As redes sociais têm cada vez feito mais parte de nossas vidas, elas estão em todos os setores, inclusive nos processos seletivos de empregos.
Longe de serem apenas espaços sociais, atualmente elas se tornaram ferramentas importantes do RH das empresas na hora de contratar e recrutar pessoas para as suas vagas.
A tendência de as empresas buscarem seus candidatos no Facebook, LinkedIn, Instagram, Twitter e até o Tik Tok ganhou o nome de social hiring ou recrutamento social e muitas vantagens. Algumas delas são: a introdução do candidato desde o início na cultura da organização, o processo é menos oneroso, divulgação da marca, além de encontrar e reter talentos.
Alisson Souza, CEO da Abler, explica que esse tipo de processo de seleção reduz os custos, porque as redes sociais, em geral, são plataformas gratuitas. Outro ponto positivo levantado pelo especialista é o de que tem um maior alcance da divulgação das vagas, justamente porque essas plataformas têm algoritmos que trabalham em prol de suas publicações.
Por outro lado, existem desafios para que a empresa atraia os interessados certos por meio do social hiring, uma delas é o de ter uma estratégia de marketing assertiva e a filosofia dentro da organização. Isso implica em desenvolver campanhas direcionadas e especificas para cada rede social. “Manter atualizado os perfis de redes sociais da empresa e entender quais plataformas fazem sentido para o público de candidatos que se pretende atingir. Outro passo é postar conteúdos que possam atrair esses talentos, montando uma cadência de publicações que faça sentido e prenda a atenção daquele tipo de candidato, seja com dicas de emprego ou conteúdos relacionados à carreira dos possíveis talentos”, indica Souza.
Estratégia da empresa
Além de manter o perfil da empresa atualizado, cuidar dos conteúdos, um dos maiores desafios da empresa, que deseja absorver o social hiring é escolher a plataforma mais indicada para buscar os seus candidatos. Alisson explica que essa opção vai depender de vários fatores, entre eles da idade e da experiência que se deseja no candidato. “Se a busca é por pessoas mais novas, provavelmente o Instagram e o TikTok. Se a intenção é atingir um público um pouco mais maduro, as plataformas mais indicadas podem ser o LinkedIn e o Facebook. Existem inúmeras redes sociais, como o próprio WhatsApp e o Twitter, mas essa escolha pode mudar para atender a necessidade daquela vaga”, finaliza Alisson Souza.
Para se ter uma ideia da força do social hiring, só no LinkedIn 200 milhões de vagas são postadas todos os meses, 45 milhões de pessoas buscam empregos na plataforma, 77 candidaturas são enviadas por segundo e 4 pessoas são contratadas a cada minuto.
Segundo o relatório da We Are Social e Hootsuite, o Instagram foi a terceira rede social mais utilizada no Brasil em 2022, tendo mais de 122 milhões de usuários. Os dados recentes apontam que 70% dos frequentadores possuem menos de 35 anos, com 51,6% de homens e 48,4% de mulheres. Nesse caso, as empresas podem explorar os feeds e stories.
O Facebook ainda é uma das plataformas mais populares do mundo, com 116 milhões de usuários brasileiros. Os frequentadores com entre 25 e 34 anos são 31,5%, os com mais de 65 anos são 5,2%. Entre os gêneros, estão 43,5% de mulheres e 56,5% de homens. A estratégia mais indicada para o social hiring são os grupos, eles ajudam a divulgar as vagas e a cultura da empresa.
O LinkedIn é um ótimo canal para a atração de talentos. Ele inclusive é usado na busca de vagas e na construção de uma rede de contatos.
Porém, Daniel Spolaor, CEO da Korú explica que divulgar vagas em portais e redes sociais não é social hiring. “O social hiring apresenta o negócio, sua cultura, maneira de pensar, projetos, pessoas e outras coisas interessantes sobre a sua empresa. O importante é cada empresa saber que precisa participar desse diálogo e chamar as pessoas para a conversa. Isto passa por engajar gente de dentro da organização e ter uma estratégia de comunicação muito amarrada”, conta.
