Uma cooperativa é mais do que um negócio empresarial. Significa uma fábrica de campeões humanos.
As estatísticas sempre revelam aqueles que obtém êxitos na vida significando um pequeno percentual do todo. Não vamos nos esquecer da curva de Pareto 80×20, onde 20% dos agentes criam 80% dos resultados. Ou a conclusão de Goleman, da inteligência emocional, onde 11% estão na frente da evolução, 19% podem seguir os 11%; mas temos 50% na categoria de “turistas passando o tempo no planeta“, os indiferentes; e por último 20% de terroristas falando mal de tudo e de todos.
Numa boa cooperativa revertemos esses indicadores, pois ali criamos o “acolhimento “. Os mais capacitados, os que estão na dianteira dos processos, tem o “dom” da atividade, atuam sempre acolhendo os menos capacitados, a turma do meio. E num ambiente de apoios humanos os intermediários na performance se sentindo acolhidos pelos campeões naturais, os 11%, se estimulam. Gostam do convívio e dessa forma progridem criando uma equipe com medianas muito mais elevadas, comparadas aos ambientes onde somente a competitividade impera versus a cooperatividade.
Uma cooperativa é uma casa educadora e de acolhimento humano. Obviamente que uma liderança numa cooperativa não existe para fazer o que as pessoas gostariam, principalmente aquelas dos blocos inferiores ou intermediários do desempenho. Mas também não existem para as abandonar a própria sorte e deixá-las na terrível zona de conforto que cobra preços tenebrosos ao longo do tempo, bem como não existem para liderar apenas os 11% mais competentes.
Uma cooperativa incomoda, deixa todos inquietos, incomodados, preocupados com a mudança, a evolução. Uma cooperativa convoca para a participação, o compartilhamento e gera a energia a combustão do movimento, as boas emoções. A razão orienta, porém, é a emoção que movimenta. Nesse sentido, talvez não tenhamos dedicado tempo e conversas suficientes para esse olhar dos resgates, do acolher no respeito do amor a todos os membros.
Não se trata de uma casa de benemerência. Mas uma boa cooperativa tem como princípio fundamental não deixar gente para trás. Se um cooperado não progride de alguma forma estaria diminuindo a prosperidade de todos. E prosperidade o que significa? A governança da esperança.
Por isso precisamos e devemos incorporar nas estruturas físicas e racionais do cooperativismo a alma do progresso para todos.
Pode ser um sonho elevarmos todos os associados, cooperados, ao patamar dos 11% superiores dos quadrantes humanos. Mas melhores ainda serão os 11% se os demais 89% estiverem atuando numa eficácia média acima da normalidade do planeta. E sem duvida ao ocorrer esse prêmio, os líderes serão reconhecidos eternamente como mentores inspiracionais para todas as gerações futuras.
Liderança é a alma do negócio e das vidas humanas numa cooperativa. Minha admiração aos grandes líderes cooperativistas do país e do mundo. E que criem novos líderes, precisamos deles, agora e sempre.
O acolhimento permite existir um berço de campeões!
*José Luiz Tejon é palestrante especialista em agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop
Coluna publicada originalmente na edição 107 da Revista MundoCoop
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