O que engatinhava em 2019, precisou correr a partir de 2020: o brasileiro se render de vez mundo digital.
Com a pandemia de Covid-19 e o isolamento social imposto por ela, a partir de março de 2020, foi pelas telas que as pessoas se comunicaram, trabalharam, comemoraram aniversários, se despediram, pediram comida, fizeram compras e pagaram boletos.
Foi justamente neste ano que nasceu um dos meios de pagamento mais revolucionários e queridos pelo brasileiro: o Pix. Um sistema de pagamento sem a cobrança de taxas e em tempo real. Pagou, recebeu.
Tradicionais no sistema bancário brasileiro, as transferências por meio de TED e DOC perderam espaço após o Banco Central (BC) iniciar os testes do Pix no fim de 2020.
A adesão foi rápida, já que em questão de segundos é possível fazer, principalmente pelo celular, transferências de dinheiro e pagamentos por meio de uma chave ou por um QR Code.
O Pix caiu tanto nas graças do brasileiro que, segundo dados disponíveis no site do BC, até 31 de julho deste ano, eram pouco mais de 637,7 milhões de chaves cadastradas, entre e-mail, CPF, CNPJ, telefone celular e aleatórias.
O total é mais que o dobro do registrado em agosto de 2021, de pouco mais de 313 milhões de chaves. Desse total, 607,3 milhões correspondem a pessoas físicas.
“O Pix é simples e teve um impulso durante a pandemia”, comenta o consultor e autor publicado Bruno Diniz, que é também fundador da Spiralem, consultoria focada em inovação no mercado financeiro.
O uso do Pix é para todos?
No recorte por idade, 60% das transações via Pix foram realizadas por pessoas entre 20 e 39 anos – que compreende as gerações Z e Y. Já o grupo formado por pessoas de 40 a 49 anos tem 20,5% de participação nas operações.
No entanto, o uso do Pix não alcança nem 15% das pessoas acima de 50 anos, que Diniz chama de “economia prateada“.
Porém, o consultor atribui o termo ao grupo de pessoas acima dos 60 anos, faixa etária que adere menos à tecnologia. Desse grupo, menos de 5% utiliza o atual principal meio de pagamento do país.
“Existe uma camada da população que tem resistência maior em aderir a esses novos hábitos, como o Pix. E essa resistência é justamente da população mais velha”, acrescenta o fundador da Spiralem.
Nesse grupo encontra-se a aposentada Maria Aparecida Pereira, de 66 anos. Economicamente ativa, a agente de biossegurança alega que a tecnologia é a grande barreira para a utilização de meios de pagamentos digitais.
Maria Aparecida é, de fato, à moda antiga. Não usa aplicativos, enfrenta filas em casa lotérica para pagar boletos e vai ao banco para fazer retiradas de dinheiro. Além disso, ela diz não entender direito o que é QR Code e não faz transações por meio do Pix.
“Eu até tenho chave Pix e recebo pagamentos por ela. Mas não sei usar. Não tenho aptidão para fazer essas coisas. É muito difícil para gente da minha idade. Aí, prefiro ir ao banco”, diz a aposentada sobre a dificuldade que tem em usar a tecnologia para transações bancárias.
Mais conectados, geração Z domina uso do Pix
Um estudo do Serasa, realizado em julho de 2023, aponta que quase metade da geração Z, formada por pessoas entre 18 a 28 anos, não tem costume de sacar dinheiro no banco e o Pix é a principal forma de pagamento utilizada por eles.
Desse grupo, 44% das pessoas responderam que não têm o hábito de ir ao caixa eletrônico para retirar dinheiro. Por outro lado, outros 44% citaram o Pix como principal meio usado para operações financeiras.
Ainda sobre os hábitos financeiros, o levantamento, que ouviu 4 mil pessoas, mostra que da geração Y – que abrange pessoas de 29 a 41 anos –, 43% não têm costume de sacar dinheiro no banco.
Das pessoas entre 42 e 58 anos, a chamada geração X, 39% responderam que não têm costume de ir ao banco sacar dinheiro. Enquanto na faixa acima de 59 anos, o número dos que não sacam quantias em dinheiro chega a 36%.
Isso porque, segundo a pesquisa do Serasa, a faixa acima dos 59 anos prefere o uso do cartão de crédito como principal meio de pagamento, no qual 36% dos participantes citaram essa opção. Enquanto 26% citaram o Pix.
Apesar de não participar da pesquisa, Maria Aparecida, citada acima, engrossa a estatística. “O cartão de crédito eu uso. Pago tudo com ele ou em dinheiro vivo”, finaliza.
Fonte: MoneyTimes
Discussão sobre post