De acordo com levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 45% dos adolescentes brasileiros de 15 anos apresentam baixo desempenho na alfabetização financeira. O estudo mostrou também discrepâncias no desempenho dos alunos entre aqueles mais e menos favorecidos socioeconomicamente. No Brasil, a distância entre os dois grupos chega a 86 pontos em resultados nas avaliações aplicadas. Diante desse cenário, o documento sugere que para superar essas diferenças é necessário fomentar o acesso à educação financeira e garantir oportunidades de aprendizado por meio de serviços financeiros seguros, adequados à idade de cada cidadão.
Diante da proximidade com a data em que se comemora o Dia Internacional da Educação – celebrado em 24 de janeiro –, o analista de cooperativismo e sustentabilidade do Sicoob UniCentro Br, Gabriel Garola, destaca a importância de se discutir o tema e avalia a trajetória brasileira nesse processo. “Desde a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), nos anos 1990, o Brasil vem tentando adaptar seu sistema educacional às necessidades contemporâneas e a inclusão da educação financeira como tema transversal no currículo é um exemplo dessa tentativa”, detalha. No entanto, ele lembra que a determinação é integrar a disciplina a outras áreas do conhecimento, para que o preparo dos estudantes seja realmente eficaz.
Para Garola, o tema tem ganhado relevância à medida que o país busca soluções para seus desafios econômicos e sociais. Segundo dados do Serasa, o Brasil é um dos países com o maior número de pessoas inadimplentes. Em 2023, mais de 70 milhões de brasileiros estavam com o nome negativado, ou seja, com dívidas em atraso. Por essa razão, o analista entende que, embora a educação financeira seja fundamental, a simples inclusão desse tema no currículo não resolverá os problemas econômicos do país. “É preciso um investimento significativo em recursos e na formação de professores para que a educação financeira realmente tenha um impacto positivo. Sem esse apoio, o Brasil corre o risco de perpetuar o ciclo de endividamento da população”, pontua.
Gabriel Garola explica que essas deficiências no ensino afetam diretamente a vida financeira dos brasileiros, já que a falta de habilidades básicas para entender e lidar com juros ou planejar as finanças leva a decisões financeiras equivocadas, que resultam em um aprofundamento generalizado das desigualdades sociais. Nesse sentido, o analista destaca o papel crucial que o cooperativismo – por meio de seus princípios fundamentais, dentre eles o interesse pela comunidade, a educação, formação e informação e a participação econômica – tem exercido concomitante à educação formal das escolas. “Para formar cidadãos completos, é preciso conciliar consciência financeira e responsabilidade social e as cooperativas, com suas ações, têm transformado a realidade de muitas comunidades nas quais atua”, observa.
Reconhecimento
Como exemplo dessa atuação das cooperativas e em reforço ao compromisso institucional com a disseminação de conhecimentos financeiros, o Sicoob UniCentro Br recebeu três troféus de reconhecimento por suas ações em educação financeira, em 2024. A cooperativa se destacou por promover a palestra “Nietzsche e economia moderna: explorando a relação entre homem, cultura e finanças”, ministrada por Gabriel Garola na Semana Mundial do Investidor, e pelas atividades empreendidas na 12ª Global Money Week e na Semana Nacional de Educação Financeira (Semana ENEF).
Garola avalia que os troféus nada mais são do que materializações de um trabalho que o Sicoob UniCentro Br vem praticando desde sua concepção, há quase 33 anos. “Esse reconhecimento reforça a marca da cooperativa não somente no imaginário da população goianiense, onde está nossa sede, mas também em toda a comunidade brasileira. Assim, a cooperativa se consolida como sinônimo de educação financeira, democrática e de responsabilidade social”, explica. Para ele, com esse reconhecimento, evidencia-se o papel transformador que é promover a inclusão financeira e a sustentabilidade nas comunidades.
Sobre o Sicoob UniCentro Br
É uma cooperativa financeira de livre admissão que possui o objetivo de administrar os recursos financeiros dos cooperados, proporcionando maior rentabilidade e justiça financeira a todos. A instituição foi fundada há 32 anos, em Goiânia, administra R$ 8,5 bilhões de ativos e conta com mais de 130 mil cooperados no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.