O agronegócio passa por transformações constantes e a busca por inovações é fundamental para manter a vantagem competitiva. Por isso, conhecer as tendências para o Agro de 2024 não é apenas um diferencial, mas sim uma necessidade.
Em 2023, o mercado apresentou um avanço e um cenário mais positivo em relação ao ano anterior, quando houve uma retração.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, a participação do setor no PIB caiu de 26,6% em 2021 para 24,8% em 2022. Para 2023, a expectativa é um PIB de até R$2,63 trilhões.
Para manter o cenário promissor de crescimento em 2024, o monitoramento das tendências é indispensável.
As tendências e inovações para o Agro em 2024
Após um 2022 retraído e um início de retomada em 2023, as tendências para 2024 envolvem a busca por práticas mais sustentáveis, o uso de soluções digitais e um incentivo a políticas de negociação.
De acordo com o relatório do Cepea, o ramo agrícola apresentou uma das quedas mais significativas em 2022, com 6,39%. Em um setor de mudanças, as inovações constantes ajudam a melhorar cada vez mais esses índices.
Para Fabrício Orrigo, diretor de produtos Agro da TOTVS, o setor navega por um cenário dinâmico e impulsionado pela tecnologia. “A convergência dessas tendências cria oportunidades significativas para a inovação, promovendo um setor agrícola mais eficiente, transparente e alinhado com as expectativas da sociedade e do mercado global”, argumenta.
Para 2024, 5 pontos devem se destacar para o mercado, e devem trazer grandes impactos e oportunidades para as cooperativas:
1 – Inteligência Artificial e Dados
A Inteligência Artificial (IA) chegou como uma força transformadora no agronegócio e segue como destaque entre as tendências Agro em 2024.
Para Fabrício Orrigo, os resultados podem contribuir para a tomada de decisões em diferentes etapas do processo de plantio, de previsões climáticas até análise de dados de mercado.
“Com a ajuda de imagens e informações fornecidas, a IA auxilia na identificação de pragas, diagnóstico de doenças e sugestão de medidas de controle fitossanitário”, explica Orrigo.
“A inteligência artificial pode apoiar ainda o gerenciamento de recursos com base no histórico das atividades e parâmetros de consumo, oferecendo insights de melhor aproveitamento dos insumos”, completa.
Na Coocafé, referência nas matas de Minas Gerais e montanhas do Espírito Santo, o cooperativismo, o agronegócio e a tecnologia andam lado a lado. Desde 2020, a Coocafé investe no monitoramento de segurança de dados. De acordo com Maycon Palmeiras, gerente de TI da cooperativa, uma empresa que investe em cibersegurança ganha credibilidade no mercado.
A cooperativa agrícola que atua no Espírito Santo e em Minas Gerais, está investindo em novas parcerias para fortalecer o negócio de quase 11 mil cooperados entre cafeicultores e pecuaristas. Com mais de 500 colaboradores, a cooperativa passou a investir em cibersegurança, data center e conectividade junto à uma empresa da região.
2 – Bioenergia de etanol de milho
A busca por fontes de energias mais sustentáveis é outra tendência no agronegócio, o que coloca a bionergia de etanol de milho em foco, uma opção para diversificar os recursos e investir em um futuro mais verde.
Orrigo destaca o surgimento de novas usinas produtoras de etanol de milho em 2023, já criadas com o objetivo de aproveitar a demanda do próximo ano.
“Para atendê-las, há sistemas que fazem o acompanhamento, controle e gestão de todo o ciclo de produção, do plantio à colheita, da logística ao processo industrial do milho e da cana-de-açúcar. A geração de bioenergia conta com um processo muito técnico e rigoroso, portanto o monitoramento eficiente é essencial”, explica.
No fim do ano passado, os cooperados da Coamo aprovaram um aporte de R$ 1,6 bilhão na implantação de uma usina de etanol de milho em Campo Mourão, no centro-oeste do Paraná, com capacidade de produzir 250 milhões de litros de combustível por ano. A planta deve começar a operar entre o fim de 2025 e o início de 2026. Para levantar a estrutura, que exige bastante capital, a Coamo deve misturar recursos próprios e linhas de financiamento bancário. Com um faturamento de R$ 30,3 bilhões em 2023 e 31,6 mil cooperados, a Coamo quer gerar mais valor agregado em um de seus principais produtos, entrando em um mercado que tem crescido com força nos últimos anos.
Na safra 2023/2024, a Conab estima que o grão deve atingir a marca de 6,05 bilhões de litros, um avanço de 36,3% em relação à safra anterior. Os dados finais devem ser divulgados em abril. Para efeito de comparação, há pouco mais de cinco anos, na safra 2018/2019, o volume era de 791,4 milhões de litros. A maioria da produção nacional ainda está concentrada na região Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso, onde a produção de etanol de milho começou, há pouco mais de uma década.
3 – Comercialização de Commodities
O cenário de comercialização de commodities agrícolas também é impactado pela digitalização do mercado, uma das principais tendências Agro em 2024.
Plataformas online, soluções de automatização de cálculos de precificação e tecnologias blockchain têm simplificado as transações.
“Por ter uma negociação diária e extremamente dinâmica, com alguns fatores de risco e influência, é preciso que as empresas agrícolas tenham ferramentas de comercialização e precificação aderentes a essa realidade”, reforça Orrigo.
Para as cooperativas, o mercado de commodities tem se mostrado uma grande janela de oportunidades. Com produtos que se destacam por sua qualidade e valor agregado, cooperativas da agricultura familiar se destacam por sua qualidade e história. Em recente rodada de negócios promovida pela Apex Brasil, a expectativa é de que as cooperativas irão gerar mais de R$ 10 milhões em negócios para os próximos 12 meses, como resultado de um conjunto de esforços do setor.
