O mercado de leite de cabra e seus derivados vem crescendo no Brasil. Este aumento está associado ao consumo de pessoas alérgicas ao leite de vaca e que têm recomendações médicas para consumo do produto. Em números, é possível afirmar que o nordeste brasileiro tem a maior capacidade de produção e rentabilidade da caprinocultura, já que concentra 11 dos 14 milhões de caprinos existentes no país, segundo a última pesquisa do IBGE. E o queijo é um dos mais saborosos e rentáveis derivados do leite de cabra.
No município de Uauá, sertão da Bahia, a produção do leite de cabra é totalmente proveniente da agricultura familiar. Os caprinocultores se uniram em cooperativa para melhorar as vendas da produção de seu principal item: o queijo de cabra.
E para dar tração a esse processo, o Polvo Lab, startup de economia criativa de impacto criada pelas empresárias Ana Maria Diniz e Gabi Marques, tem dado todo o suporte para agregar valor ao produto, melhorar o marketing e a logística com o objetivo de incrementar a renda das cerca de 40 famílias da Coopercuc (Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá).
A capacidade produtiva dos cooperados é de 35 toneladas de queijo por ano, com potencial de obter incremento na renda direta para as famílias em até 14% após a maturação do processo de produção, segundo o cientista social e responsável pela área de impacto socioambiental dos projetos do Polvo Lab, Saulo Augusto.
“Nosso objetivo é promover impacto positivo na rentabilidade desses produtores, valorizando suas cabras que são uma poderosa fonte de renda e transformação. Além de levar capacitação, padronização da produção, melhoria genética e conectar a cooperativa aos principais varejistas”, esclarece Saulo.
As oportunidades de negócio atualmente estão concentradas principalmente no estado da Bahia. “Tornar o queijo de cabra conhecido e valorizado pelos baianos e nordestinos é nosso ponto de partida, para então levar o produto para varejistas de todo o país, sempre gerando valor e renda para os produtores de Uauá e região”, explica o cientista.
Além do leite e do queijo, é possível extrair também a manteiga, o iogurte, o sorvete, além de produtos de beleza, mas o Brasil ainda explora pouco o leite de cabra. Para otimizar essa cadeia produtiva, o Polvo Lab quer estimular a criação de cabras e produção desse leite entre os pequenos produtores do nordeste e levar capacitação e geração de renda para centenas de famílias.
Propriedades nutricionais
O leite de cabra é rico em cálcio e proteínas, sendo um grande aliado na nutrição de crianças, adolescentes e idosos, segundo a nutricionista do Polvo, Valéria Paschoal. “São alimentos recomendados para consumo no dia a dia, pelo alto valor nutricional e ser de fácil digestão, devido ao reduzido tamanho dos glóbulos de gordura. Também ajuda a prevenir doenças ósseas, rico em vitamina A, excelente para o funcionamento do coração, além de combater anemia, infecções e doenças porque tem mais selênio, ótimo componente para fortalecimento do nosso sistema imunológico”, destaca.
Valéria ainda cita estudos com queijo de cabra que detectaram 16 tipos de aminoácidos em cada queijo, incluindo oito EAAs: leucina, lisina, fenilalanina, valina, treonina, isoleucina, metionina e tirosina (condicional EAA).
“Além disso, encontram-se compostos bioativos luteína, terpenóides, dos minerais encontram-se magnésio, sódio, fósforo, potássio, cálcio. Das vitaminas podemos citar a Vitamina B12 e Vitamina B2”, salienta.
O queijo de cabra também é um excelente alimento fonte de proteínas. A composição nutricional pode variar um pouco dependendo do tipo específico de queijo e do método de produção, mas estudos mostram que em média uma porção de 100 gramas, 21 são proteínas.
“É uma opção de alimento que gera menos respostas alergênicas em comparação com queijos feitos a partir de leite de vaca. O que explica é que o mecanismo do leite de cabra contém diferentes proteínas do leite em comparação com o de vaca. Na comparação, o leite de cabra contém menos caseínas, mais proteínas séricas e nitrogênio não-protéico ”, detalha Valéria Paschoal.
Fonte: B News
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