Uma nova fonte de riqueza tem movimentando a economia nacional e internacional: dados. Assim como o petróleo foi fundamental para as revoluções industriais e para o desenvolvimento da economia global, os dados são o combustível da nova economia.
Quando se fala em dados, o conceito pode incluir números, estatísticas, indicadores, séries históricas, pesquisas e muitas outras informações que possam de alguma maneira ser úteis para a tomada de decisões em um negócio. Ou seja, estamos falando de um oceano de possibilidades que precisa ser bem explorado.
Se para o mercado em geral dados são recursos importantes, para o cooperativismo financeiro eles têm valor incalculável, ajudando na transformação digital dos negócios e na otimização de produtos e serviços. Quer um exemplo?
Por manter uma relação de proximidade com os cooperados, as cooperativas têm a chance de fazer uma coleta mais detalhada de dados sobre os perfis e as necessidades financeiras de cada associado. Compilando e analisando corretamente essas informações, é possível personalizar serviços para oferecer soluções financeiras mais adequadas a cada associado.
A pergunta de um milhão de dólares é: como aproveitar todo esse potencial? Assim como o petróleo precisa ser refinado, dados brutos também devem ser avaliados, filtrados e conectados uns com os outros para ganhar relevância e fazer a diferença na administração de um negócio.
INTELIGÊNCIA AGREGADA
Com a internet e a economia globalizada, o acesso a milhões de dados está a um click de distância. O desafio é justamente trabalhar esses indicadores com inteligência e a partir da combinação ou cruzamento com outros, gerar informações estratégicas.
Esse trabalho de coleta, separação e organização dos dados de uma maneira que possa ajudar os gestores a tomar decisões é chamado de business intelligence (BI). A tarefa começa a partir do diagnóstico de que tipo de informações são potencialmente relevantes para gerar insights e levar a novas soluções. Depois, é hora de visualizar os dados em representações visuais, os chamados dashboards (painéis de dados), para facilitar a compreensão das informações. Finalmente, os dados são analisados para identificar padrões, pontos fora da curva e outros elementos que devam ser levados em consideração pelos gestores antes de tomar decisões.
A chave para o uso estratégico de dados está em aproveitar as informações disponíveis para tomar decisões baseadas em evidências, sem achismos. É claro que a experiência, o talento das lideranças e a intuição contam, mas decisões baseadas em dados sempre serão mais precisas e com maiores chances de levar a bons resultados.
Saber usar as informações a favor e com método reduz riscos, previne erros, aumenta o nível de acertos e leva a soluções mais rápidas e assertivas. Por isso a gestão guiada por dados (data driven management) tem se consolidado como uma estratégia eficiente em vários setores da economia e diferentes tipos de negócios, e, claro, também no cooperativismo. No setor, diversas ferramentas compilam dados importantes para o crescimento das cooperativas, como a ferramenta BureauCoop, onde as cooperativas financeiras contam com um painel de dados abertos que pode ajudá-las no processo de tomada de decisões.
UMA QUESTÃO DE SEGURANÇA
O uso de dados também tem sido fundamental na prevenção de fraudes. A análise de padrões de transações financeiras pode ajudar a identificar atividades suspeitas e prevenir problemas antes que eles ocorram.
Com o acesso aos dados e uso de tecnologias de inteligência artificial, é possível treinar os sistemas para analisar quais transações são seguras e quais oferecem riscos de fraude ou inadimplência, baseadas em um histórico e em padrões. Quando uma ameaça é identificada, o próprio sistema pode desabilitar a ação suspeita em tempo real, com bloqueio de acesso, por exemplo.
Como todas as transações ficam registradas para serem analisadas, o uso de dados também permite identificar movimentações fora do padrão e valores suspeitos, impedindo a lavagem de dinheiro, por exemplo, e outras fraudes.
É importante lembrar que a utilização dos dados deve ser feita de forma ética e responsável. A coleta de dados deve ser transparente e os usuários devem ter controle sobre suas informações pessoais. Além disso, é fundamental garantir que os dados sejam protegidos de vazamentos e roubos cibernéticos. Por isso, é impossível falar sobre gestão de informações sem mencionar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), criada para prevenir o uso indevido de informações privadas.
Em vigor desde 2021, a lei criou uma série de obrigações que as instituições que lidam com dados pessoais devem seguir para garantir a segurança dessas informações e evitar exposição e danos aos usuários. Em alguns casos, as regras incluem até a nomeação de um profissional específico para proteção de dados, o que vale também no ambiente das coops.
OPEN FINANCE
Uma ferramenta digital tem mudado a relação do sistema bancário e de serviços financeiros com seus clientes: o Open Finance, ou Sistema Financeiro Aberto, plataforma que permite às instituições financeiras compartilhar informações para oferecer produtos e serviços personalizados.
No Brasil, o sistema foi criado pelo Banco Central e já tem mais de 800 instituições participantes, entre elas muitas cooperativas financeiras. Criado como Open Banking, o conceito foi ampliado para ir além dos serviços bancários e incluir todo o ecossistema financeiro e produtos como seguros, previdência e investimentos.
A base do Open Finance são os dados dos clientes, compartilhados por meio da integração de sistemas das organizações autorizadas pelo BC, de forma voluntária, segura e gratuita, e sempre com o consentimento dos clientes e associados.
A integração permite que os clientes possam compartilhar seu histórico financeiro com as instituições que escolher, como contratação de empréstimos, limites de cartões, contas pagas, produtos contratados.
Essas informações são valiosas para as cooperativas financeiras porque permitem oferecer ao associado produtos e serviços baseados exatamente em seu perfil e suas necessidades.
Além disso, com o acesso aos dados compartilhados, as cooperativas conseguem acelerar a associação digital inteligente, aproveitando dados cadastrais fornecidos a outros bancos; e oferecer serviços como o agregador de contas, em que o cooperado consegue visualizar sua vida financeira em todas as instituições nas quais tem conta sem sair da plataforma ou aplicativo da coop.
Fonte: Confebras, com adaptação da MundoCoop
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