Conforme as mudanças no mundo dos negócios vão ficando cada vez mais rápidas, a agilidade para entender e aplicar as novidades faz toda a diferença. Assim, a aceleração da transformação digital e a mudança de comportamento dos consumidores – e da sociedade como um todo – indicam tendências de negócios para os caminhos de gestão a seguir.
Devido a essa alta velocidade nas mudanças que se impõem, não dá pra ficar só esperando o que vai acontecer. Ou seja: é importante ficar de olho no comportamento do mercado para poder antecipar tendências e avaliar o potencial que elas apresentam para as cooperativas.
No fim das contas, nem toda tendência se consolida como realidade. Algumas alcançam o potencial e se tornam essenciais para aprimorar a gestão, por meio de novas tecnologias ou práticas que suprem demandas da sociedade. Por outro lado, outras tantas ficam pelo caminho. Só é possível saber qual é qual com tempo, análise crítica e acompanhamento de mercado.
As tendências para 2023 são ecléticas, passando desde a adoção de inovações tecnológicas até a mudança de comportamento tanto dos consumidores quanto dos trabalhadores. Além disso, em um mundo onde a digitalização progride incessantemente, esses elementos se mesclam, de forma que o humano e o tecnológico não podem ser separados.
Portanto, veja a lista que preparamos com cinco tendências de negócios para sua cooperativa ficar de olho em 2023:
1. Consolidação da transformação digital
A transformação digital já é um processo que vem acontecendo com o passar dos anos. A tecnologia comprova, mais do que nunca, que pode ser uma aliada excepcional para a gestão dos negócios. Neste artigo, por exemplo, explicamos como os dados podem ajudar com que os gestores tomem melhores decisões.
Só que, o que até então era considerado um diferencial, deve, em 2023, se tornar essencial para a competitividade dos negócios. Mesclando as novas tecnologias, que ficam mais completas e aperfeiçoadas, às pessoas, que nutrem hábitos cada vez mais inseridos no ambiente digital, a transformação é inescapável.
A presença digital se consolida como fator imprescindível nos negócios. Afinal, a internet se tornou parte central para o cotidiano das pessoas. Um levantamento da NordVPN projeta que os internautas passam 54% do tempo online.
Com isso, os negócios precisam estar onde os consumidores estão. Essa lógica vale mesmo para quem não pratica o e-commerce, pois a presença digital também funciona como forma de divulgação, intermediação para negociações e exibição de portfólio, dentre outras funcionalidades.
Adesão às ferramentas de Inteligência Artificial (IA)
A Inteligência Artificial (IA) terminou o ano como uma das protagonistas em relação às ferramentas tecnológicas digitais. Boa parte dessa atenção se deve a ferramentas como o Dall-e, uma IA que cria imagens a partir de comandos dos usuários, e o ChatGTP, que mantém conversas por texto.
Como o InovaCoop explicou, a inteligência artificial define situações em que sistemas computadorizados são capazes de mimetizar a inteligência humana na execução de tarefas. A IA, assim, é usada nos chatbots, potencializa robôs autônomos, tem empregabilidades em serviços financeiros, aplicações na área da saúde e da logística, dentre outros.
Além dessas aplicações que apresentam ao público geral o potencial da IA, os negócios também estão desenvolvendo recursos em torno do conceito da inteligência artificial. A IA, por exemplo, ocupa dois itens na lista da Gartner que enumera 10 tendências de tecnologia estratégica para 2023:
- Confiança, risco e gestão da segurança: a IA demanda uma nova forma de exercer esses valores, que são fundamentais para os negócios na era digital. Com isso, as organizações vão conseguir tirar o máximo proveito da tecnologia como uso de dados ao mesmo tempo em que respeitam a segurança e a privacidade das informações.
- Inteligência Artificial adaptativa: o valor operacional da inteligência artificial está na capacidade de adaptar, desenvolver e manter o potencial para que ela seja usada em diversas áreas da organização. Isso quer dizer que a engenharia para a IA privilegiará modelos dotados de maior flexibilidade.
Crescimento do 5G
Em 2022, a internet de quinta geração, o 5G, finalmente começou a ser implementada no Brasil. Elementos como a alta velocidade, baixa latência e estabilidade de conexão são fatores que contribuem para a aceleração da transformação digital.
Apesar de alguns atrasos, o ano de 2022 terminou com o 5G disponível em todas as capitais brasileiras, além de outras grandes cidades. Para 2023, a meta é ampliar a quantidade de antenas nas capitais e no Distrito Federal. Assim, a ideia é ter, no mínimo, uma antena para cada 50 mil habitantes. Isso vai difundir a tecnologia e incentivar a adoção da nova conexão.
