Após dois anos do seu lançamento, chegando à marca de cerca de 15 milhões de clientes únicos e de 22 milhões de consentimentos ativos no sistema, o Open Finance segue sua agenda de evolução. Já são mais de 800 instituições participantes, entre obrigatórios e facultativos, de todos os portes, incluindo bancos, cooperativas de crédito e fintechs.
Para 2023, espera-se que as instituições participantes passem a oferecer o compartilhamento de dados sobre novos grupos de produtos e serviços, como investimento, seguro, previdência e câmbio; implementem funcionalidades direcionadas ao público Pessoa Jurídica; além de promoverem melhorias na jornada de compartilhamento de dados e de iniciação de pagamento.
Concebido como um projeto de médio a longo prazo, atualmente, já existem inovações em produtos como os agregadores financeiros, em que é possível visualizar todos seus produtos bancários numa instituição só; melhoria na qualidade de avaliação do crédito do cliente, possibilitando maior fluxo de portabilidade de crédito; e iniciadores de pagamento, que melhoram a experiência do cliente no pagamento em ambientes virtuais, tornando algumas etapas da jornada automáticas, como a mudança de aplicativo do celular para efetuar um pagamento via Pix, por exemplo.
“Os maiores efeitos do Open Finance, como a redução da assimetria de informação e a promoção da concorrência, serão percebidos ao longo do tempo, de forma gradual. Esses dois primeiros anos foram necessários para a estruturação desse ecossistema e a definição de uma agenda evolutiva. É um projeto extremamente complexo e com grande amplitude de mudança no Sistema Financeiro Nacional”, analisa o Chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro, João André Pereira.
O compartilhamento de dados no Open Finance ocorre a critério do cliente, que é dono dos seus dados financeiros, após concluídas três etapas fundamentais: i) consentimento junto à instituição que receberá os dados para fins da prestação de serviço ao cliente, ii) autenticação junto à instituição que mantém os dados que serão compartilhados e iii) confirmação que o cliente deseja realmente compartilhar os dados em questão. Esse consentimento, que tem prazo e finalidades determinados, pode ser revogado a qualquer tempo pelo próprio cliente.
As informações objeto do consentimento são compartilhadas criptografadas em um ambiente completamente digital e seguro por meio de APIs, tecnologia que permite que os sistemas das diferentes instituições conversem entre si de forma segura, ágil, precisa e sem a necessidade de centralização das informações. Os dados dos clientes permanecem apenas nas instituições que compartilham suas informações, com base no consentimento dado.
Cooperativismo de crédito no Open Finance
Os impactos do Open Finance perpassam por todo o sistema financeiro brasileiro – sendo assim, não é diferente com as cooperativas de crédito. O processo de digitalização do sistema financeiro constrói um ecossistema dinâmico, acirrando a competição, mas também disponibilizando recursos para melhorar a prestação de serviços.
Esse cenário apresenta oportunidades para o desenvolvimento de elementos que representam diferencial competitivo: novos associados, produtos, fortalecimento da saúde financeira, parceiros estratégicos, estratégia corporativa e evolução da cultura organizacional.
Dessa forma, a adesão das cooperativas de crédito apresenta aspectos favoráveis para a adesão ao Open Finance. Tanto que grande parte dos principais representantes do Ramo já aderiu ao sistema – para conferir, é só acessar esta lista com as instituições financeiras que já estão integradas ao Open Finance.
Impacto social das cooperativas no Open Finance
Com base no princípio de interesse pela comunidade, as cooperativas de crédito convertem seus resultados em benefícios para seus cooperados e para a região em que atuam. Uma vez que não vislumbram lucro, as coops promovem a concorrência com taxas mais baixas, o que resulta em melhores condições até mesmo para clientes de outras organizações.
Dentro dessa lógica, a tendência é que, com o compartilhamento de dados por meio do Open Finance, os impactos das cooperativas nas taxas serão mais abrangentes. Consequentemente, as demais instituições financeiras terão de adequar suas taxas e margens para competir com o cooperativismo de crédito.
Com isso, o impacto social do cooperativismo de crédito, que beneficia mesmo quem não é cooperado, será ainda mais amplo devido aos mecanismos do Open Finance.
Fonte: Banco Central/Inovacoop, com adaptação da MundoCoop
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