Buscando atualizar gestores e dirigentes de cooperativas sobre o que há de mais novo em conceitos e estratégias de mercado, a 8º edição do World Coop Managenement (WCM) ocupou o Minascentro, em Horizonte (MG) nos dias 17 e 18 de outubro, trazendo novidades e atrações únicas.
Esse foi o caso do Cooptech, um dos palcos especiais do WCM. Pensado para despertar a inovação sem perder a essência cooperativista, o evento simultâneo, apresentado pela Coonecta, contou com casos práticos, painéis e palestras nacionais e internacionais para acelerar a inserção das cooperativas na nova economia digital. Gestão de programas de inovação; Cooperativismo de plataforma; Conexão com startups; Aceleração de cooperativas; Investimento em inovação; Transformação digital; e Criptomoedas foram alguns dos temas discutidos. Ao todo, o Cooptech contou com 20 palestrantes das principais cooperativas brasileiras que são referências em inovação.
PIONEIRISMO
A abertura do Cooptech, no primeiro dia, contou com a participação de Gustavo Mendes, cofundador da Coonecta. Ele falou sobre a importância de estimularmos um ecossistema de inovação cooperativista e também sobre a criação do Radar Coonecta. O projeto é um levantamento inédito para entender os atores que apoiam o ecossistema de empreendedorismo cooperativo. Na primeira versão, foram mapeados 34 atores. A previsão de lançamento da versão completa, com cerca de 100 organizações mapeadas, está prevista para o primeiro trimestre de 2023.
Em seguida, o painel “Como tornar a inovação estratégica e prioritária para o futuro dos negócios das cooperativas” reuniu Walmir Segatto, CEO do Sicoob Credicitrus, e Frederico Peret, presidente da Unimed BH.
Peret argumentou que, apesar da tecnologia trazer um grande diferencial para as cooperativas, somente ela não basta: é preciso adotar processos inovadores. Para isso, é necessário que um ambiente ofereça segurança psicológica aos cooperados e colaboradores para que possam opinar, experimentar e errar. “Se os processos se perdem no tempo, de nada adianta”, afirmou.
Já Segatto explicou que a inovação começa pela construção de uma mentalidade inovadora. É necessário trabalhar o mindset, para depois trabalhar o ambiente externo. “Você tem que estar preparado para não ser compreendido quando fala de inovação”, disse.
Na sequência, o Cooptech 2022 recebeu a palestrante internacional Rose Marley, CEO da Cooperatives UK, que falou sobre a aceleração de cooperativas e o apoio à inovação no cooperativismo.
Na gig economy – ou uberização do trabalho – há precarização e disrupção das comunidades locais. As plataformas mantêm o poder altamente concentrado na mão de poucos e criam monopólios globais. No entanto, a palestrante questionou: “A raiz desses problemas é a tecnologia ou o modelo?”. Por isso, ela afirmou que a solução pode estar no cooperativismo de plataforma, que já conta com alguns exemplos de iniciativas na Europa.
INOVAÇÃO DA PRÁTICA
Falando sobre o papel da transformação digital para o futuro dos negócios das cooperativas, o superintendente de Produtos na Cooperativa Central Ailos, Marcelo Bueno de Morais, apresentou um caso prático de transformação digital para desenvolver agilidade e alavancar os negócios.
Seguindo a apresentação de cases imperdíveis, o painel “Programas de inovação: como estruturar e gerir um programa de sucesso”, mediado por Alexandre Carrasco, da Repensando Negócios, reuniu Paula Thais Cardozo, gerente Laboratório de Inovação do Sistema Ailos, Gabriel Franco, PMO e analista de Estratégia e Inovação na Cooxupé – Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé, e Alisson Juliano Valério, gerente de Inovação e Estratégia de TI no Unimed Lab, da Unimed do Brasil.
Os participantes reforçaram que a inovação não é um trabalho fácil. Para Gabriel Franco, “o que reforça a inovação são as oportunidades”. Ou seja, se os objetivos não forem alcançados tão rapidamente, novos projetos poderão ser gerados. O planejamento estratégico deve ser constantemente estimulado e um mapeamento de conexões e direção, além do engajamento de pessoas, é essencial para as cooperativas que desejam gerir um programa de sucesso.
Logo após, na palestra “Como criar um marketplace cooperativista”, o coordenador de marketplace na Cooperativa Central Ailos, Jefferson Beck, contou a história de criação do Ailos Aproxima. O ambiente digital foi idealizado com o intuito de aproximar as comunidades e fortalecer o comércio local. Além disso, o Ailos Aproxima serve tanto para produtos, como também para serviços.
Para encerrar o primeiro dia, a experiência digital do cooperado entrou em foco, trazendo cases de duas cooperativas que usaram a tecnologia para se aproximar dos associados.
