A longevidade tem impactos diretos numa das conquistas mais almejadas por pessoas de todo o mundo: a aposentadoria. Um dos maiores reflexos está no tempo a mais obtido para desfrutar do tão esperado descanso ou pelo menos a diminuição do ritmo de trabalho. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida ao nascer é de 76,8 anos no Brasil, ou seja, em 3 décadas (desde 1990) o brasileiro ganhou praticamente 13 anos a mais na sua linha do tempo.
Além disso, antes das reformas da Previdência Social, há dois anos, os brasileiros registravam uma das idades médias mais baixas para a aposentadoria: 55,1 anos (homens com 55,6 anos e mulheres com 53,4 anos), segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Muitos mais do que números, essas informações demonstram a indispensável busca de novos significados da passagem da condição de trabalhador ativo a aposentado, especialmente num país de tantos desafios socioeconômicos, que vem enfrentando as grandes mudanças geradas pelo envelhecimento de sua população.
O Gerente Institucional do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, especialista em Psicologia e Gerontologia, Antônio Leitão, destaca que essas transformações – em velocidade cada vez maiores – vem mudando o perfil dos aposentados no país. “Hoje, para os indivíduos aposentados, uma vida mais longa significa mais oportunidades e recomeços, desde carreiras até relacionamentos. Diferente da imagem daquele que larga tudo para descansar, os novos aposentados são pessoas que buscam se manter ativas, com autonomia, muito frequentemente trabalham e têm grande preocupação com a saúde”.
Essa nova realidade também deve servir de alerta para a conscientização sobre a essencial preparação no caminho da longevidade, da aposentadoria e do próprio envelhecimento. “A qualidade de vida precisa ser garantida também e especialmente na aposentadoria. Isso se faz com cuidados para ter boa saúde, ter boas relações sociais – com pessoas que lhe são importantes – e ter uma renda que garanta um padrão satisfatório ao bem-estar, que é definido de forma individual”.
Especificamente na questão econômica, Antônio Leitão ainda lembra que não há mágica. “As oportunidades dependem de planejar, aproveitar enquanto há uma renda maior, para fazer um pé de meia. Em suma, é preciso cuidar da longevidade financeira”. Nesse sentido, o gerente ressalta algumas dicas do Instituto de Longevidade: “durante a trajetória da vida é preciso ganhar mais, poupar na medida certa, gastar bem, investir melhor e proteger seu capital de riscos e imprevistos”.
Com esse novo olhar, além de ressignifcar alguns conceitos e até valores, o psicólogo e gerontólogo ressalta a beleza de ganhar mais anos para aproveitar a vida na sua plenitude. “A longevidade é uma coisa maravilhosa e nos dá mais tempo, que e um dos maiores bens.
Para o país, ter pessoas vivendo mais é um indicador civilizatório. Não à toa, o Índice de Desenvolvimento Humano tem na medida da expectativa de vida um de seus pilares. Mas é inegável que é preciso preparação para que esse tempo a mais seja vivido com conforto, em todos os sentidos”.
Conteúdo exclusivo publicado na Revista MundoCoop edição 104
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