O cooperativismo de crédito tem crescido rapidamente no Brasil nos últimos anos, impulsionado por sua atuação e negócio focados no desenvolvimento local, no retorno e na prosperidade da sociedade.
O modelo cooperativista empregado em diferentes ramos soma 1,2 bilhão de associados pelo mundo e mais de 3 milhões de cooperativas em 150 países. Quanto às cooperativas atuantes especificamente no crédito, nos Estados Unidos, por exemplo, o equivalente a 6 em cada 10 americanos em idade economicamente ativa são participantes.
No Brasil, são cerca de 770 cooperativas de crédito, com ativos que somam R$ 730 bilhões e um número de postos de atendimento que não para de crescer. O segmento, inclusive, tem se destacado no âmbito do sistema financeiro nacional, com avanço na ordem de 23,9% em 2023, contra 10,5% do restante do mercado.
Em termos de governança, as decisões das cooperativas são tomadas em conjunto pelos associados e todos usufruem dos resultados anuais proporcionalmente. Os associados também têm acesso a serviços que vão desde seguros, cartões a empréstimos.
Por ter proximidade com empresas de menor porte, e devido à sua diversificação geográfica, que vai de grandes centros a municípios menores, o cooperativismo de crédito é visto como um elemento essencial na promoção da inclusão financeira da população brasileira, principalmente nas áreas mais remotas.
O impacto positivo do cooperativismo no desenvolvimento dos municípios foi evidenciado em um estudo publicado recentemente pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) em parceria com Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (FIPE) e apoio do Conselho Consultivo Nacional do Ramo Crédito (Ceco).
O levantamento, que traz análise de dados entre 2018 e 2023, mostra que a abertura de cooperativas de crédito em municípios antes desassistidos gerou um incremento no PIB per capita equivalente a 10% da média nacional de 2021. Em termos de geração de emprego, notou-se a criação de 25,3 novos postos de trabalho por mil habitantes, o que corresponde a 15,1% acima da média nacional. No empreendedorismo, o crescimento foi de mais 3,2 estabelecimentos por mil habitantes.
Avanço pelo país
Com mais de 45 mil colaboradores, 2,8 mil agências e 104 cooperativas, o Sicredi soma hoje mais de 8 milhões de associados no Brasil e tem como objetivo alcançar 10 milhões até 2025. A maior parte é formada por Pessoas Físicas, 75%, seguida pelas Pessoas Jurídicas, 14%, das quais 74% referem-se a micro e pequenas empresas, 22% a microempreendedores individuais (MEI) e 4% médias e grandes. O alcance do Sicredi é tão amplo que ele pode ser visto como uma espécie de “raio-X” da economia real, uma vez que, das mais de 1,1 milhão de pequenas empresas no Brasil, 25% são associadas atualmente à instituição.
As cooperativas de crédito oferecem todos os serviços financeiros de uma instituição financeira tradicional, mas elas possuem alguns diferenciais que atraem a atenção de empresários como Érika de Souza Oliveira Silva, proprietária da empresa Arpé Calçados, com sede na cidade de Guaxupé/MG. Associada da cooperativa de crédito Sicredi, Érika aponta que o cooperativismo vai além do lucro.
“O nosso relacionamento com a cooperativa é muito bom e eu penso que as instituições financeiras precisam ter alma, precisam de gente e não só papel, então eu gosto muito do Sicredi porque a gente não é só “papel” por lá. Eu amo de paixão os projetos e programas sociais da cooperativa, que fazem muita diferença para a sociedade. Existe a questão econômica, todos precisam do lucro, mas é muito importante ter taxas justas e atender bem”, afirma a empresária.
O empreendedorismo feminino, inclusive, é um dos destaques dentro do setor. Em 2022, uma pesquisa feita pelo Sebrae constatou que 10,3 milhões de mulheres brasileiras são donas do seu próprio negócio.
“Os pequenos negócios são fundamentais para a economia de qualquer país, independente da perspectiva em análise, pois além de contribuírem para a geração de emprego e renda de forma geral, possuem um forte vínculo com as comunidades onde atuam”, destaca Marcelo Bueno de Morais, Superintendente de Produtos e Serviços da Central Ailos. Segundo ele, hoje 70% dos cooperados PJ são de pequenos negócios.
Ultrapassando a linha de uma essência que se encontra e resulta em um propósito compartilhado, as cooperativas de crédito nos últimos anos tem se voltado para o público empreendedor com um olhar especial. Foi a partir disso, que nasceram linhas de crédito personalizadas, que consideram a realidade de cada empreendedor, para entregar taxas mais competitivas e que se encaixam ao momento de cada negócio.
Com informações de Bloomberg e MundoCoop