecto relacional, uma fortaleza indiscutível e que será cada vez mais reconhecida por todos, quiçá como um patrimônio para a humanidade.
Mas tudo fica em ‘xeque’, se na cooperativa não houver a devida eficiência operacional para alcançar o seu almejado propósito.
Pois engajamento sem resultado, se torna fracasso. Resultado sem engajamento, se torna armadilha e, em ambas, a crença no cooperativismo fica fraturada.
É necessário a devida conjugação de identidade, pertencimento, resultados operacionais e materialização do propósito (desenvolvimento sustentável e prosperidade local).
Diante disso, a consciência coletiva se revela uma valiosa fortaleza que pode dinamizar ainda mais o cooperativismo e seu enorme potencial.
E na sua cooperativa, o despertador está funcionando?
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