Você já se perguntou sobre quanto tempo do seu dia reserva para o lazer e o descanso? Você costuma tirar férias? Quando está de folga, acha que se desliga totalmente das atividades profissionais? Quantas horas por dia costuma dormir? Essas são algumas perguntas que você deve se fazer para evitar um dos problemas mais comuns da atualidade, o Burnout.
O assunto é tão urgente que foi convertido em uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022. Hoje, o burnout afeta 18% dos brasileiros, segundo uma pesquisa realizada pela faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o levantamento da ISMA International Stress Management Association (Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse), o Brasil é o segundo país no mundo com os mais altos índices da síndrome de burnout entre os trabalhadores. Isso, devido a altos níveis de estresse, rotinas muito desgastantes, além de um grande conjunto de problemas aos quais os trabalhadores são submetidos no ambiente de trabalho e fora dele.
Tal cenário se torna evidente quando verificamos um dado de uma pesquisa realizada no Brasil em 2016, em que se constatou que o país deixou de faturar aproximadamente 210 milhões de reais, em decorrência da baixa produtividade gerada pela exaustão profissional.
Preocupado com o tema, o psicólogo Dante Moretti criou o livro-caixinha ‘Burnout’, lançamento da Matrix Editora, que pode auxiliar os profissionais da área de saúde mental a encontrarem meios para dialogar com pacientes sobre os prejuízos da sobrecarga ocupacional. “O conteúdo das cartas também permite uma autoavaliação para aqueles que hoje sofrem com o trabalho, mas não conseguem verbalizar as emoções e nem visualizar um caminho para lidar com este mal da modernidade”, explica Dante.
O livro tem perguntas sobre a relação de nossos pais com a profissão e as dinâmicas em grupo na época de escola. Moretti evidencia a construção social por trás de máximas como “estude enquanto eles dormem, trabalhe enquanto eles se divertem”. Segundo o psicólogo, esse pensamento acaba tornando aceitável rejeitar momentos de lazer ou mesmo deixar de passar tempo com amigos e família quando a justificativa é o trabalho.
Fique atento aos sintomas
Hoje mais do que nunca, fazemos tantas coisas ao mesmo tempo, que chegar ao esgotamento mental já não é um acontecimento raro. José Roberto Marques, Especialista em comportamento humano, Presidente e Fundador do Instituto Brasileiro de Coaching IBC, conta que por mais poderoso que o nosso cérebro seja, ele também se cansa do excesso de atividades, de informações, de compromissos e de responsabilidades. “Isso compromete o seu funcionamento e nos leva à estafa. Infelizmente, esse quadro tem se tornado cada vez mais frequente em diferentes países, inclusive no Brasil”, exemplifica Marques.
O esgotamento mental é uma doença séria e não deve ser tratado como um momento passageiro, já que desencadeia vários problemas físicos e emocionais que afetam a nossa vida de forma sistêmica. Trata-se de um conjunto de sintomas de falta de energia mental, provocados pela sobrecarga de atividades, estímulos, emoções e preocupações. Fique atento!
“Do ponto de vista profissional, a produtividade é diretamente afetada, visto que o funcionário com a síndrome tende a ter um rendimento bastante inferior, se comparado a ele mesmo em perfeitas condições físicas e mentais”, conta Roberto.
O esgotamento mental é um estado de exaustão emocional, física e mental que pode ocorrer quando uma pessoa se sente sobrecarregada e estressada por um longo período. Algumas das causas mais comuns deste problema incluem:
1 – Excesso de trabalho: trabalhar longas horas e assumir muitas responsabilidades pode levar ao esgotamento mental. Isso pode acontecer tanto no trabalho como em casa, quando a pessoa tenta equilibrar muitas tarefas.
2 – Falta de controle: sentir que não tem controle sobre o seu trabalho ou ambiente doméstico pode contribuir para o esgotamento mental. Isso pode ser especialmente verdadeiro em ambientes de trabalho de alta pressão, onde as demandas são altas e as expectativas são grandes.
