O que pode ser mais relevante que o essencial?
O mundo, enquanto sociedade, tem acelerado o ritmo de sua confusão! Grande parte, não poderia ser diferente, tem sua origem nas próprias causas humanas!
Geralmente os estágios, de qualquer coisa, não surgem da noite para o dia, são resultados dos desdobramentos das escolhas, temperadas pelo tempo. E assim, de forma natural, os estágios da vida vão refletindo esta inevitável combinação!
No ser humano a dimensão moral, em especial, a distinção e o reconhecimento social, tem se mostrado ao longo da história, talvez uma das mais importantes questões da humanidade. Se a dimensão econômica é importante, relevante ter em conta que boa parte da sua motivação advém da necessidade das pessoas alcançarem, por meio do status econômico, essa distinção e reconhecimento.
O cooperativismo, desde sua origem, tem como cerne, a sua atuação voltada para o interesse das pessoas! A centralidade do cooperativismo se baseia nas aspirações do ser humano e de sua vida em coletivo! Portanto, a dimensão moral no cooperativismo é tema indissociável de sua existência!
Ao defender e manter em sua essência nuclear, que qualquer pessoa, independente de quem quer que seja, tem direito a um voto. Isso demonstra na prática que TODOS, sem exceção, são alçados ao mesmo direito e são importantes.
Ao promover o conhecimento, pelo princípio da educação, formação e informação, a cooperativa transforma as pessoas, quando contribui para a expansão da sua capacidade cognitiva, conferindo a ela, algo de valor incalculável, que é a sua autonomia de pensamento e sua consciência coletiva.
Ao propagar seu propósito, a cooperativa chama para si e seu entorno a responsabilidade por atingir os resultados que todos almejam, e para isso, a crença e a fé das pessoas é posta em ação, alicerçada pela credibilidade da comunhão entre cooperados e cooperativa. E o que seria da humanidade sem esperança?
Mas diferente da esfera religiosa, a materialização desta fé necessariamente precisa ser alcançada. Expectativa e realidade precisam andar de mãos juntas, para que se experimente e seja celebrado de fato, o sabor da força e da conquista coletiva, ao mesmo tempo que se retroalimenta uma nova investida coletiva em favor da prosperidade local, criando uma esperança viva, cíclica e transbordante no espírito comunitário das pessoas.
Com base em seus princípios e valores, a cooperativa cria em torno de si, um ambiente inclusivo, agregador e transformador, proporcionando a participação das pessoas no debate coletivo, na construção de ideias, nas tomadas de decisão e participação nos resultados. Isso enseja inclusão, pertencimento, visibilidade, notoriedade, responsabilidade e oportunidade!
Assim, imbuído em seu propósito e sustentado por seus valores e princípios, o cooperativismo entrega diariamente para a humanidade algo muito além dos resultados socioeconômicos mensuráveis. Entrega algo talvez etéreo, mas com uma essencialidade imedível, quando, por meio de seu relacionamento, acolhe e transforma cada pessoa, dando a ela, a fundamental vazão para a sua dimensão moral, gerando nela autoestima e autoconfiança, contribuindo para a sua autonomia de pensamento, sua consciência coletiva, sua ‘visibilidade’, seu reconhecimento social, sua dignidade e, seu sentimento de pertencimento. Alimentando sua esperança e reforçando suas convicções na ação coletiva, de que é possível construir um mundo melhor para todos!
Em geral a teoria econômica se ocupa dos bens públicos e privados e, muitas vezes, não considera a importância dos bens relacionais. O cooperativismo, em sua essência dinâmica, produz naturalmente bens relacionais, como por exemplo: a reciprocidade, a confraternização e a confiança mútua, dentre outros, que juntamente com sua atuação e propósito, vão impactando a dimensão moral de seus cooperados e comunidades.
Há cerca de 50 anos atrás a humanidade começava engatinhar para a relevância da sustentabilidade e hoje temos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, como um marco temporal da consciência sobre a vida no planeta.
Tenho para mim que em um futuro não muito distante, os bens relacionais tomarão espaço de relevância primordial na busca fundamental e necessária para uma sociedade mundial menos confusa e mais inclusiva, equitativa, justa e nobre e, uma vez mais, o cooperativismo será uma das mais importantes células de promoção da vida e da prosperidade coletiva.
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*Silvio Giusti é Consultor em Cooperativismo

Coluna exclusiva publicada na edição 126 da Revista MundoCoop