As cooperativas brasileiras são sinônimo de qualidade em produção e exportação, mas há grandes oportunidades à mesa. Em recente episódio do Papo Coop, o bate papo com Pedro Neto, Analista da Gerência de Agronegócio da ApexBrasil e Gestor do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) da Agência com a OCB; Giorgia Mezacasa Forest – Supervisora de Exportação da Aurora e Susana Vieira, Responsável Técnica da Cooperativa COOPERAR, mostrou a atual agenda das cooperativas brasileiras no mercado mundial, com insights que mostram como o cooperativismo brasileiro está preparado para o mercado internacional.
4 – Crédito Rural
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, entre julho e outubro de 2023, as concessões do Plano Safra chegaram a R$196.688 milhões, um crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“O crédito rural é parte importante para a modernização da agricultura nacional, já que grande parte dos produtores utilizam os recursos para investir em equipamentos e tecnologias que incrementam sua atuação”, diz Orrigo.
No Brasil, o Plano Safra, programa desenvolvido pelo Governo com o objetivo de apoiar a produção agropecuária no país, é um dos principais caminhos utilizados pelos produtores. Além de auxiliar na modernização, o programa incentiva o fortalecimento de sistemas mais sustentáveis no setor.
Nos últimos anos, as cooperativas se tornaram um polo de democratização do crédito rural. Com linhas especiais e condições criadas para favorecer o produtor, as cooperativas de crédito atuam de forma contínua, para imulpulsionar o agro brasileiro.
Em intensa preparação para o novo ciclo agrícola, que se inicia em julho, a Cresol oferece aos associados a antecipação do crédito rural do Plano Safra 24/25, em uma modalidade onde apoia o desenvolvimento dos cooperados e fortalece o setor agropecuário, oferecendo recursos para custeio e investimentos. No ciclo 23/24, a instituição financeira cooperativa repassou mais de R$ 11 bilhões. Para a próxima safra, a expectativa é chegar aos R$ 15 bilhões, projetando o maior Plano Safra da história.
Segunda maior instituição de financiamento para o agro, o Sicredi prevê liberar R$ 4 bilhões em crédito rural para agricultores até o fim da safra 2023/2024, em junho. Para este ano, a cooperativa deve focar em consórcios, para facilitar os investimentos dos agricultores a longo prazo. Segundo o diretor-executivo de Negócios e Crédito do Sicredi, Gustavo Freitas, a proposta dará mais flexibilidade e previsibilidade ao agricultor para obter maiores resultados durante a safra.“Estamos disponibilizando aqui algo diferente do crédito, que é o consórcio de máquinas, equipamentos e todos os implementos de que o produtor precisar”, afirmou.
O Sicoob também mantém um plano otimista para os próximos anos. Em 2024, a instituição projeta aumentar a oferta de crédito em 33% para R$ 52 bilhões neste ciclo. Para a Agrishow, o objetivo é superar os R$ 2 bilhões de crédito oferecidos no ano passado, segundo a instituição.
5 – Sustentabilidade
Outro fator que segue em destaque entre as tendências agro em 2024 é a sustentabilidade, especialmente com o fortalecimento da agenda ESG no contexto do agronegócio. Isso impulsiona o foco em pautas como práticas de cultivo sustentáveis, uso consciente de recursos naturais e agricultura de precisão, que trazem transformações importantes para o setor. Hoje, é possível usar ferramentas que calculam o impacto da geração de carbono ou trazem dados relevantes para tornar a gestão de insumos agrícolas mais eficiente, por exemplo.
Fabrício Orrigo também elenca outro motivador para essas mudanças: o consumidor. “Vemos uma crescente ênfase na procura por alimentos orgânicos e de procedência confiável, de plantações que contem com práticas sustentáveis”, afirma. “Nesse sentido, os produtos rurais podem se destacar a partir da implementação do blockchain, ferramenta que mapeia e garante todo o “deslocamento” do material em todas as suas fases, podendo ser lido através de uma etiqueta com QR Code”, sugere Orrigo.
Nas cooperativas, a sustentabilidade está em pauta desde a criação do movimento, e as iniciativas seguem se desenvolvendo ao longo dos anos; sendo pioneiras em diversos campos. Recentemente, em um marco inédito da cafeicultura brasileira e mundial, vinte fazendas associadas da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer) receberam o selo Carbon on Track, do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), de produção de baixo carbono. “Isto comprova o trabalho sustentável que nossos cooperados têm feito há mais de 10 anos. Nossa intenção é promover, fomentar e nutrir uma cafeicultura de vanguarda atrelada ao impacto. Ficamos muito felizes em poder acompanhar o movimento em prol de um meio ambiente mais saudável”, diz Farlla Gomes, Gerente Técnica em Sustentabilidade da Expocacer.
Somado a isso, cooperativas extrativistas em todo o norte do país, mostram que é possível produzir e preservar a natureza, simultaneamente. Na região da Amazônia Legal, 65 culturas são produzidas; em mais de 20 mil estabelecimentos agropecuários, cooperativos ou não. Neste contexto, as cooperativas se consolidaram no território da Amazônia Legal, sendo atores importantes da agenda sustentável mundial.
Perspectivas
Com 2024 cada vez mais próximo e um mercado de transformações rápidas, as tendências prometem transformar o cultivo, a produção e a gestão do setor agrícola.
A tecnologia surge como força propulsora por trás dessas mudanças, com o objetivo de capacitar o setor para enfrentar desafios e aprimorar a operação.
Na prática, estar atento às tendências Agro em 2024 e explorar novas oportunidades é um passo fundamental para qualquer produtor que deseja acompanhar o mercado.
Fonte: TOTVS, com adaptação da Redação MundoCoop
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