3 – Falta de reconhecimento: sentir que o seu trabalho não é valorizado ou reconhecido pode levar ao problema. Isso ocorre quando a pessoa trabalha em um ambiente profissional muito competitivo ou quando não recebe feedbacks positivos regularmente.
4 – Conflitos interpessoais: conflitos com colegas de trabalho ou outras pessoas importantes na sua vida (amigos, cônjuge, familiares) podem ser uma fonte de estresse constante, contribuindo para o quadro.
5 – Pressão para cumprir prazos: a pressão para cumprir prazos e metas pode ser estressante e levar ao esgotamento mental. Isso pode ser especialmente verdadeiro em trabalhos de alta pressão, mas também com pressões da vida pessoal (casar-se, ter filhos, comprar uma casa, ter um salário elevado etc.).
6 – Falta de descanso: não ter tempo suficiente para descansar e relaxar pode contribuir para o problema. Dedicar-se excessivamente ao trabalho ou às tarefas domésticas, sem tempo para descansar e divertir-se, é um gatilho.
7 – Problemas de saúde mental: o esgotamento mental pode ser um sintoma de problemas de saúde mental, como depressão ou transtornos de ansiedade. Nesses casos, é necessário um tratamento médico e psicológico.
Os problemas
O esgotamento mental pode ter diversas consequências, tanto para a saúde física como mental. Entre eles estão os problemas de saúde física, que envolvem o esgotamento mental, a fadiga, dor de cabeça, insônia, dores musculares, doenças gastrintestinais (como úlcera e gastrite), doenças cardiovasculares (como hipertensão e maior risco de infarto e AVC), entre outros. Outras questões envolvem a depressão, ansiedade, pânico, irritabilidade, baixa autoestima e sentimentos de desesperança;
Em termos de ambiente de trabalho, a síndrome causa a diminuição da produtividade no trabalho e na vida pessoal. “A pessoa pode se sentir desmotivada, ter dificuldades para se concentrar e apresentar um desempenho reduzido em tarefas cotidianas”, lembra Roberto.
Em termos de relacionamentos interpessoais, a pessoa pode se sentir irritada, frustrada e ter dificuldades para se comunicar com outras pessoas, tendo explosões emocionais e conflitos.
21 sinais do burnout: José Roberto Marques cita os sintomas mais comuns do esgotamento mental:
- Perda de memória e dificuldade para lembrar informações;
- Queda na qualidade do sono e dificuldades para adormecer (insônia);
- Diminuição drástica da libido, isto é, do desejo sexual;
- Problemas dermatológicos provenientes do estresse e alterações que ocorrem nos hormônios;
- Perda de interesse por situações que antes geravam motivação e ânimo;
- Alterações de humor constantes, que levam a: irritação, impaciência, tristeza e ao choro sem causas aparentes;
- Sensação de que a qualquer momento a sua mente vai “explodir” de cansaço;
- Perda de compromissos importantes por conta do esquecimento;
- Sensação constante de cansaço, mas sem causa aparente;
- Emoções predominantemente negativas, como angústia, ansiedade, falta de disposição, desânimo, abatimento e grande tristeza, sem razões aparentes;
- Problemas intestinais e estomacais, como azia, refluxo, má digestão, prisão de ventre ou diarreia;
- Perda de produtividade nas atividades do dia a dia;
- Fadiga mental, sem tempo para cuidar de si mesmo;
- Sensação de sobrecarga, sem conseguir relaxar ou ficar alguns momentos sem fazer nada;
- Estado emocional mais sensível;
- Sensação de falta de pertencimento, desesperança, ansiedade e depressão;
- Baixa capacidade de raciocínio e concentração. Nível de estresse alto pela ansiedade de que tudo melhore rapidamente;
- Enjoo e falta de apetite, ligada à fadiga mental e ao estresse elevado;
- Oscilações bruscas de humor;
- Mudança na socialização — menos vontade de conviver com outras pessoas;
- Procrastinação e vontade de não cumprir com os compromissos, principalmente profissionais ou com a família e amigos.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
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