2. Consciência ambiental
A sigla ESG – que descreve as iniciativas ambientais, sociais e de governança – nunca esteve tão em alta no mundo dos negócios. As preocupações com a sustentabilidade e o meio ambiente ganham ainda mais protagonismo perante o necessário combate às mudanças climáticas.
Durante a 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas – COP27 – líderes governamentais e dos negócios debateram os próximos passos no combate ao aquecimento global. Os dados revelados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontam que os últimos oito anos podem ter sido os mais quentes já registrados.
Diante dessa realidade, a consciência ambiental está no centro dos planejamentos estratégicos para 2023. A valorização dos negócios sustentáveis deriva tanto das mudanças de hábito dos consumidores, que valorizam produtos verdes, quanto das próprias dinâmicas de mercado. As iniciativas ambientais já estão sendo levadas em conta nas análises de crédito, por exemplo.
Além disso, um relatório da ONU indica que a maior parte dos países está atrasada em relação a seus compromissos de reduzir emissões de carbono. Enfrentar esse problema é papel da sociedade como um todo – governo, sociedade civil, empresas mercantis e cooperativas – o que representa uma das principais tendências de negócios para 2023.
ESG no coração do planejamento estratégico
O aumento na demanda pelas iniciativas ESG vai impulsionar, ainda, a criação de áreas internas dedicadas ao tema. Nessa seara, o futurista Bernard Marr acredita que, em 2023, o ESG deve ocupar um espaço central nas estratégias corporativas.
Marr argumenta que o começo desse processo é mensurar os impactos que cada negócio causa no ambiente e na sociedade. Em seguida, esses efeitos devem ser tratados com transparência e responsabilidade. No mais, a preocupação com a sustentabilidade deve percorrer toda a cadeia produtiva, começando com os fornecedores.
Na estratégia das cooperativas
No cooperativismo, o ESG também está ficando mais presente. Segundo um estudo da consultoria PwC, as cooperativas de crédito têm sido cada vez mais demandadas pelos seus cooperados para que se posicionem em relação aos pilares do ESG.
Em entrevista para o ConexãoCoop, Ênio Meinen, diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, aponta que a demanda dos cooperados por iniciativas sustentáveis vai aumentar a importância do ESG no planejamento estratégico das coops.
“Tomando por referência a indústria financeira, organizações concorrentes, ao passarem a dar ênfase aos direcionadores ESG, tenderão a reduzir a sua distância em relação às cooperativas. Se as coops não expandirem as suas ações, bancos e outros operadores desse mercado poderão superá-las em expressividade e efetividade em tais fundamentos”, explica.
3. Atenção à proteção de dados
O valor dos dados cresce sem parar. Não é à toa que eles são considerados o novo petróleo,. Na era do Big Data, eles estão intrinsecamente conectados às metodologias de gestão.
Contudo, a partir das ferramentas para a coleta de dados e a abundância na disponibilidade de informações obtidas no ambiente digital, uma preocupação levanta um questionamento: os dados estão seguros?
Para os negócios, os dados proporcionam informações de mercado que ajudam a traçar perfis refinados do público alvo, entender a jornada de compra e fazer pesquisas mercadológicas. Entretanto, uma série de vazamentos de dados ocorridos nos últimos anos – como o caso do Facebook, por exemplo – minaram a confiança dos usuários.
Com isso, a proteção de dados pessoais, puxada pela desconfiança dos internautas e o escrutínio do poder público, será um ponto de atenção para os negócios em 2023.
Lei Geral de Proteção de Dados
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor em 2020, mas 2023 será um ano importantíssimo na sua aplicação. Isso acontece devido à publicação da agenda regulatória da ANPD, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, em novembro de 2022. A ANPD é a agência responsável pela fiscalização da legislação.
Isso quer dizer, na prática, que as sanções previstas para quem descumprir a LGPD devem começar a valer em 2023. Diante desse cenário, a adequação às normas previstas pela lei precisa ser prioridade para a gestão de dados.
Isto é: o respeito à proteção de dados e à LGPD significa tanto evitar punições e multas pelo descumprimento das regras legais quanto a conquista da confiança dos clientes e cooperados. Somando esses fatores, esse ponto se destaca dentre as tendências de negócios para 2023.
4. As novas realidades do trabalho
Tamanhas mudanças comportamentais e tecnológicas impactam, como não poderia ser diferente, nas dinâmicas de trabalho. Fenômenos de 2022 já denunciaram que tem coisa mudando na forma com que as pessoas enxergam e lidam com a vida profissional.
