O cooperativismo brasileiro deu um passo significativo ao anunciar sua entrada no setor de seguros, um mercado que registrou faturamento de R$ 435,5 bilhões em 2024. A novidade foi oficializada em março, durante uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) do Sistema OCB, realizada em Brasília, que aprovou por unanimidade a criação do ramo exclusivo “Seguros”. O objetivo é garantir uma participação forte e representativa das cooperativas nesse setor em expansão.
Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, a criação do novo ramo representa um marco histórico para o cooperativismo nacional. Ele destaca que a medida é uma consequência da recente sanção da Lei nº 213/2025, que autorizou as cooperativas a ingressarem no setor.
Segundo Lopes de Freitas, a expectativa é que o mercado de seguros cresça 15% ao ano, o que coloca as cooperativas em uma posição estratégica. “Abrimos um novo caminho para as cooperativas poderem atuar no mercado segurador de forma justa e acessível”, complementa.
A nova legislação estabelece um marco regulatório para cooperativas de seguros e associações de proteção patrimonial. Entre os avanços previstos, estão a criação de novas formas de distribuição, o aumento do acesso ao mercado e a modernização das práticas regulatórias, alinhando o Brasil aos padrões internacionais.
Cooperativismo deve tornar seguros mais acessíveis
A iniciativa também visa ampliar o acesso da população a seguros mais inclusivos e gerar um impacto socioeconômico positivo para milhões de brasileiros.
O presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, reforça o papel fundamental do cooperativismo de seguros para a competitividade do setor no Brasil. Ele afirma que as cooperativas têm o potencial de oferecer produtos e serviços financeiros mais justos e eficientes.
“O cooperativismo de seguros veio para agregar com oferta de produtos e serviços financeiros justos e eficientes”, ressalta.
Scucato também garante que o Sistema Ocemg estará comprometido a oferecer suporte técnico e capacitação às cooperativas mineiras para que possam atuar com governança e competitividade nesse novo setor.
Durante o seminário “Cooperativismo de Seguros: um novo capítulo para o coop”, evento para esclarecer o potencial do setor de seguros para as cooperativas, a advogada Angélica Carlini destacou que, apesar da importância do seguro como ferramenta de proteção financeira, a adesão ainda é baixa no Brasil.
“O seguro sempre existiu como ferramenta de proteção financeira, mas, aqui, no Brasil, a adesão ainda é baixa: apenas 17% das residências são seguradas, enquanto em países desenvolvidos esse número ultrapassa 90%. Isso mostra o potencial das cooperativas para crescer no segmento. Se as cooperativas de seguros forem bem estruturadas — com governança, transparência e foco na sustentabilidade — elas podem mudar a forma como os brasileiros lidam com riscos e proteção financeira”, explica.
Setor de seguros em crescimento
O setor de seguros é um mercado promissor que pode ser bastante rentável para as cooperativas brasileiras. Durante o seminário realizado pelo Sistema OCB, o consultor da Federação Internacional de Seguros Cooperativos e Mútuos (ICMIF), Edwar Potter, aponta o tamanho deste mercado e salienta a importância de um marco regulatório adequado.
“O cooperativismo de seguros movimenta US$ 1,41 trilhão por ano e cobre quase 900 milhões de pessoas no mundo. Sua consolidação dependerá de um marco regulatório adequado, tecnologia acessível e produtos adaptados às necessidades dos cooperados”, revela.
Para o presidente da Escola de Negócios e Seguros (ENS), Lucas Virgílio, a capacitação de cooperativas e profissionais é fundamental para o sucesso do ramo de seguros. “A capacitação de cooperativas e profissionais será decisiva para consolidar o novo ramo do cooperativismo [Seguros] no País. A entrada das cooperativas no segmento traz muitas oportunidades, mas exige conhecimento técnico para garantir segurança aos cooperados e confiança ao mercado”.
Fonte: Diário do Comércio