Os resultados da pesquisa global “Nós, Mulheres”, realizada em 185 países, mostram que 86% das respondentes citam a mudança climática e mais de 50% identificam os conflitos como as principais preocupações para a próxima década. A saúde mental e as responsabilidades familiares são vistas como barreiras para atingir o potencial máximo.
A grande maioria das mulheres entrevistadas em todo o mundo afirma estar decidida a contribuir com os esforços para promover os direitos e a participação das mulheres no governo, de acordo com uma nova pesquisa das Nações Unidas divulgada no dia 30 de maio, em Nova Iorque.
A pesquisa “Nós, Mulheres” revela que, apesar de enfrentar uma reação global contra os direitos das mulheres, 85% das mais de 25.000 mulheres pesquisadas em 185 países expressam sua disposição de contribuir para o avanço de seus direitos.
Sessenta por cento acreditam que a representação das mulheres em cargos de liderança em seus respectivos países melhorará na próxima década. Além disso, mais de dois terços das mulheres em todo o mundo afirmam a necessidade de maior representação em cargos de liderança, tanto em nível nacional quanto global, para influenciar o futuro. A esmagadora maioria das mulheres, 85%, se identifica como defensora dos direitos das mulheres.
A nova pesquisa, conduzida pelo Escritório de Parcerias das Nações Unidas (UN Partnerships) e pela empresa de pesquisas John Zogby Strategies, revela um otimismo generalizado entre as mulheres em relação a uma série de questões, mesmo em meio aos desafios, conflitos e crises urgentes do mundo.
“Essa pesquisa mostra que, mesmo diante da persistente resistência ao avanço dos direitos e da representação das mulheres, as mulheres de todos os lugares estão demonstrando determinação e compromisso com a mudança e com o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, disse a vice-secretária-geral das Nações Unidas, Amina J. Mohammed.
“As mulheres sabem que é imperativo ter um assento à mesa e ter poder de decisão para fazer as coisas acontecerem.”
Iniciamos a campanha “Nós, Mulheres” para incentivar mulheres e meninas do mundo todo a servirem como modelos e líderes”, disse a Ministra da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, Svenja Schulze.
“Para iluminar as histórias das mulheres e como elas romperam os tetos de vidro. Para liberar o potencial de cada menina para melhorar sua própria vida e sua comunidade. Estou profundamente impressionada com o incrível número de mulheres de todo o mundo que participaram da pesquisa. Os resultados mostram que as mulheres de todo o mundo estão cobrando mudanças e estão dispostas a agir. Esse é um chamado à ação inspirador para todos nós. Continuarei trabalhando arduamente com minhas colegas para atender a esse chamado e melhorar os direitos das mulheres e a igualdade de gênero.”
A pesquisa é a pedra angular da Campanha “Nós, Mulheres”, lançada pela vice-secretária-geral Amina Mohammed e pela Ministra Schulze em setembro de 2023, às margens da Cúpula dos ODS. Espera-se que as percepções obtidas com a pesquisa informem os esforços da comunidade internacional para tratar de questões globais nos próximos anos, inclusive na Cúpula do Futuro, programada para setembro de 2024.
A maioria das mulheres vê melhorias na qualidade de vida
A maioria das mulheres relata ter experimentado algum nível de progresso em suas vidas nos últimos cinco anos e prevê melhorias adicionais nos próximos cinco anos – uma sólida maioria (57%) espera uma melhor qualidade de vida, e apenas 9% esperam que ela piore. As mulheres mais jovens apresentam uma diferença de 20 pontos percentuais em relação às mulheres mais velhas com relação ao seu futuro. Esse otimismo predominante permeia todas as regiões, com os níveis mais altos na África (67% a 8%), seguido pela América Latina (60% a 10%), Europa Ocidental e América do Norte (53% a 12%) e Europa Oriental (46% a 10%).
Clima e conflito são as principais preocupações
Apesar do otimismo, há desafios significativos pela frente. Aproximadamente metade das mulheres pesquisadas cita as mudanças climáticas, a insegurança econômica e a desigualdade de gênero como as principais preocupações.
Um número impressionante de 86% das mulheres em todo o mundo prevê ser afetada pela mudança climática ou prevê seu impacto em sua saúde devido à deterioração da qualidade do ar e da água e ao aumento da ocorrência de desastres naturais.
Mais da metade das mulheres entrevistadas – e 70% das mulheres do Leste Europeu – expressam preocupação com a possibilidade de serem afetadas por conflitos armados ou guerras na próxima década.
As mulheres identificaram várias barreiras para que alcancem seu potencial, sendo a saúde mental a principal preocupação citada por 46%, seguida de perto pelas responsabilidades familiares e de cuidado com os filhos (42%), desigualdade de gênero nas tarefas domésticas (41%), acesso inadequado à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos (29%) e violência doméstica (27%).
Quando se trata dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as mulheres priorizaram o ODS 3 sobre Saúde e Bem-Estar como o mais importante para elas (40%), seguido de perto pelo ODS 4 sobre Educação de Qualidade (38%) e pelo ODS 16 sobre Paz, Justiça e Instituições Fortes (38%).
Quanto à questão da tecnologia e da inteligência artificial, mais mulheres (45%) enxergam como uma oportunidade e não como uma ameaça, mas as mulheres esperam efeitos negativos em determinadas áreas da vida. Dois terços das mulheres acham que a IA é positiva para sua educação, enquanto menos de um terço acredita que ela pode ter um efeito positivo em sua segurança e liberdades civis.
Necessidade urgente de mais cooperação internacional
A pesquisa revela uma insatisfação generalizada com a falta de colaboração internacional para enfrentar os desafios globais. Apenas 19% acreditam que os países estão cooperando adequadamente para solucionar conflitos, 21% para lidar com a insegurança econômica e 30% para lidar com a desigualdade de gênero, destacando a percepção da falta de ações multilaterais eficazes.
Mais de dois terços das participantes da pesquisa disseram que as mulheres deveriam ocupar mais cargos de liderança em organizações internacionais e governos nacionais e locais (69%) e que são necessários maiores esforços para coletar as vozes e aspirações das mulheres regularmente (48%) e realizar mais consultas com redes de mulheres sobre questões globais (41%).
O relatório da pesquisa global Nós, Mulheres, em inglês, pode ser encontrado aqui.
Metodologia da pesquisa global
A empresa de pesquisas, Zogby Strategies, não empregou um método de amostragem probabilística aleatória. As redes das Nações Unidas e dos parceiros, bem como voluntários on-line, foram usados para disseminar a pesquisa. A pesquisa foi oferecida nos seis idiomas oficiais das Nações Unidas (árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol), além do português.
Fonte: Nações Unidas/Brasil
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