O envelhecimento da população é um fato que traz impactos sociais e também na economia. De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria LCA, a idade média do trabalhador brasileiro está mudando. Nos últimos anos, esse valor subiu e se aproxima cada vez mais dos 40 anos.
Com a mudança na estrutura etária brasileira, menos jovens estão entrando no mercado de trabalho. Um ritmo diferente do habitual nos últimos anos.
No último dado disponível, que corresponde ao primeiro trimestre deste ano, a idade média da população ocupada atingiu 39,3 anos. Desde o início da pesquisa em 2012, esse valor só foi superado em junho de 2020. Foi quando houve uma alteração no levantamento devido à pandemia de covid-19. A LCA conduziu o estudo utilizando os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Novos comportamentos sociais relacionados à carreira também influenciam na atual mudança da idade média do trabalhador brasileiro. Um deles, por exemplo, é a opção de trabalhadores maduros em permanecer em seus cargos, mesmo com direito à aposentadoria.
Mudança na idade média do trabalhador brasileiro traz desafios para o país
O envelhecimento da população traz desafios significativos tanto para o setor público quanto para o setor privado, especialmente no mercado de trabalho. Estima-se que a população em idade ativa começará a diminuir já na primeira metade da próxima década. O fenômeno, no entanto, estava originalmente previsto para o final dos anos 2030.
Essa mudança demográfica representa uma necessidade de adaptação nas políticas públicas e nas estratégias empresariais. É necessário lidar com as transformações sociais e econômicas que acompanham o envelhecimento da população.
É de extrema importância que os diferentes níveis de governo priorizem a melhoria da qualidade da educação pública. A economia brasileira tem passado pelo bônus demográfico e registrado avanços nos anos de escolaridade. Porém, ainda não alcançou posições favoráveis nos rankings internacionais que avaliam a qualidade do ensino.
Atualmente, sem poder contar com mais mão de obra disponível para ingressar no mercado de trabalho, o crescimento do país se tornou cada vez mais dependente do aumento da produtividade. Essa é uma variável diretamente ligada à melhoria dos níveis de educação. Portanto, investir em educação de qualidade é fundamental para preparar a força de trabalho e impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Uma forma de tornar o país mais competitivo e sustentável em um contexto global.
A educação adequada não apenas aumenta a eficiência e a inovação nos setores produtivos, mas também fortalece a capacidade de enfrentar os desafios do futuro.
Educação e mercado de trabalho
No ambiente corporativo, o envelhecimento no mercado de trabalho possui diversos efeitos. Em entrevista ao Estadão, o economista Fernando Veloso, pesquisador da FGV/Ibre, mostra perspectivas positivas. Para ele, o crescimento da idade junto com a maior experiência contribui para aumentar a produtividade. “Diria que isso vale até a faixa dos 60, 65 anos, que é a faixa internacional em que a pessoa está plenamente no mercado de trabalho. Depois dos 65 anos, há uma queda da produtividade”, comenta.
Para o especialista, a idade limite para a aposentadoria pode sofrer alterações à medida que a tecnologia avança. O que pode trazer benefícios para a saúde e aumentar a expectativa de vida da população. Ele ressalta que é crucial que essa questão seja encarada com preocupação desde já, e que sejam tomadas medidas para adaptar o mercado de trabalho a essa nova realidade.
Não acompanhar essa evolução implica em manter as baixas taxas de produtividade do Brasil em comparação com o resto do mundo. Atualmente, o país ocupa a 61ª posição entre 64 nações, de acordo com o Institute for Management Development (IMD). Portanto, é necessário agir prontamente para garantir uma transição suave. Assim será possível alcançar um cenário em que a expectativa de vida mais longa seja acompanhada por uma força de trabalho saudável, produtiva e bem preparada.
O papel das empresas na mudança da idade média do trabalhador brasileiro
No contexto atual, o mercado corporativo enfrenta alguns desafios significativos. Um deles é a necessidade de criar um ambiente propício para abrigar quatro gerações distintas. Embora essa diversidade de ideias seja essencial para o crescimento dos negócios, o choque entre diferentes faixas etárias requer estratégias.
As empresas precisam adotar medidas e soluções para harmonizar as culturas tão diversas presentes em seu quadro de colaboradores. O equilíbrio entre as perspectivas e experiências de cada geração pode ser uma fonte valiosa de inovação e criatividade. Contudo, também requer sensibilidade e adaptação para garantir uma convivência harmoniosa e colaborativa em toda a organização.
Mudança da idade média do trabalhador brasileiro e busca do ESG
O aumento da idade média do trabalhador brasileiro já é um fato que precisa ser enfrentado. Porém, para além disso, abrir espaço para profissionais com mais de 50 anos tornou-se uma prioridade de empresas que buscam se alinhar com a agenda ESG, um dos critérios mais importantes no mundo dos negócios.
ESG é uma sigla que representa três critérios ambientais, sociais e de governança utilizados para avaliar a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa das empresas e organizações. Esses critérios são amplamente considerados pelos investidores, acionistas e stakeholders ao analisar o desempenho e o impacto das empresas no meio ambiente, na sociedade e na gestão interna.
Nos últimos anos, várias empresas de diferentes setores têm implementado programas de contratação de profissionais 50+. Um exemplo é o programa Golden Years, lançado pela PepsiCo em 2016, com o objetivo de recrutar trabalhadores maduros. Desde então, a iniciativa já resultou na contratação de 400 pessoas.
Essa inclusão de profissionais acima de 50 anos contribui para a diversidade e a inclusão social nas empresas, mas não apenas isso. Ela também pode trazer benefícios ao aproveitar a vasta experiência e habilidades desses colaboradores para impulsionar o crescimento e a sustentabilidade dos negócios.
Por outro lado, a falta de equilíbrio entre esses dois mundos pode acarretar prejuízos significativos para as empresas. Um estudo conduzido pelas consultorias ASTD Workforce Development e VitalSmarts (hoje Aspectum) revelou um dado alarmante. Uma em cada três pessoas desperdiça cinco horas ou mais por semana em conflitos com colegas de diferentes gerações.
Esse cenário resulta em uma perda de 12% na produtividade do trabalho. Portanto, é essencial agir prontamente para promover um ambiente de trabalho harmonioso e eficiente. Ao adotar abordagens que valorizem a diversidade e incentivem a colaboração intergeracional, as empresas podem otimizar sua produtividade e alcançar melhores resultados.
Fonte: Instituto de Longevidade
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