Desafiados pelas aceleradas mudanças nas novas lógicas que regem os negócios, as áreas de desenvolvimento e treinamento das organizações têm o enorme desafio de prepararem os times para se manterem relevantes ao longo do tempo. Não é novidade que, demandados por mais repertório e novas habilidades para navegarem no cenário complexo e acelerado ditado por novas tecnologias, as lideranças precisam expandir os olhares, fazer novas conexões, estar atentos aos sinais de futuro e ter acesso a conteúdos de ponta, que possam acelerar processos de inovação e serem mais assertivos nas decisões do dia a dia. O movimento em busca pelo aprendizado contínuo é um caminho sem volta e precisa ser uma agenda prioritária para as organizações que queiram trabalhar inovação e retenção de talentos e melhorar a eficiência dos times.
Muito já se fala sobre a importância do upskilling – especialização, aprofundamento e o reeskiling – requalificação, reciclagem de conhecimento. Mas, na minha visão, se não olharmos de forma mais ampliada para ingredientes que são essenciais para engajar e conectar pessoas na jornada de aprendizagem, por melhor que sejam as intenções, os esforços e investimento de desenvolvimento podem ser em vão.
Antes de estruturar as soluções educacionais corporativas para 2023, sugiro aos profissionais de T&D a refletirem sobre 4 tendências em educação:
- Formatos experenciais
Nós precisamos nos emocionar para aprender. Existem vários experimentos que mostram, por exemplo, que as pessoas respondem de forma mais criativa após vivenciarem uma nova emoção ou assistirem a um vídeo que cause um sentimento de admiração ou espanto. Este estado de admiração ganhou até uma palavra na língua inglesa – estado de “Awe”. São momentos propiciados por algo marcante, que vão além da nossa compreensão de mundo. Estes momentos são responsáveis por estimular a criatividade, curiosidade, quebra de padrões e conexões não óbvias. Uma ótima forma de proporcionar oportunidades assim nos treinamentos é investir em experiências imersivas e marcantes, que vão além do conteúdo tradicional.
Mais do que nunca, é preciso apostar em estímulos que aumentem o interesse e o engajamento nos treinamentos. E os formatos que investem em experiência, troca e criação de vínculos tendem a despertar mais interesse. Na HSM, temos focado muito em criarmos soluções de “Edutainment” – junção de entretenimento com educação. Acreditamos que os programas de educação podem ser profundos em conteúdo, mas leves e experenciais na forma.
- Curadoria de conteúdo aderente à realidade do negócio
No mundo atual, uma coisa é certa: Não temos uma escassez de informação, temos uma escassez de atenção e curadoria. Existe muito conteúdo disponível e gratuito, mas não necessariamente apropriado, atrativo ou relevante para a cultura organizacional e objetivo de negócio. É fundamental que as soluções educacionais tenham uma forte curadoria de conteúdo, deem sentido às informações e criem uma narrativa que converse com as metas da organização. Criar uma jornada que seja harmoniosa, em que conteúdos e estímulos conversem entre si é fundamental, para que se transmita consistência e coerência no treinamento. É importante manter-se atento à curadoria para que a solução não seja apenas uma “colcha de retalhos” com muita informação, mas sem um direcionamento claro.
- Originalidade
Ninguém quer ver ou aprender “mais do mesmo”. A originalidade é uma grande diferencial num mercado cada vez mais pasteurizado – em que se replica conceitos e exemplos, de maneira aleatória, sem compreensão dos contextos. Ser original é saber ler os sinais, as tendências e conectar os pontos para sua própria realidade. Não existe “tamanho único” (one size fits all), quando o tema é educação corporativa. Mais uma vez, é importante entender o momento, a maturidade e a cultura organizacional para os temas propostos. Em alguns casos, conteúdos mais clássicos e até mesmo básicos são necessários. Em outros, é preciso investir em um pouco mais de profundidade, originalidade e customização.
- Incentivo ao autoconhecimento
Normalmente, o foco dos programas de treinamento e desenvolvimento é o aprender a “fazer”. Exercitar alguma função mais técnica ou aprender uma habilidade necessária para o contexto da organização. Mas, para fazer, é necessário aprender a “ser”. Hoje temos uma forte necessidade por lideranças mais empáticas, inclusivas e resilientes. Portanto, o “aprender a ser” será cada vez mais valorizado no cotidiano das organizações e integrado nas soluções educacionais corporativas.
Fonte: Mundo RH / Poliana Abreu, diretora de Conteúdo, Marketing e Parcerias na HSM e SingularityU Brazil
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