Inovar é preciso. Nos mais diversos aspectos e contextos, encontrar novas formas de ver o mundo e elucidar velhos dilemas é um processo constante e diário. De olho em fatores internos e externos, empresas e outros players estão observando de perto a chance de se tornaram as responsáveis para responder a grande indagação ou problema da vez.
Diante deste contexto, não são poucos os exemplos de empresas que vieram para transformar comportamentos, seja através de novas soluções ou posicionamentos. Algumas delas, se destacaram por mudarem a forma como vivemos, sendo listadas como as “mais inovadoras do Brasil”, pela Forbes. Entre os destaques, startups que mudaram a forma como nos alimentamos (o serviço de delivery iFood) e como cuidamos na saúde (a plataforma Alice, que solidificou o atendimento completo e humanizado). Em áreas base, como a energia, empresas como a Energisa e Carbonext, reforçaram a discussão sobre a origem e o fim da energia gerada, trazendo modelos de negócios sustentáveis e que buscam mitigar o impacto no meio ambiente.
De pequenas a gigantes e de centenárias a estreantes, um elemento faz a ligação entre todas elas: a vontade de remodelar e refazer a forma como as coisas eram feitas até aqui; componente que está no DNA do cooperativismo. Segundo dados da pesquisa Inovação no Cooperativismo Brasileiro, realizada pelo Sistema OCB, em 2021 pelo menos 84% das cooperativas entrevistadas consideravam a inovação um tema essencial para o desenvolvimento e crescimento do setor.
Diante deste aspecto, é simples observar que a inovação como um todo parte da mudança comportamental vista na sociedade, sendo essa o motivo e razão para a sua existência em primeiro lugar. “As transformações do mercado acontecem por conta de mudanças no comportamento do consumidor e da sociedade. Empresas que não percebem as mudanças de comportamento ficam estagnadas, perdem grandes oportunidades pois não conseguem acompanhar os novos anseios dos seus consumidores. Quem não percebe essas transformações de comportamento, acaba se tornando obsoleto muito rapidamente”, afirma Anderson Criativo, CEO do ONOVOLAB, o maior ecossistema independente de inovação do Brasil.
De olho no futuro
Mas por que seguir por este caminho? A resposta, se mostra no dia a dia: o consumidor mudou a sua postura diante do mercado, movimento que forçou as empresas a buscarem novos rumos, sobretudo em áreas onde a responsabilidade socioambiental era mínima. Essa transformação comportamental, se tornou um dos estopins para essa nova era de inovação, que observa comportamentos para definir novos passos. Com o indivíduo no centro de tudo, não é surpresa que algumas das iniciativas de inovação buscam atuar exatamente neste ponto, o relacionamento com o cliente, cooperado e associado.
Segundo o estudo realizado pela OCB em 2021, as áreas que mais ganham a atenção das cooperativas são exatamente as diretamente ligadas com a relação cooperado-cooperativa. Entre os destaques, os esforços são principalmente voltados ao atendimento ao cliente (64%), marketing e comunicação externa (60%), tecnologia (53%) e comercial, vendas e exportação (45%).
Na prática, novas ferramentas foram adotadas de modo a conhecer mais o cooperado, principalmente no período pandêmico, onde a relação próxima foi afetada. Entre as iniciativas, programas de mapeamento das vontades e anseios do cooperados utilizaram de métodos de design thinking para entender onde a cooperativa poderia melhorar. Cooperativas passaram a criar programas de fidelização de clientes – resultado direto da adição da nova técnica – premiando cooperados e estimulando a economia nas comunidades.
Visão macro
Contudo, mesmo que as cooperativas possuam bons exemplos de práticas inovadoras que buscam solidificar o trabalho das cooperativas, olhar além é necessário. Afinal, as cooperativas possuem muito o que ensinar a outras empresas de fora do sistema. Mas o que elas têm a aprender?
Na missão de buscar novos insights e estratégias, expandir o olhar através de ações de intercooperação e parcerias com outros players é necessário para a adoção de novos elementos capazes de colocar a cooperativas de igual para igual com o resto do mercado. Em um dos maiores exemplos do poder que essa iniciativa pode trazer, o espaço ONOVOLAB powered by Instituto Credicitrus, traz um ecossistema de inovação e conhecimento que promove intensas trocas. “[O espaço] tem um intuito muito claro que é provocar interações antes de qualquer outra coisa. A partir da hora que uma cooperativa passa a frequentar o ONOVOLAB, ela começa a conviver com startups, estudantes, executivos e outros. É na convivência com pessoas diferentes você aprender com elas e você ensiná-las também”, explica Anderson Criativo.
Como sair na frente, senão entendendo o ecossistema em que a cooperativas estão presentes? E mais, buscar os que elas precisam ainda alcançar? A partir da observação minuciosa e constante do mundo externo, torna-se possível identificar oportunidades para criar e enfim, inovar. Afinal, inovação não é estado único e pontual, ela surge em meio ao estímulo de um pensamento inédito, que busque a solução para os problemas mais simples e os mais complexos.
Porém, para que a inovação aconteça de forma efetiva, é necessário colocar a mão na massa, realizando um esforço coletivo, direcionado ao apoio e investimento a estratégias que promovam o tema nas cooperativas. Para isso, sistemas regionais e nacional devem trabalhar em conjunto, de forma a injetar recursos para que a inovação se torne uma realidade não apenas nas grandes cooperativas, mas principalmente nas pequenas.
Mais do que criar um projeto isolado, é vital estabelecer e construir uma cultura de inovação, constante e crescente, e que abrace todos os cooperados, lideranças, colaboradores e clientes. Para que haja um movimento forte, é preciso reforçar a importância de sempre buscar além. Inovar deve ser um sentimento coletivo. Somente assim, será possível dar o próximo passo.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop
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