Da distribuição de riqueza até a de ervilhas, o italiano Vilfredo Paretto chamou a atenção do mundo para o fato de que, para muitos eventos, 80% dos efeitos vêm de 20% das causas.
Arrisco a dizer que nosso núcleo duro segue muito próximo do princípio de Paretto, em geral, algo como 20% dos cooperados se enxergam pertencentes, e assim, a cooperativa é alicerçada por estes 20% com a perspectiva de impactar positivamente a eles, aos demais 80% e a comunidade.
No globo, sofremos penosamente com um hiato de lideranças. Negligência, indiferença e omissão são combustíveis que, somados a desinformação e/ou a alienação opcional, geram um ambiente enfermo, sem se ater que parte disso, se origina do próprio descaso. Assim, parte das pessoas se coloca em avesso sentido de liderar e até de participar ativamente em espaços sociais.
Neste cenário desafiador, se mostra essencial construirmos ambientes de estímulo para novas lideranças. Uma estratégia inteligente, seria reconhecer publicamente as antigas e atuais lideranças da cooperativa. Uma homenagem, a entrega de uma placa, enfim, algum gesto de justiça com aqueles que, comprometidos com sua natureza altruísta, forjados na linha do tempo, dedicaram e se dedicam em busca das melhores decisões para a cooperativa.
Além de um convite, isto é uma forte mensagem para os futuros e potenciais líderes, de que o grupo, reconhece o esforço da sua liderança, acolhe e apoia quem assume responsabilidades em nome do conjunto. Ou seja, deixamos de passar aquela ideia de que a liderança é uma ‘batata quente’, que é ‘uma vidraça que todo mundo joga pedra’ para deixar claro que os caminhos da evolução coletiva, passam pela participação e força do conjunto, traduzidas na figura e no respaldo aos seus líderes.
Complementarmente, vemos gradativo movimento de independência e desapego dos atuais líderes em relação aos benefícios do cargo, seu poder e remuneração, não confundindo seu papel de representação com perpetuação e desnecessária dependência da cooperativa na sua figura.
Prever na cooperativa uma arquitetura de retenção e aproveitamento desta sabedoria e experiência, é oportuno, pois em futuro próximo, muitas lideranças continuarão ativas e contribuindo, porém, não mais em seus atuais cargos. Para a condução deste legado intergeracional, que são nossas cooperativas, centenas de novas lideranças devem emergir.
A sustentabilidade da cooperativa passa por uma liderança, que considere o incessável tic tac da vida, adote estrategicamente uma política vigorosa de atração e formação de líderes e que, de preferência, já esteja em curso.
Reconhecimento é atitude! Estratégia é inteligência! Sustentabilidade pode ser desapego! Precisamos destes elementos vivos para irmos além de Paretto e mantermos em expoente condição nossa virtude cooperativa por aquilo que nos é precioso: a promoção da vida, a prosperidade das pessoas e da comunidade!
Por Silvio Giusti, Consultor sênior, palestrante e articulista em cooperativismo

Coluna exclusiva publicada na edição 125 da Revista MundoCoop