Um deles foi o movimento de pedidos de demissão, denominado como great resignation (grande renúncia). Esse fenômeno é fruto de uma onda de insatisfação com a cultura profissional vigente. Os quatro principais motivos são, segundo Alexandre Pellaes, consultor de gestão da HSM:
- Cultura tóxica das empregadoras;
- Insegurança dentro da organização;
- Excesso de pressão;
- Falta de reconhecimento profissional;
Outro reflexo das mudanças de expectativas dos colaboradores que ganhou as manchetes foi o quiet quitting (demissão silenciosa). Neste caso, em vez de pedir as contas, os colaboradores limitam sua atuação dentro do local de trabalho, evitando longas jornadas e reduzindo o esforço dedicado ao emprego.
Ou seja: esses fenômenos explicitam a busca por um equilíbrio maior entre trabalho e vida pessoal. Assim, esse quesito terá de ser levado em consideração na cultura organizacional para otimizar a atração e retenção de talentos. O bem-estar profissional será o foco do RH em 2023.
A consolidação do trabalho remoto e híbrido
Com o isolamento social derivado da pandemia de covid-19, o trabalho remoto passou por um crescimento sem precedentes em 2020. Com isso, muitos se perguntaram: essa tendência vai perdurar após a flexibilização?
Segundo uma pesquisa da plataforma de empregos Catho, a resposta é positiva. Os profissionais que têm a possibilidade de trabalhar remotamente optam por esse modelo. É o caso, por exemplo, dos profissionais de tecnologia.
O levantamento da Relevo aponta que 83,4% dos trabalhadores da área preferem trabalhar remotamente. Além disso, boa parte deles (40,4%) considera mudar de trabalho caso a organização em que trabalham exija o retorno ao modelo 100% presencial.
5. O futuro da internet
A internet passa por um momento de transição e incertezas. Por isso, é difícil prever exatamente o que vai dar certo ou não no ambiente digital. O que não impede, todavia, que apostas altas sejam feitas.
É o caso do metaverso, um universo digital onde pessoas, por meio de seus avatares, interagem entre si e com outros objetos. O grande fiador do metaverso é a Meta (antigo Facebook), que investiu pesado no conceito e atraiu outros grandes nomes da economia. Acontece que, por enquanto, a aposta não tem dado o resultado esperado.
Como o conceito ainda não emplacou, 2023 deve ajudar a entender se o metaverso é apenas uma moda passageira ou se ele é capaz de amadurecer e galgar espaço na vida digital. A Gartner é uma das que acredita na ideia: a consultoria estima que, até 2027, 40% das grandes organizações terão projetos ligados ao metaverso. Isto é: vale ficar de olho.
Aplicações do blockchain
Especialistas e estudiosos acreditam que a internet está passando por uma transição da Web2, dominada pelas big techs, para a Web3, descentralizada e focada no usuário. Esse movimento deve muito ao desenvolvimento da tecnologia de blockchain, que serve de base para as criptomoedas e os NFTs.
João Zechin, sócio-fundador da Fuse Capital, acredita que as stablecoins (moedas digitais com lastro em ativos reais) devem ganhar força. Um dos principais exemplos de stablecoin no Brasil, a propósito, vem da cooperativa Minasul: o CoffeCoin, lastreado em café.
Também é o blockchain que permite o desenvolvimento das DAOs, organizações autônomas descentralizadas geridas por meio de contratos inteligentes. Em 2023, essas organizações devem ser mais difundidas devido ao seu modelo descentralizado e transparente. Elas têm muito a ver com as cooperativas, inclusive.
Omnicanalidade e imersão na jornada de compra
Os consumidores estão utilizando uma ampla gama de plataformas e canais em suas compras, conforme descobriu um estudo da consultoria PwC. Ao todo, 81% dos entrevistados responderam que compraram em três ou quatro canais durante os seis meses anteriores.
Isso demonstra a necessidade de ofertar um caminho amplo para os consumidores, de forma a atender os novos hábitos. Afinal, a oferta de produtos conectados não para de crescer.
Anteriormente, utilizar um computador era o único caminho para realizar uma compra online. Agora, vários outros aparelhos cumprem esse papel: celular, televisão, relógios, tablets, dentre outros. É comum que uma mesma jornada de compra seja feita por meio de mais de um desses canais, e 2023 vai cobrar essa presença.
Acompanhar as principais tendências no mundo dos negócios é essencial para fortalecer a assertividade na hora de tomar decisões e elaborar o planejamento estratégico. Quando a cooperativa está por dentro das movimentações de mercado, ela fica mais preparada para encarar as mudanças, absorver os novos recursos e suprir as demandas da sociedade.
O ambiente de negócios passa por um momento de dinamismo inédito, o que só aumenta a importância da integração de inovações que agregam valor. Somando o acompanhamento das tendências, o senso crítico e a capacidade de enxergar as oportunidades, as cooperativas fortalecem a sua presença no mercado e, consequentemente, o modelo de negócios do coop.
Fonte: Conexão Coop
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