Tranquilidade, conforto e praticidade. A positividade dessas três palavras são parceiras de um sentimento que se torna cada vez mais importante aos seres humanos de todo o mundo: a segurança. Sentir-se seguro ou prover segurança para os familiares, seja material ou emocional, é um desejo unânime e saudável, capaz de evitar a ansiedade e o estresse, resultado do excesso de preocupação. Em tempos de tantas transformações e depois de vivenciar mais de dois anos do medo provocado pelas ameaças de uma pandemia, certamente a necessidade de proteção fica ainda maior e faz pessoas de todas as idades pensarem sobre como será o futuro, como é possível se prevenir e planejar para que a longevidade seja vivida de forma plena e feliz.
Essa valiosa reflexão é da psicóloga Angela Paula de Sousa, especialista em Saúde Mental e Avaliação Psicológica, que atua nas áreas clínica e forense. “O sentimento de segurança, de forma geral, representa uma forma inteligente de pensar no amanhã e evitar o temido sentimento contrário, que tão mal pode fazer à saúde, que é a insegurança”. Ela também reflete que os idosos têm ainda mais essa necessidade. “Pessoas com mais idade se sentem mais seguras, autônomas e com mais qualidade de vida quando não precisam envolver ou depender dos familiares, desde os cuidados com a saúde e as atividades diárias até nas questões financeiras, representando despesas extras ou incômodos”.
Já a psicóloga clínica Izabela Monteiro analisa que a segurança e a proteção tendem a ter significados diferentes para cada pessoa, de acordo com o contexto social no qual estão integradas, o que torna esses sentimentos ainda mais relevantes. “Enquanto sujeitos inseridos numa sociedade, temos necessidades fisiológicas e sociais que precisam e devem ser atendidas: alimentação, moradia, saúde, segurança, entre outras. Porém, é preciso olhar para essa temática de forma ainda mais ampliada. Podemos refletir, por exemplo, sobre o sentimento de proteção destacado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social”.
A especialista também concorda que os significados podem mudar de acordo com a nova etapa da trajetória de cada um, das vivências e dos anseios, porém, não esta característica não é uma regra. “Nos dias atuais, encara-se o envelhecimento como um acontecimento global, que cresce progressivamente. Viver bem e seguro são objetivos de todas as pessoas, e não seria diferente com os idosos”.
Mas engana-se quem pensa que todos já despertaram para a importância da segurança em suas vidas. “Existe resistência de alguns em pensar a longo prazo, tendo em vista que isso pode desencadear reflexões difíceis de serem encaradas, como o futuro e o envelhecimento, com todos os seus desafios inerentes”, destaca a psicóloga Angela Paula de Sousa.
Apesar disso, a especialista conta que existe um processo de mudança no pensamento mais acomodado ou alienado sobre o dia de amanhã, o que se verifica também no Brasil. “Estudos mais recentes ressaltam que os brasileiros estão se preocupando mais com a longevidade e com o futuro. Essa conscientização ganhou um novo significado também a partir da pandemia da Covid-19, onde muitas pessoas ficaram com seus rendimentos diminuídos e tiveram dificuldades em arcar financeiramente com as despesas de saúde. Por conta disso, ampliou a busca pela garantia de uma maior estabilidade e de conforto emocional, proporcionados pela economia material. Ou seja, algumas transformações se tornaram mais evidentes a partir do ano de 2020, que certamente entrará para a história da humanidade e de cada um de nós”.
Conteúdo exclusivo publicado na Revista MundoCoop edição 106
Discussão sobre post