OITAVO PRINCÍPIO
US$ 24 bilhões é o tamanho que o mercado global de marketing de influência atingiu em 2024, segundo o Influencer Marketing Hub. Além disso, o Brasil lidera o ranking mundial de influenciadores, com cerca de 500 mil no país, de acordo com o levantamento feito pela Nielsen. É inegável que últimos anos esse setor bilionário revolucionou as estratégias para ganhar e fidelizar novos públicos, descentralizando a veiculação das propagandas e levando-as para diferentes tipos de pessoas através dos influenciadores digitais.
Porém, como a maioria dos segmentos, esse também passa por uma transformação significativa: se antes o principal critério para a escolha de um influenciador era o número de seguidores, hoje, o que realmente importa é a conexão com a comunidade e a autenticidade. A superficialidade ficou para trás, e o mercado agora prioriza engajamento real, credibilidade e relevância.
De acordo com Camilla Covello, sócia-fundadora da agência de comunicação C2L e sócia-diretora da QGA – Quality Global Alliance, “as comunidades de nicho oferecem um engajamento mais qualificado, maior confiança e um público que realmente se interessa pelo conteúdo, tornando as campanhas mais autênticas e eficazes”.

A ascensão dos micro influenciadores
Esse recálculo na rota do marketing de influenciadores tem relação com o crescimento da “fadiga do influenciador” – um fenômeno no qual consumidores passam a desconfiar de conteúdo excessivamente comercial. As marcas, então, têm buscado estratégias mais autênticas para se conectar com o público. Um dos caminhos mais eficazes é apostar nos micro e nano influenciadores, que possuem audiências menores, mas extremamente engajadas.
Covello ressalta que “mais do que olhar para métricas de alcance, as marcas devem analisar a autenticidade do influenciador, seu histórico de engajamento e sua conexão com o público”. Essa abordagem permite construir relações mais duradouras e alinhadas aos valores das marcas.
O equilíbrio entre celebridades e micro influenciadores
As cooperativas também estão olhando para a estratégia de influenciar, e buscando o equilíbrio entre celebridades, grandes e micro influenciadores. O Sicredi tem investido fortemente no marketing de influência, combinando parcerias com grandes nomes da mídia e a valorização de influenciadores mais nichados.
Segundo João Clark, Superintendente de Marketing & Growth do Sicredi, “a expansão da marca no território nacional é um pilar essencial do ciclo estratégico atual. Nesse contexto, a parceria com celebridades que tenham sinergia com nosso propósito não apenas fortalece atributos e mensagens da marca, mas também preserva nossa essência: ser uma marca humana e próxima”.
Campanhas como “Ter com quem contar”, estrelada por Ana Castela e Léo Santana, são exemplos desse modelo de estratégia. Mas a abordagem do Sicredi vai além das grandes campanhas. Clark destaca que “micro influenciadores ampliam nosso alcance nas comunidades onde atuamos. Como instituição cooperativa, valorizamos essa proximidade para fortalecer nossa comunicação e impacto local”.
Oportunidades para as coops
Essa estratégia é uma oportunidade especial para as cooperativas. Seu compromisso com a comunidade é um diferencial competitivo que pode ser amplamente explorado no marketing de influência. Covello destaca que “as cooperativas podem investir em influenciadores locais e micro influenciadores que compartilham os mesmos valores, criar narrativas baseadas em histórias reais de impacto social e incentivar membros da própria comunidade a se tornarem embaixadores”.
João Clark reforça essa visão, destacando que a essência cooperativista posiciona o setor a frente dos demais: “a autenticidade das cooperativas é um grande ativo. Usar influenciadores que vivem essa realidade dá mais força à mensagem e evita a percepção de publicidade forçada”.
Mas como escolher o “influenciador ideal”?

Entendemos que o marketing de influência veio para ficar, todavia como escolher o influenciador certo? Essa decisão exige uma análise criteriosa. O alinhamento de valores é essencial para garantir coerência entre o conteúdo produzido e os princípios da marca. Mais do que números, o engajamento e a interação genuína com o público são os principais indicadores de sucesso. Segundo o relatório State of Influencer Marketing 2024, 92% dos profissionais de marketing acreditam que a autenticidade é essencial para o sucesso das campanhas.
Relações de longo prazo também são mais eficazes do que colaborações pontuais, pois geram credibilidade e conexão real. Covello acrescenta que “o marketing de influência não deve ser visto como um canal de venda direta, mas como uma forma de criar vínculos e reforçar valores. Cooperativas que adotam essa estratégia com inteligência têm um potencial enorme de crescimento”.
“De acordo com o estudo ‘Marketing Trends 2025’ da Kantar, as marcas precisam alinhar sua linguagem ao estilo e tom de voz dos influenciadores que dominam as comunidades com as quais desejam se conectar”, enfatiza Clark.
Veio para ficar?
A resposta é sim. O marketing de influência continuará evoluindo nos próximos anos, com tendências como a influência descentralizada, onde criadores menores e comunidades de nicho ganham relevância.
O futuro aponta a preferência dos consumidores por marcas alinhadas a causas reais, como os preceitos ESG. Uma nova tendência também apontada é a chamada Owned Influence, em que empresas investem na construção de seus próprios influenciadores internos, como colaboradores e especialistas.
O marketing de influência deixou de ser apenas uma estratégia de publicidade para se tornar um canal de comunicação direta entre marcas e consumidores. Para as cooperativas, essa é uma oportunidade de fortalecer sua presença digital. “As cooperativas têm uma vantagem natural: o propósito genuíno. Essa autenticidade é um diferencial no marketing de influência, porque conecta diretamente com consumidores que buscam marcas com impacto real”, conclui Covello.
Engajamento dos micro e nano influenciadores
- Comparação entre taxas de engajamento:
- Nano influenciadores (1.000 a 10.000 seguidores): ~6%
- Microinfluenciadores (10.000 a 100.000 seguidores): ~3%
- Macroinfluenciadores (100.000 a 1M seguidores): ~1,5%
- Celebridades (+1M seguidores): ~0,8%
(Fonte: Nielsen e Influencer Marketing Hub)
Por Andrezza Hernandes – Redação MundoCoop

Conteúdo exclusivo publicado na edição 122 da Revista MundoCoop