Tentar levar o trabalho da maneira mais agradável e leve possível tem sido o conceito do momento. Colaboradores felizes e satisfeitos produzem mais, melhor e adoecem menos apontam as pesquisas. Um relatório sobre o Estado da Força de Trabalho Global, produzido pela Gartner em 2022, concluiu que apenas 21% dos colaboradores se envolvem com os seus trabalhos e cerca de 33% a afirmaram prosperar no que diz respeito ao seu bem-estar geral.
Os baixos índices de colaboradores satisfeitos preocupam as empresas, as cooperativas e os especialistas. A grande questão é o que fazer quando o emprego não é exatamente um `mar de rosas’. Foi nesse cenário que surgiu uma nova opção, o Quiet Thriving ou a ideia de prosperar silenciosamente. Essa nova maneira de viver o trabalho defende a ideia de criarmos maneiras positivas de lidarmos com o que não gostamos no nosso dia a dia coorporativo. A ideia nasceu com a psicoterapeuta de Nova York chamada Laesley Alderman, que foi citada em um artigo no Washington Post, trazendo pela primeira vez o conceito.
Quiet Thriving é um conceito que promove o crescimento e o bem-estar dos membros de uma cooperativa em um ambiente calmo e equilibrado. “Trata-se de valorizar a contribuição de cada cooperado, independentemente do seu perfil, reconhecendo a importância da escuta ativa e da participação igualitária para o sucesso coletivo. Vale lembrar que, ao adotar o Quiet Thriving, as cooperativas podem criar um ambiente que valoriza a contribuição de todos, promovendo um crescimento sustentável e bem-estar coletivo. Em uma cooperativa, o conceito incentiva a cooperação e o respeito mútuo, criando um ambiente propício para que todos prosperem e alcancem seus objetivos de forma sustentável”, explica Isabela Teles Ferreira, Gestora de Desenvolvimento Humano.
Os benefícios
Ao adotar o Quiet Thriving os colaboradores das cooperativas e empresas contribuem para a construção de um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Conrado Balut, Jornalista e apresentador do programa Arquibancada 012, explica que essa maneira de vivenciar o trabalho é uma prática onde cada pessoa pode alcançar seu potencial máximo, encontrar satisfação e crescimento profissional, mesmo sem adotar um estilo de liderança ou comportamento extrovertido. “Vejo e entendo como sendo uma abordagem que valoriza a introspecção, a escuta ativa, e a tomada de decisões reflexivas. Isso permite aos colaboradores prosperarem em um ambiente menos agitado e mais propício ao desenvolvimento de suas habilidades e talentos naturais”, lembra Balut.
Vários aspectos são estimulados nessa forma de enfrentar o trabalho. Uma delas é por meio do fomento da criatividade e inovação. “Em locais mais calmos, os colaboradores podem concentrar-se melhor em suas ideias e projetos, o que resulta em soluções mais inovadoras para os desafios enfrentados pela organização”, exemplifica Conrado.
Fora isso, com a adoção desse conceito há uma educação do estresse e da sobrecarga, ao permitir que os colaboradores se engajem em suas tarefas de forma tranquila. Outros fatores interessantes são o do aumento da produtividade e da eficiência. Pois com menos distrações e interrupções, os colaboradores conseguem concentrar-se nas suas atividades de forma mais eficiente, resultando em maior produtividade individual e coletiva.
Além de melhorar a comunicação com a equipe, ao incentivar a escuta ativa e a participação equitativa. “O quiet thriving pode aprimorar a comunicação interna e fortalecer o trabalho em equipe”, lembra o jornalista.
Os seus benefícios do “quiet thriving” nas cooperativas
Os benefícios do “quiet thriving” são especialmente relevantes para cooperativas. Segundo Isabela Teles Ferreira, Gestora de Desenvolvimento Humano, eles se baseiam na premissa de que cada membro possui habilidades e contribuições únicas. Veja alguns deles abaixo:
a) Fortalecimento da cooperação: ao adotar uma cultura de quiet thriving, os membros da cooperativa aprendem a trabalhar juntos de maneira mais harmoniosa, respeitando as diferenças e valorizando a participação ativa de todos.
b) Estímulo à participação equitativa: o quiet thriving promove um ambiente no qual as vozes mais introvertidas ou menos expressivas são ouvidas e respeitadas, garantindo que todas as ideias sejam consideradas durante o processo de tomada de decisão.
c) Fomento da confiança: ao criar um espaço onde os membros se sentem valorizados e compreendidos, a confiança entre os cooperados é fortalecida, o que impulsiona a cooperação e a busca por objetivos comuns.
d) Sustentabilidade organizacional: ao respeitar os limites e necessidades individuais, o quiet thriving ajuda a prevenir esgotamentos e conflitos internos, promovendo a continuidade e a estabilidade da cooperativa.
Como aplicar o Quiet Thriving na cooperativa em poucos passos
Os especialistas Conrado Balut, Jornalista e apresentador do programa Arquibancada 012 e Isabela Teles Ferreira, Gestora de Desenvolvimento Humano dão dez dicas para você aplicar o conceito em sua cooperativa
1. Criar um ambiente aberto e inclusivo: estimular a comunicação transparente e a colaboração em um espaço onde todos se sintam à vontade para expressar suas ideias e opiniões, independentemente de sua personalidade ou estilo de comunicação;
2. Valorizar a diversidade de perfis: reconhecer que a diversidade de personalidades e estilos de trabalho é uma riqueza para a organização. Isso significa não apenas respeitar, mas também aproveitar as diferentes habilidades e perspectivas de cada colaborador;
3. Promover a autorreflexão: incentivar os colaboradores a reservarem momentos para a autorreflexão, permitindo que identifiquem suas fortalezas e áreas de desenvolvimento, bem como a forma como preferem trabalhar;
4. Oferecer treinamentos e suporte: proporcionar programas de desenvolvimento pessoal e profissional que ajudem os colaboradores a melhorarem suas habilidades de comunicação.
5. Estimular a escuta ativa: incentivar todos os membros a ouvirem atentamente as contribuições dos colegas, garantindo que todos se sintam ouvidos e respeitados.
6. Criar espaços de reflexão: promover momentos de reflexão individual e coletiva, para que os cooperados possam avaliar suas metas e contribuições, bem como aprimorar suas habilidades.
7. Oportunidades de voluntariado: oferecer oportunidades para que os membros possam se envolver como voluntários em projetos ou iniciativas da cooperativa, fortalecendo o senso de pertencimento e comunidade.
8. Transparência nas decisões: seja transparente sobre as decisões tomadas pela cooperativa, explicando os motivos por trás delas e como elas beneficiam os membros.
9. Programas de incentivo à participação: crie programas que incentivem e recompensem a participação ativa dos membros em atividades da cooperativa, como eventos, comitês, grupos de trabalho etc.
10. Pesquisas e feedback: realize pesquisas regulares para entender as necessidades, expectativas e preocupações dos membros. Utilize essas informações para aprimorar os serviços e o funcionamento da cooperativa.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
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