Reza a lenda de que os japoneses fazem parte dos povos mais longevos do mundo. Não à toa, o Japão faz parte das Zonas Azuis. De acordo com um relatório recém-divulgado, uma a cada três japoneses já ultrapassou os 60 anos. Além disso, 10% já da população já chegou aos oitenta. Mas o que dizem as descobertas sobre a longevidade?
O estudo é um marco inédito. Mas ele reforça algo que não é novidade: o aumento acelerado da expectativa de vida global. Cenário que também ocorre no Brasil.
A ciência explica que envelhecer é algo que acontece naturalmente. Assim como uma máquina que se desgasta com o uso, nosso corpo também sofre desgaste ao longo do tempo. Em resumo, o envelhecimento ocorre devido aos danos que vão se acumulando nas células, resultando na perda de habilidades e em uma maior propensão a doenças.
De acordo com o biólogo João Pedro Magalhães, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, “o grande desafio é aprender como redesenhar a biologia humana, reprogramando células para trabalhar a favor da saúde, o que começa a acontecer”.
As descobertas sobre a longevidade, por outro lado, mostram que o envelhecimento atual está conectado a um elevado bem-estar. Diversos estudos mostram que a prática de hábitos saudáveis são essenciais para o culto de uma vida longa e sadia.
Existe um acordo geral de que 20% da nossa expectativa de vida é determinada pela genética. Os outros 80% dependem do ambiente em que vivemos e das escolhas que fazemos diariamente. O pesquisador Dan Buettner, dos Estados Unidos, decidiu explorar quais são essas escolhas que influenciam uma vida longa. Para isso, ele foi a lugares no mundo com a maior concentração de pessoas que vivem até os cem anos.
Assim nascem as pesquisas sobre as Zonas Azuis.
Descobertas sobre a longevidade nas Zonas Azuis
Após duas décadas explorando o dia a dia desses lugares, com extenso estudos de campo, o pesquisador acredita ter encontrado o segredo da longevidade. Seu estudo deu origem a sete livros e à série da Netflix, Os Segredos das Zonas Azuis. Em entrevista à VEJA, ele conta que “o percurso para uma existência longa e saudável não é de curta distância, mas uma maratona embalada por práticas saudáveis adotadas desde os 40, 50 anos”.
Pelos lugares em que Buettner passou, as pessoas longevas possuíam sólidas conexões sociais. Em Okinawa, por exemplo, ele conheceu os os moais, grupos de amigos que firmam laços eternos. Além disso, entre as descobertas sobre a longevidade, a ideia de propósito também é um fator que leva as pessoas a viverem mais.
O constante movimento, seja caminhando, seja cultivando a terra ou se envolvendo em trabalhos manuais, também é um elemento comum entre os mais longevos. A alimentação também não fica fora do cálculo para vidas mais longas.
Nas Zonas Azuis, mais de 60% da comida vem de fontes vegetais, como feijão, soja e lentilha. Os centenários não seguem uma dieta específica, mas têm o hábito saudável de parar de comer quando estão satisfeitos, evitando excessos após as refeições. Segundo Eric Ureña Sala, do Instituto de Envelhecimento Saudável da University College London, “em geral, as pessoas comem mais do que precisam, o que sabidamente acelera o envelhecimento”.
Estudos e suas descobertas sobre a longevidade
Neurocientistas da Universidade de Madri estão tentando desvendar o mistério da longevidade. Para isso, estão estudando mais de 1.000 homens e mulheres que passaram dos 80 anos, mantendo uma idade biológica equivalente a pessoas de 50 anos. Publicada no respeitado Lancet Healthy Longevity, a pesquisa destaca que essas pessoas têm mais massa cinzenta em áreas-chave do cérebro.
Os pesquisadores confirmam a influência genética, mas afirmam que as experiências de vida também desempenham um papel crucial no desenvolvimento das mentes envelhecidas Ao examinar a rotina desse grupo, foi observado que eles cultivam amizades duradouras, nunca param de aprender, praticam atividade física desde cedo e desfrutam de um sono saudável.
As evidências mostram que o ambiente e as escolhas diárias são preciosas para potencializar uma vida longa. Buettner enfatiza que “a forma como as cidades se organizam ajuda as pessoas a viver bem por mais tempo”.
Singapura, por exemplo, se destaca como um local projetado para promover o bem-estar dos idosos. No país, os pedestres têm total prioridade devido aos impostos elevados sobre carros e gasolina, que foram direcionados para um eficiente sistema de metrô. Com isso, a vida a pé se tornou rotina para todos. Ainda, o governo subsidia alimentos saudáveis para que sejam mais acessíveis, além de oferecer incentivos fiscais aos filhos que vivem próximos aos pais, visando reduzir a solidão.
Descobertas sobre a longevidade e seus desafios
A dúvida que paira sobre a mente dos cientistas é até quando é possível prolongar a vida humana. Um estudo recente, publicado na revista Nature Communications, presume que a vida humana pode alcançar 150 anos. Até o momento, o recorde de 122 anos é da francesa Jeanne Calment, que morreu em 1997. “Na teoria, sabemos que é cientificamente possível retardar em boa medida o envelhecimento”, aponta o biólogo Magalhães.
Outro ponto que gera preocupação é a mudança na pirâmide etária. À medida que as pessoas vivem mais, acontece a redução da natalidade. Com essa transição demográfica, os países mais envelhecidos possuem menos jovens em idade ativa de trabalho. O que gera diversas discussões econômicas e políticas.
Além disso, no Brasil, essa mudança afeta diretamente o sistema previdenciário e de saúde, que precisam estar cada vez mais preparados para prestar atendimento de qualidade para os mais velhos.
Fonte: Instituto de Longevidade
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