No caso da Unimed BH, o gerente de TI na Unimed BH, Marcelo Simões, contou sobre a criação do SOL (Saúde OnLine). Desenvolvida em parceria com médicos e equipe técnica, o modelo é centrado no usuário por meio do método duplo diamante. Ele tem por objetivo definir as personas de médicos cooperados de acordo com aquilo que já se sabe sobre o usuário.
Já no caso da Unicred do Brasil, o superintendente de Produtos e Canais na Unicred do Brasil, Rodrigo Petry, falou sobre a maior estratégia atual da cooperativa, o mobile banking, onde aproximadamente 90% das transações já são realizadas por canais digitais. Além da elaboração do Edu, um chatbot que usa inteligência artificial, coleta informações e agiliza o atendimento.
INOVAÇÃO EM ECOSSISTEMA
Gustavo Mendes, cofundador da Coonecta, abriu o segundo dia apresentando mais detalhes do mapeamento inédito do ecossistema de inovação cooperativista, o Radar Coonecta.
Em seguida, o tema foi ambidestria organizacional, com o analista de inovação do Sistema OCB, Gustavo Faria. A ideia do conceito é que uma organização consiga alcançar inovações revolucionárias enquanto melhora a maneira com que realiza os seus processos. Muitas organizações encaram o seguinte dilema: sustentar ou explorar? Para Gustavo, a resposta está no equilíbrio: “equilíbrio é movimento”. Ele afirmou que a ambidestria é de difícil aplicação, demanda muito exercício e é necessário lembrar: o futuro não se faz com tecnologia, mas sim com pessoas.
O primeiro caso prático do dia foi apresentado pelo conselheiro de administração da Ciclos e vice-presidente do Sicoob Coopermais, Éder Lemke. Na ocasião, Lemke contou sobre a jornada da startup cooperativa, plataforma criada em 2018, a partir de questionamentos acerca de como a cooperativa poderia estar mais presente na vida de seus associados. A plataforma atende todo o território nacional, sem se limitar à atuação do Sicoob.
Dando continuidade, o diretor de Novos Negócios na Minasul, Luis Henrique Albinati, apresentou para o público a criptomoeda Coffee Coin, da MinaSul. Mais de 2,5 milhões foram negociados no mercado do Coffee Coin. Agora, o próximo passo é transformá-lo em meio de pagamento para que possa alavancar negócios no futuro. A iniciativa mostra que as cooperativas também podem ser protagonistas da web 3.0.
O RESGATE DO PROPÓSITO
Na palestra “Como escalar uma plataforma com propósito”, o fundador do AppJusto, Rogério Nogueira, apresentou a organização, que faz uso da tecnologia open source como alternativa em prol de melhorar a distribuição de renda e enfrentar a precarização do trabalho. Nela, valores mínimos para investir nas startups foram definidos. Assim, os trabalhadores também podem ter propriedade sobre o negócio.
Já o painel “Alocação de recursos em projetos e programas de inovação: processos e estratégias” reuniu representantes das cooperativas Minasul, Castrolanda Unicred Valor Capital e Sicoob Credicom para falar sobre inovação humana. Nesse contexto, o cooperado deve estar no centro das decisões dos investimentos em inovação e otimizar esses investimentos demanda a realização de pesquisas de satisfação periódicas com os associados.
Caminhando para as finalizações, o head de Digital Banking do Sicredi, Eduardo Corso, contou a história da fintech Woop Sicredi. Buscando entender e antecipar as tendências do atendimento financeiro, a iniciativa foi criada. “Juntamos pessoas com um único propósito, que era lançar um banco digital, com zero papel”, afirma. Com o novo produto, a Sicredi conseguiu atingir um novo público. Anteriormente, 87% dos usuários do Woop não estavam previamente associados à Sicredi. Dessa forma, a coop conseguiu evitar a migração de seus cooperados para outras soluções digitais que começaram a ganhar espaço no mercado.
Para finalizar o Cooptech 2022, o evento contou com Dagoberto Trento, senior partner na Innoscience Consultoria, Davi Pereira de Sotti, head de Inovação no Cocamar Labs, Tiago Sartori, gerente de Inovação no Sicoob Credicitrus, e Alexandra Rodrigues, especialista de Inovação no Sicredi, no painel “Conexão com startups: lições de programas de sucesso”.
Dagoberto, o mediador, afirmou que 84% dos executivos atestam que inovação é prioridade, mas muitos se sentem frustrados com os resultados. Por isso, para Davi, é necessário mapear fatores da possibilidade dos testes, assim, a organização não gasta tempo à toa. Para Alexandra, inovação é disciplina. “Sempre que forem lançar uma versão nova de seu programa, ou fazer uma conexão com startups, mantenham registros das lições aprendidas”, argumentou.
+ WCM
A gestão cooperativista e as novas estratégias do mercado você confere na cobertura especial do palco CooperaRH.
A cobertura completa do Palco World do WCM 2022 você confere aqui.
Por Redação MundoCoop / Informações Coonecta
A MundoCoop é Mídia Oficial do WCM 22
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