Mesmo sendo o Brasil um país com dimensões continentais e realidades socioeconômicas completamente díspares, em algumas regiões a expectativa de vida pode superar os 80 anos. Segundo o último dado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019, a expectativa de vida média do brasileiro era de 73 anos, sendo 71 para homens e 80 para mulheres. Um outro estudo, do Datafolha, diz que cerca de 69% da população gostaria de se aposentar até os 60 anos. No entanto, essa conta não fecha, já que a mesma pesquisa revela que apenas 24% das pessoas acreditam que poderão se aposentar sem ter uma queda no padrão de vida.
A preocupação com a diminuição do padrão social das famílias também passou a ser tema recorrente nos lares brasileiros desde o ano passado, mas por outro motivo: a pandemia. Diante do imponderável da vida, muitas famílias se viram com dificuldade de manter um padrão financeiro básico. A esse respeito, uma pesquisa do jornal Valor Econômico, divulgada em março deste ano, revelou que a pandemia afetou a renda de cerca de 84% dos brasileiros. E que o maior medo das pessoas passou a ser a perda repentina do sustento (38%).
Impulsionado por essa conjuntura, o segmento de previdência privada, que já vinha historicamente registrando altas acima dos mecanismos normais e tradicionais de poupança, ganhou força. De acordo com a Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), os valores investidos nesse modelo de investimento cresceram 7% em dezembro de 2020, comparado com o mesmo período do ano anterior.
Para César Saut, vice-presidente corporativo da Icatu, os brasileiros estão mais conscientes de que se não houver planejamento financeiro, haverá maior dificuldade de manter o sustento.
À medida que envelhecemos, por um lado diminui a nossa capacidade laboral; por outro lado, tomamos consciência da nossa finitude e queremos aproveitar mais a vida. Se há uma reserva financeira, o indivíduo fica mais tranquilo porque entende que está assegurado para o futuro. Portanto, a reserva de previdência privada é, digamos, uma forma de comprar a nossa tranquilidade
César Saut
Saut lembra ainda um outro benefício dos planos de previdência privada: eles são um mecanismo facilitador da sucessão patrimonial. O valor investido em previdência não entra em inventário e, enquanto da acumulação das reservas e, desde que não haja a transformação destas em renda atuarial, o saldo, em caso de falta do titular, pode ser repassado diretamente para os beneficiários indicados em caso de morte. “Quando pensamos em proteção, é mais uma forma de garantir o futuro de toda a família”, reforça.
Outro ponto considerado por Saut em sua análise é a perda progressiva de capacidade do sistema público previdenciário em manter o padrão de vida ou de renda, que, segundo ele, também contribui para a tendência de que cada vez mais as pessoas passem a ter responsabilidade pela gestão de suas finanças.
“Quando o sistema de previdência pública foi implantado no Brasil, havia oito contribuintes para um aposentado. Ao mesmo tempo, se no passado a aposentadoria era de até 20 salários, hoje, é praticamente impossível atingir o teto, que é de cerca de seis salários mínimos. Isso significa que a tendência é que, de fato, a previdência privada volte a ter a mesma característica fundamental prevista no modelo bismarckiano idealizado em 1883, na antiga Prússia, hoje Alemanha: o de assistência social, não o de mantenedor do sustento. Ou seja, as pessoas passam a ter responsabilidade sob a gestão das suas finanças para o seu futuro de médio e longo prazos, retirando do Estado e da sociedade a responsabilidade única pelos ônus dos riscos sociais”, afirma Saut, numa referência ao chanceler alemão Otto von Bismarck, que criou o primeiro sistema de aposentadoria pública no mundo, nos anos 1880, baseado na lógica de a própria sociedade proteger a si própria contra os riscos sociais, inclusive o de sobrevivência.
Cooperativismo e auto-organização social
Com o passar do tempo, o papel do Estado como único protetor da vida das pessoas tem se modificado, e Saut lembra ainda que a legislação brasileira que dá início ao nosso sistema previdenciário é um bom exemplo dessa lógica.
A Lei Eloy Chaves, criada pelo deputado paulista homônimo em 1923, garantia estabilidade a funcionários ferroviários com mais de dez anos de serviço e os segurava de acidentes e invalidez. Apenas depois disso, outras categorias começaram a exigir direitos semelhantes.
“A partir da Lei Eloy Chaves, começa um movimento de não o Estado, mas as empresas protegerem seus trabalhadores e, na sequência, já na década de 70, de as próprias pessoas protegendo a si mesmas. Na origem, é disso que se trata o projeto de previdência privada: da própria sociedade buscar sua organização civil”, reforça Saut.
Executivo de carreira no mercado segurador, com 30 anos de atuação, e filiado ao sistema cooperativista há 20, César Saut enxerga uma relação intrínseca entre o cooperativismo e a auto-organização social. Para ele, os sistemas cooperativos possuem um papel fundamental para o desenvolvimento da sociedade.
“Os sistemas cooperativos, pela própria natureza, possuem uma razão lógica e objetiva de entrar, ajudar e distribuir solução para a sociedade. A meu ver, as cooperativas são o veículo mais legítimo disponível em levar soluções de produtos financeiros às pessoas, pois se comunicam através de propósito. Elas apresentam produtos e soluções que são adequados e customizados para responder às necessidades dos cooperados”, afirma Saut.
Há mais de 20 anos, a Icatu é uma das principais parceiras do sistema cooperativo no Brasil, complementando o portfólio das cooperativas com produtos de seguros de pessoas e previdência.
O posicionamento institucional da Icatu é o de contribuir para que cada brasileiro tenha tranquilidade financeira e, assim, uma melhor qualidade de vida. Esse propósito está em consonância com o cooperativismo, pois, na origem, tanto o mercado segurador quanto os sistemas cooperativos possuem bases no mutualismo organizado, ou seja, na contribuição de todos para o benefício de cada um
César Saut
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