Conteúdo relevante
Entre as vantagens de a empresa contratar pelo social hiring estão a de que o candidato começa a se envolver com a cultura da organização desde o seu processo de escolha e de seleção. Fora isso, a marca ganha mais exposição não só junto aos participantes, mas com o público em geral. “O social hiring não muda, necessariamente, sua forma de selecionar pessoas, mas sim a de expor empresa e cultura. As práticas mais efetivas se dão quando o time de marketing e de RH trabalham juntos. É necessário ter estratégias de comunicação, reuniões de pauta recorrentes e um fábrica de produção de conteúdo interessantes trabalhando de maneira super integradas”, indica Daniel.
Alguns dos grandes desafios das empresas que desejam trabalhar com essa forma de contratação é produzir conteúdo interessante e de qualidade. Ele precisa ser relevante e que possa ajudar no processo do recrutamento.
Fernanda Bernardo, líder de People e Comunidades da Cumbuca conta que as empresas já entenderam que precisam estar presentes nas redes sociais, e por isso estão começando a criar conteúdo e a explorar esses espaços. “Você precisa ter um posicionamento consistente, ter noção de quem vai ser sua persona, com quem está falando, como vai expor o dia a dia da empresa/cultura, como que vai ser criada essa continuidade. A sua empresa precisa disso para as pessoas começarem a se engajar. Não é só postar conteúdo e deixar lá, esquecendo que existe. Tem também a parte de engajamento. Quando uma pessoa marcar sua empresa, você deve ir até lá e interagir, responder os comentários, tirar as dúvidas, fazer os conteúdos que as pessoas querem consumir”, lembra Bernardo.
Mais justa
A grande questão é se contratar por social hiring é uma maneira mais justa de seleção. Daniel exemplifica alguns pontos interessantes, um deles é o de que a maioria das pessoas têm acesso às redes sociais. No entanto, nem todas as pessoas têm esse acesso. “Há um público que não é nativo digital e pode ter dificuldades, lembrem-se dos 50, 60 e 70+ que estão ativos no mercado e que são a bola da vez nas discussões de diversidade. Existe a necessidade, então, de não abandonar completamente outros canais de divulgação e recrutamento como agências de vagas, mídias tradicionais e eventos”.
Spolaor conta um case interessante de social hiring que ocorreu na sua empresa. “Um dos nossos alunos de Marketing Digital, Jefferson Paixão, estava fora do mercado há dez anos e ganhou uma bolsa integral do curso em um dos nossos programas de Diversidade e Inclusão. Incentivamos ele a abrir um perfil no LinkedIn e fazer um post sobre sua história de vida expressando a alegria por estar novamente em uma sala de aula. Uma startup de publicidade visualizou o post e convidou para uma conversa, da qual Jefferson saiu contratado como Community Manager da startup.
Esse é um exemplo prática do poder das redes sociais no recrutamento. A empresa estava em busca de talentos mais diversos. Jefferson, uma pessoa preta, periférica e LGBTQIA+ estava em busca de oportunidades. O Linkedin foi o ponto de encontro”.
5 passos para se dar bem no social hiring
- Crie um perfil mesclado: Misture informações pessoais com as profissionais, mas sempre de maneira equilibrada.
- Siga as lideranças: Se você se interessou pela vaga de uma empresa, siga as lideranças para conhecer um pouco da cultura e de como pensam.
- Peça depoimentos: Se você fez cursos, trabalhou ou estudou, peça para darem depoimentos sobre o seu desempenho.
- Atualize as suas informações: Mantenha o seu perfil nas redes sociais sempre atualizado.
- Cuidado com a comunicação: Evite erros de português, opiniões radicais, preconceitos ou qualquer coisa que prejudique a sua imagem.
Por Priscila Paula – Redação MundoCoop
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