Os caminhos e perspectivas da economia brasileira foram o principal foco dos debates no segundo dia de programação da 14ª edição do Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred), no Centro de Convenções de Pernambuco. Cerca de cinco mil pessoas participam do evento, que é considerado o maior congresso de cooperativismo financeiro da América Latina. Realizado de forma híbrida, reúne autoridades do sistema financeiro, lideranças cooperativistas, dirigentes, conselheiros, gestores, jovens e estudiosos do setor até amanhã, sexta-feira.
A programação do segundo dia abriu com debates entre o economista Fabio Giambiagi, referência nas áreas de finanças públicas e Previdência Social, e o educador financeiro e comentarista Luís Artur Nogueira. Em sua fala, Giambiagi afirmou que o Brasil precisa direcionar seus esforços para aquilo que chamou de uma ‘grande pactuação’: acordos políticos, obtidos através de diálogos mais efetivos, que vão ajudar o país a sair da estagnação em que se encontra e também frear a atual polarização nacional.
Segundo ele, essa pactuação precisa estar focada em cinco objetivos: uma nova regra para o teto de gastos (no caso, para torná-lo mais flexível e não tão rígido); medidas de ajuste que sejam capazes de limitar e controlar os gastos diante dessa nova regra para o teto; redução da carga tributária; aumento do investimento público e a implementação de novos programas sociais que deem conta de abranger grupos sociais menos favorecidos, como, por exemplo, os trabalhadores informais.
Já Nogueira disse que o Brasil precisa enfrentar, em curto prazo, quatro obstáculos bem pontuais que, juntos, contribuem cada vez mais vez mais atrasar o desenvolvimento econômico nacional: a inflação alta, que eleva os juros e encarece o crédito, corroendo a renda das famílias mais carentes; a impossibilidade de obtenção de crédito, que ajuda a inibir o consumo e os investimentos; o dólar alto e o desemprego.
“As cooperativas têm um papel predominante nesse cenário, especialmente no sentido de colaborar com a ruptura desse movimento de estagnação do mercado. E isso pode ser feito, por exemplo, com a oferta de crédito com melhores condições e juros para aqueles que precisam, diferente do que acontece com os bancos tradicionais”
Luís Artur Nogueira
O 14º Concred acontece em um momento marcante para o cooperativismo de crédito. Com quase 10% de representação no Sistema Financeiro Nacional, o setor tem crescido exponencialmente nos últimos anos e deve ganhar ainda mais representatividade em um novo cenário.
O evento é promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras), em parceria com o Sicoob Central Nordeste e com apoio do Sistema OCB-PE. Este ano, o evento também celebra os 120 anos do cooperativismo de crédito no Brasil.
Intercooperação, feira de negócios e espaço para a juventude
A agenda do segundo dia de programação do Concred também incluiu debates sobre os principais desafios envolvendo a intercooperação do sistema e a forma e como isso pode contribuir para fortalecer todo o cooperativismo financeiro no país. Essa é uma demanda antiga do setor, que pode levar à busca de soluções coletivas para atrair mais cooperados.
“Temos que buscar eficiência, para oferecer menor preço e bons produtos”, reforçou o presidente da Confebras, Moacir Krambeck, que também preside o Conselho de Administração do Sistema Ailos.
Em paralelo às palestras e debates técnicos, o 14º Concred também conta com a Feira de Negócios Cooperativistas e com o Espaço Integração Juventude, que proporciona uma programação interativa para a nova geração do setor, abordando temas como educação financeira e planejamento de vida.
A quinta-feira também foi marcada pelo lançamento da Cartilha “Retenção de riqueza no município: relação entre Prefeitura e Cooperativa de Crédito”, de Alessandro Chaves e Lúcio Faria. Na ocasião, outras duas obras também foram relançadas: “Saberes: inovação, relacionamento e governança nas cooperativas Cresol”, de Cledir Magri, e “Gestão e Análise de Crédito nas Instituições Financeiras Cooperativas”, de Euder Lopes.
Terceiro dia
Nesta sexta-feira, o 14º Concred retorna para o seu terceiro e último dia, que promete novas surpresas e discussões para o público presente no Centro de Convenções e através da programação online.
Logo no início da manhã, o público confere duas palestras: “Liderança Ambidestra”, com Paula Harraca; e “Finanças Sustentáveis” com Carlos Piazza. Em seguida, Auditório Brum será palco de uma vasta troca de conhecimentos no painel “Educação Rumo à Sociedade 5.0”, com a presença de Guilherme Costa, Coordenador de Desenvolvimento Social de Cooperativas no Sistema OCB; Tiago Schmidt, Presidente da Sicredi Pioneira e Elvira Cruvinel, Chefe da UniBacen. Antes da pausa para o Coffee Break, o “ESG nas Cooperativas Financeiras: Desafios e Oportunidades” entra em foco no painel que recebe Onara Lima e Claudia Leite.
A programação matinal se encerra com o painel “Educação Coop e Financeira: principais desafios rumo à sociedade 5.0”, que traz para o debate Alzimiro Tomé, Presidente do Instituto Cresol; Edson Feltrim, Superintendente do Instituto Sicoob; Stan Zmitrowicz, Analista do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central e Romeo Balzan, Superintendente da Fundação Sicredi.
Já na parte da tarde, a Plenária Principal recebe o Talk Show “Ambidestria Organizacional”, com Eduardo Tevah e Rafael Zappia. E para encerrar a programação de palestras, Rossandro Klinjey traz para o palco da Plenária o tema “Inteligência Emocional”.
No encerramento do evento, a partir das 17h10, o 14º Concred realiza a apresentação da Carta de Recife, assim como define o local de realização da próxima edição do evento.
A programação completa do terceiro e último dia do Concred está disponível no site oficial.
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Por Redação MundoCoop/Imprensa Confebras
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