Os desafios climáticos e de mercado tem feito de 2024 um ano difícil para a produção agropecuária. Visando reduzir o endividamento dos produtores e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade e girar os estoques de maquinários e tecnologias agrícolas, a 29ª edição da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), tem apresentado para o setor diversas linhas públicas e privadas, inclusive oferecidas pelas próprias fabricantes.
Os alvos de destaque nesta edição têm sido os produtores de agricultura familiar, mulheres do agro e empresas agrícolas que sofreram perdas na safra 2023/2024 por conta do clima e da desvalorização internacional de alguns grãos como a soja. Confira abaixo algumas das opções da feira em crédito agro.
Dinheiro para elas
A influencer Roberta Guimarães Batistela, 36 anos, produtora citrus e pecuária, foi uma das que aproveitaram o momento para planejar sua expansão. “A linha de crédito para as mulheres está em um excelente momento. Nós, agricultoras, precisamos, é um apoio para todos nós”, destacou.
Batistela visitou o estande do Sicredi para conhecer os benefícios da cooperativa para a carteira feminina e tem estudado investir em um novo trator.”Estou aqui analisando todas as possibilidades e, conforme for, no próximo mês, já vejo para comprar”, disse a produtora.
Dos mais de 700 mil associados agro do Sicredi, 95% são pequenos e médios produtores rurais. A cooperativa também reforça que a carteira de crédito para a agricultura feminina tem registrado um crescimento significativo e, em 2023, elas receberam R$ 22,9 milhões, uma alta de 27% em comparação ao ano anterior.
“Participar da Agrishow é uma oportunidade única para manter a proximidade com o agronegócio e apresentar soluções para os produtores, como consórcios, seguros, linhas de crédito, entre outras. Na feira, temos a oportunidade de ouvir as demandas do setor e oferecer alternativas conforme as necessidades de cada um”, ressaltou o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Central Sicredi PR/SP/RJ, Gilson Farias.
Já a Galapagos Capital também aproveitou o espaço da feira para debater e atrair as agricultoras e pecuaristas brasileiras, que são 20% das propriedades rurais do país, para o mercado de capitais. Para o sócio e gestor da financeira, Marco Bologna, há muito espaço para ser explorado na gestão dessas propriedades com o mercado de capitais, uma vez que o agronegócio brasileiro “ainda depende muito das cooperativas de crédito”, que lidam com o curto prazo da Safra em um momento específico da produção.
“Ao entrar no mercado de capitais, a gente olha para o crédito a longo prazo, para projetos mais longos. Isso envolve, inclusive, uma governança diferente dentro da propriedade rural e demonstra maior profissionalização por parte da empresa”, diz Bologna.
Efeitos climáticos
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta edição da Agrishow uma nova linha de crédito destinada ao setor agropecuário, a CPR BNDES. O recurso opera com Cédulas de Produto Rural Financeira (CPR-F) ou Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), lastreados em direitos creditórios do agronegócio.
A expectativa é de que esse recurso, mas flexível em destinação, chegue a liberar R$ 10 bilhões em 2024 para compra de equipamento e atualizações, mas também para capital de giro e recuperação financeira de produtores.
Segundo Alexandre Abreu, diretor financeiro e de crédito digital para MPMEs do BNDES, a nova linha atende a necessidade de recursos para micro, pequenos e médios produtores rurais e suas cooperativas. A ideia é manter a expansão agrícola no país e reduzir impactos climáticos, como secas e alagamentos, enfrentados nos últimos anos em todo o país.
O modelo também permite que as próprias fabricantes, como é o caso da Casale, ofereçam financiamentos com condições especiais aos clientes por meio de parceria no programa Mais Alimento, com foco na agricultura familiar, do governo federal.
Por conta das dificuldades do setor, o governo do Estado de São Paulo também anunciou linhas de crédito na Agrishow e deve disponibilizar R$ 1,4 bilhão para o agronegócio em 2024. Serão R$ 300 milhões para o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), outros R$ 100 milhões para seguro rural e R$ 500 milhões via Desenvolve SP para o Fundo de Investimento do Agronegócio (Fiagro).
Linhas privadas e cooperadas
O Banco XCMG, da fabricante XCMG, trouxe para Agrishow taxas de juros mensais a partir de 0,00% a.m. para equipamentos elétricos e de mineração, e 0,79% a.m. para equipamentos da linha amarela, entre outras opções exclusivas. As ofertas estão condicionadas à entrada de 20% e um prazo de financiamento de 12 meses.
Já o banco Santander, têm ofertado consórcios com 20% de desconto na taxa de administração, além de isenção da comissão (taxa flat 0%), trabalhando tanto as Cédulas de Produto Rural (CPRs) quanto investimentos mais tradicionais, como o Multiagro.
A CPR é a solução indicada pelo banco “para produtores rurais, cooperativas e agroindústrias que precisam antecipar recursos para aplicar na sua atividade de acordo com a entrega da produção rural ou estocada”. O Multiagro, por sua vez, carro-chefe de investimentos da empresa, “é direcionado ao produtor (pessoa física ou jurídica) que quer fazer investimentos e modernizar sua produção com equipamentos nacionais e importados.”
Para financiamento de energia solar e outros projetos sustentáveis, o Multiagro tem flexíveis, com IOF de 0,38%, ou pode-se optar pela linha de financiamento Energia+, com parcelamento de até 96 meses e até 120 dias de carência para pagamento da primeira parcela. “O cenário de safra e da economia nos direciona a apostar em financiamentos mais longos e com taxas pós-fixadas para dar mais folego e segurança aos clientes. Tivemos um pouco de turbulência no setor neste início de ano com queda de produtividade e preço, por isso trouxemos para a maior feira agro do país as melhores soluções para apoiar o produtor em todas as frentes”, aponta Carlos Aguiar, Diretor de Agronegócios do Santander.
A Sicoob Credicitrus também anunciou ofertas especiais que serão mantidas até 28 de junho, com verbas para aquisição de insumos dentro do convênio de intercooperação com a Coopercitrus; custeio agrícola/pecuário e consórcio para máquinas, veículos e energia fotovoltaica.
Fonte: Economia UOL
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