É comum separarmos as razões que levam as pessoas a empreender em dois grupos: necessidade e oportunidade. Mas essa dualidade já não representa tão bem o que motiva a abertura de um negócio próprio.
A importante pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que visa entender o papel socioeconômico do empreendedorismo, desde 2019 passou a considerar outros fatores para captar essa dinâmica.
O levantamento mais recente mostra que, no Estado de São Paulo em 2021, a principal motivação para alguém montar um pequeno negócio foi “ganhar a vida porque os empregos são escassos”. Entre os empreendimentos nascentes (até 3 meses no mercado) e novos (com 3 meses a 3,5 anos de operação) essa foi a razão alegada por 73,3% e 72,8% dos entrevistados, respectivamente.
Chama a atenção que o segundo estímulo mais citado é “fazer a diferença no mundo”, em porcentagens bem próximas da motivação principal: 71,9% entre os negócios nascentes e 69,2% entre os novos. As outras razões mencionadas são “construir uma grande riqueza ou renda muito alta” e “continuar uma tradição familiar”, ambas com distâncias maiores das duas primeiras.
Não se discute a legitimidade de se montar uma empresa para ganhar dinheiro — é justo querer uma vida financeira mais confortável — contudo, a vontade de fazer a diferença no mundo com um negócio próprio mostra como o empreendedorismo pode ser o caminho para a realização pessoal e para uma sociedade melhor.
Não faltam exemplos de ações empreendedoras que mudaram o curso da história. Porém, as iniciativas de pequeno porte também têm esse poder. Quando um empreendedor abre uma loja de bairro e supre a demanda local por um determinado produto, ele proporciona, no mínimo, uma facilidade para quem ali vive. Quando cria postos de trabalho, possibilita que os funcionários tenham renda, provenham suas famílias e, por sua vez, fomentem o consumo, beneficiando outros comerciantes. Alguém duvida que esse ciclo faz a diferença naquela localidade e que pode ir além?
Sabemos onde um pequeno negócio começa, mas nunca sabemos aonde pode chegar. É aí que está a riqueza do empreendedorismo e é por ele que o Sebrae-SP trabalha incansavelmente.
*Marco Vinholi é diretor-superintendente do Sebrae-SP
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