Nos dias 1 e 2 de outubro de 2024, a Federação Nacional das Associações de Servidores do Banco Central (Fenasbac) promoveu a 5ª edição do Syncoop, evento digital que se consolidou como um dos principais encontros sobre inovação, tecnologia e sustentabilidade no cooperativismo financeiro. Reunindo líderes do setor, especialistas em tecnologia e reguladores, o Syncoop discutiu os principais desafios e oportunidades do cenário cooperativista, com ênfase na interseção entre tecnologia emergente, regulação e a busca por um futuro mais sustentável.
O evento foi dividido em trilhas temáticas, cada uma explorando aspectos essenciais para o desenvolvimento das cooperativas de crédito e seu papel no mercado financeiro brasileiro. Os convidados proporcionaram discussões ricas, com cases práticos e o lançamento de importantes frameworks para o setor.
Trilhas temáticas e momentos de destaque
A trilha B&R (Business & Regulation) trouxe à tona a relação das cooperativas com a Agenda BC# e a Nova Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC). Durante o painel, Adalberto Felinto da Cruz Júnior, do Banco Central, reforçou a importância da cooperação como essência das cooperativas, afirmando: “Se a cooperação é o que distingue a sociedade humana como capaz de sobreviver, as cooperativas materializam essa nossa utopia de aproximação, de termos como objetivo ser uma sociedade mais justa, coesa e fraterna.” Daniel Engelmann, também do Banco Central, destacou a relevância da PRSAC para as cooperativas: “A PRSAC é uma política estratégica que precisa ser uma realidade desde os níveis de gestão mais elevados até os de execução, promovendo uma verdadeira cultura de sustentabilidade.”
A trilha SYNC abordou inovações tecnológicas e regulatórias, com destaque para o painel sobre o Drex, a nova plataforma de moeda digital. Solange Parisoto, do Sicredi, explicou: “O DREX não é apenas a moeda digital, a nova forma de representação do nosso dinheiro. É uma plataforma que viabiliza uma economia tokenizada, digital, eficiente e inclusiva.” Além disso, o painel trouxe discussões sobre as tecnologias impulsionadoras para as cooperativas, onde Yazmín Trejos, fundadora da Meaning, destacou: “O verdadeiro propósito de uma cooperativa, que gera confiança, precisa estar conectado com os desafios da sociedade.” Marina Travassos, fundadora da Okean, afirmou: “Temos sempre que pensar no comportamento antes da tecnologia. Entender as pessoas é a chave para criar uma experiência otimizada.”
Na trilha TECH, o debate sobre Inteligência Artificial (IA) e Open Finance foi um dos pontos altos. Rodrigoh Henriques, Diretor de Inovação da Fenasbac, falou sobre o impacto das novas tecnologias no cooperativismo, ressaltando: “A IA tem o potencial de impulsionar a participação das cooperativas, mas é preciso governança para garantir a eficiência desse processo.” Caroline Capitani, Vice-Presidente de Estratégia e Inovação da Ilegra, chamou a atenção para o novo cenário digital: “Agora, mais do que nunca, precisamos aprender a linguagem dos dados. A qualidade e disponibilidade desses dados é o grande desafio para a adoção da IA.” Já Daniel Stivelberg, do Nubank, pontuou: “O letramento digital é crucial para os cooperados entenderem os riscos digitais e, para isso, precisamos de uma atuação conjunta de stakeholders.”
A trilha ESG explorou a responsabilidade socioambiental das cooperativas, com foco na implementação de estruturas de governança sustentáveis. Ingrid Soares, advogada do Mattos Filho, ressaltou: “Quando falamos de governança, estamos lidando com três pilares: pessoas, ativos e responsabilidades. Alinhando-os, desmistificamos o uso de novas tecnologias.” Já Martha de Sá, fundadora da Violet, lembrou que a tecnologia precisa ser usada de forma estratégica: “Se você coloca dado ruim na entrada, terá dado ruim na saída. A integração entre negócios e tecnologia é essencial para alcançar resultados eficientes.”
Carlos Novak, da DeepESG, reforçou a necessidade de protocolos claros para a sustentabilidade: “Precisamos de uma estratégia de sustentabilidade em um mercado que ainda é uma folha em branco. Esses protocolos são essenciais para priorizar uma agenda que atenda tanto aos interesses financeiros quanto ambientais.” Lucas Mastellaro, da EY, complementou a discussão falando sobre a taxonomia brasileira: “A taxonomia ainda falta para classificar negócios e operações sustentáveis, mas sua chegada vai solucionar muitas dúvidas.”
A trilha Power Talks trouxe casos reais de inovação no cooperativismo. Um dos destaques foi o case do Sicredi com a Akropoli, apresentado por Rodrigo Severo e Paulo Valadares, que mostrou como a inovação aberta pode transformar negócios. Brunno Giordano, do Sicoob, destacou a importância da educação financeira no painel sobre Open Finance: “Cooperados que usam nossas soluções de educação financeira apresentam menor endividamento, comprovando a relevância de promover esse tipo de conhecimento.” O painel também contou com a participação de Jéferson Gonçalves, do Sicredi, que ressaltou a importância de enriquecer a base de dados com informações externas: “Estamos sempre buscando evoluir e trabalhar com mais dados para aprimorar nossas operações.”
Lançamentos e iniciativas
Durante o evento, foi lançado o Panorama Recip 2024, que mapeia e impulsiona a inovação com propósito dentro do setor cooperativista. Apresentado por Flávia Dutra e Rodrigoh Henriques, ambos da Fenasbac, a iniciativa é um grande passo para impulsionar, dentro das cooperativas, a implementação de práticas mais inclusivas, sociais, tecnológicas e sustentáveis.
O Syncoop 2024 reafirmou sua importância como plataforma de debate e inovação para o cooperativismo financeiro. Ao conectar líderes, especialistas e reguladores, o evento fortalece o diálogo entre os principais agentes do setor, promovendo um ambiente favorável à transformação digital e à adoção de práticas sustentáveis. Eventos como o Syncoop são essenciais para acelerar o desenvolvimento das cooperativas, criando oportunidades de inovação e integração tecnológica que são fundamentais para o futuro do cooperativismo.
Rodrigoh Henriques, da Fenasbac, destacou a importância da colaboração contínua: “O Syncoop nos lembra que a tecnologia, aliada a propósitos claros, é a chave para transformar o cooperativismo financeiro, tornando-o mais inclusivo, justo e sustentável.”
Parcerias e apoio
O evento foi realizado pela Fenasbac, com o apoio e patrocínio de AWS, Darede, FGCOP, WTM e Celero, além de contar com a MundoCoop como mídia oficial.