Os impactos econômicos causados pelas alterações climáticas são uma das principais preocupações para os próximos anos. Dados da National Bureau of Economic Research (NBER) apontam que os danos são seis vezes piores do que se acreditava anteriormente. Na pesquisa, estima-se que o aumento de cada 1 °C na temperatura do planeta ocorre uma queda de 12% no Produto Interno Bruto (PIB) global. As enchentes do Rio Grande do Sul são um exemplo de como a economia pode ser afetada por um evento climático. Segundo avaliação da MB Associados, a projeção de crescimento brasileiro caiu de 2,5% para 2% após a tragédia gaúcha. Diante desse cenário, as instituições financeiras são cada vez mais demandadas a oferecerem alternativas para atenuar essas consequências.
O economista-chefe do Sicoob UniCentro Br, Luís Vivanco, avalia que as instituições financeiras têm papel fundamental nessa agenda e podem contribuir com o desenvolvimento sustentável do país, desde que considerem a variável ambiental em suas políticas de concessão de crédito. “Nesse sentido, algumas práticas endossam o tema, como: pagamentos por serviços ambientais de conservação, isenção ou redução de impostos para áreas protegidas, concessão de taxas de juros mais favoráveis nas linhas de crédito para projetos que promovem sustentabilidade, aquisição de créditos de carbono para investir em projetos que reduzem emissão de gases de efeito estufa e apoio a empresas que adotam práticas ambientalmente responsáveis, como certificações de sustentabilidade ou rastreabilidade de produtos”, pontua.
Além das estratégias preventivas, Vivanco sinaliza que para reduzir os impactos de tragédias sobre as atividades econômicas e de emprego, as instituições financeiras podem adotar programas de apoio financeiro, como o Auxílio Emergencial e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. “Elas também podem apoiar as microempresas e empresas de pequeno porte por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), facilitar a aquisição de bens, serviços e insumos relacionados à tragédia e incentivar empresas e indivíduos a terem seguros específicos, assim como reservas financeiras suficientes de cobertura para amenizar momentos de crise, como a do estado do Rio Grande do Sul”, completa.
Cooperativismo
Segundo Vivanco, as instituições financeiras inseridas no modelo cooperativista têm ainda uma atuação mais contundente em virtude de seus princípios constitutivos. De acordo com o sétimo princípio do cooperativismo, o interesse pela comunidade, as cooperativas assumem a responsabilidade social de promover o desenvolvimento sustentável nos locais onde estão inseridas. “Tanto na redução dos impactos na cadeia produtiva do agronegócio como na produção energética renovável, a participação do cooperativismo é primordial para o alcance das metas estabelecidas na Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas”, exemplifica.
O economista esclarece que, por essa razão, o Sicoob UniCentro Br adota estratégias de mitigação de riscos climáticos como a de redução das emissões de CO2, práticas de economia circular, diversificação da cadeia de suprimentos, aumento da eficiência energética e promoção de iniciativas de resiliência climática. “O cooperativismo é um modelo que nasceu a partir de valores ligados à sustentabilidade. E os bons resultados da cooperação são uma prova de como esse sistema beneficia as pessoas, o país e o planeta, ao unir desenvolvimento social, ambiental e econômico”, assinala.
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