As eleições estão chegando e com elas a preocupação em escolher os partidos e os candidatos, que tragam as melhores propostas para as cooperativas.
O cooperativismo é um modelo de negócio, que representa mais de 20 milhões de brasileiros cooperados, com uma movimentação econômica na casa de R$650 bilhões ao ano. Para que todo esse sucesso continue ocorrendo, é necessário ter o apoio dos Poderes Públicos.
Quem está dentro do movimento cooperativista percebe o quanto é fundamental levar em conta, na hora da escolha, os candidatos e partidos que valorizem as cooperativas e os cooperados.
Para se ter uma ideia do cenário político atual, existem mais de cinco mil projetos tramitando na Câmara dos Deputados e no Senado Federal com impacto direto ao cooperativismo.
No Executivo, são cerca de 200 novos normativos por mês com interesse para as cooperativas, sem contar nas dezenas de decisões judiciais expedidas todos os dias pelos Tribunais Superiores com ampla repercussão para o segmento.
Eduardo Lima Queiroz, coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB, explica que esse é um dos motivos pelo qual o cooperativismo precisa estar bem representado. “Para que tenhamos políticas públicas, legislações e entendimentos que favoreçam o desenvolvimento das cooperativas e do cooperativismo no Brasil. A ideia é que se promova, cada vez mais, o cooperativismo como instrumento de políticas públicas de inclusão produtiva, transformação social e de prosperidade para milhões de brasileiros. Um movimento com essa magnitude precisa ser devidamente representado nas principais esferas decisórias do país, e é isso que o Programa de Educação Política busca fomentar”, informa.
Nesse contexto, entram em cena os programas de Educação Política promovidos dentro e fora das cooperativas. E um dos principais é o Programa de Educação Política do Cooperativismo Brasileiro, criado pelo Sistema OCB em 2022, cujo objetivo é fomentar a cultura da participação política dentro do movimento, e fortalecer a representatividade nas principais instâncias de tomada de decisão, das esferas federal, estadual e municipal.
Participam do projeto mais de 20 Organizações Estaduais do Sistema OCB, com ações de conscientização política em todas as regiões do país. “Em 2022 o Programa de Educação Política foi implementado em nível nacional, realizando mais de 180 eventos, com a participação de 33 mil pessoas para debater a importância da participação e da representação política do movimento cooperativista. Temos visto esse movimento ganhar o país e ser percebido pela sociedade, opinião pública e os próprios tomadores de decisão”, conta o coordenador.
No Programa são oferecidos cartilhas, vídeos, cursos, seminários e reuniões organizados em cinco eixos, que vão desde o incentivo ao voto consciente e boas práticas no processo eleitoral, a elaboração de propostas para o desenvolvimento do país a partir do cooperativismo, a comunicação e a mobilização digital até o engajamento e participação cidadã nas decisões políticas de comunidades.
Eduardo reforça que a ideia é não restringir as ações ao processo eleitoral, mas permitir que elas despertem a conscientização da participação política a longo prazo.
Para esse ano, em especial, foram produzidos dois materiais, um deles é a cartilha Cooperativismo e as Eleições 2024, que serve como um guia completo de boas práticas no processo eleitoral. Ela indica o que é permitido às cooperativas e aos cooperados participarem do processo de forma íntegra, transparente e legítima. Também são oferecidas dicas para a escolha de candidatos comprometidos com o cooperativismo.
Já a cartilha Propostas Para Cidades Mais Cooperativas traz ideias de como os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores podem implantar políticas públicas por meio do cooperativismo. “Esse debate tem que estar cada vez mais presente não só nos órgãos diretivos, mas também em grupos de jovens, de mulheres e nos demais núcleos do quadro social das cooperativas. A educação política faz parte do processo de formação e desenvolvimento de lideranças executivas nas cooperativas, capazes de terem uma visão amplificada do ambiente externo para além da atividade do seu negócio”, indica o coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB.
EDUCAÇÃO POLÍTICA NA PRÁTICA
Além dos programas e cursos, algumas organizações, como o Sistema Ocemg, têm criado seminários e encontros para ampliarem a compreensão de seus gestores e dirigentes sobre a importância da conscientização política nas cooperativas. Um deles foi promovido em maio e contou com a participação de mais de 100 líderes cooperativistas de 43 cooperativas de Minas Gerais.
Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg, lembra que o grupo está atento às eleições de outubro e à oportunidade de ampliar a presença do cooperativismo mineiro nas políticas públicas municipais. “É nesse sentido que realizamos o Seminário de Educação Política do Cooperativismo Mineiro, que fomentou um amplo debate sobre a participação do nosso setor nas decisões políticas do país”.
Durante o evento foram apresentados painéis com os temas “As Relações Institucionais e Governamentais no Contexto do Sistema Ocemg”, “A Educação Política como Fator de Desenvolvimento Sustentável” e “Eleições Municipais de 2024: o papel dos prefeitos e vereadores e a participação do cooperativismo” com o procurador-geral do Ministério Público de Contas de Minas Gerais, Marcílio Barenco de Mello. As discussões reforçaram os pilares da democracia, a importância do conhecimento e da comunicação com os setores políticos, entre outros.
É essencial expandir as relações institucionais com os prefeitos, vereadores e engajar cada vez mais o modelo de negócios cooperativista nas questões políticas, que impactam diretamente o movimento e as comunidades. “Para isso, precisamos educar politicamente o cooperativista, ajudando-o a compreender o processo de representação e os meios de fortalecer a voz do nosso segmento. Participando na construção e no encaminhamento de propostas aos candidatos a cargos públicos, apoiando os representantes políticos que estejam comprometidos com as pautas prioritárias do setor, fortalecendo a Frente Parlamentar do Cooperativismo ou fomentando o engajamento político de jovens cooperativistas. Temos um papel fundamental e diferenciado no desenvolvimento sustentável do país”, finaliza Ronaldo.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
Matéria exclusiva publicada na edição 118 da Revista MundoCoop
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