Buscando dar melhores condições de trabalho para motoristas das cinco regiões do país, as cooperativas de transporte estão se mobilizando para a criação de um aplicativo nacional com poder de competir ao lado das plataformas populares como o Uber e a 99.
Atualmente em fase final de estudos, o lançamento do app deverá usar uma plataforma com código fonte de propriedade das cooperativas, através da Federação Nacional de Cooperativas de Mobilidade Urbana e Transporte de Pessoas, organização que nasceu junto com o projeto.
Segundo Marcio Guimarães, Presidente da Cooperativa de Mobilidade Urbana do estado do Rio Grande do Sul (Comobi/RS), o aplicativo será uma importante ferramenta para o ramo de transporte de passageiros, dando autonomia e maior segurança para os motoristas. Além disso, a junção de cooperativas de todo o país em uma única plataforma, deve alavancar a fatia de mercado das cooperativas, que poderão competir de forma considerável com plataformas já estabelecidas. “Nosso principal objetivo é compor um aplicativo nacional que tenha de fato condições de enfrentamento contra as grandes big techs. Hoje é muito difícil uma cooperativa individualmente enfrentar esse grande poder econômico das grandes big techs. A gente vê dentro desse nosso movimento uma possibilidade real de obtermos uma fatia de mercado, para conseguirmos assim termos maior qualidade de vida para os motoristas de aplicativo”, explica Guimarães.
Iniciado há mais de dois anos, as conversas sobre um aplicativo único para as cooperativas de transporte de passageiros nasceram com a mobilização de 3 cooperativas, número que hoje já saltou para 12. Segundo Guimarães, testes já estão em andamento. “Estamos com alguns testes já, em uma intercooperação com aplicativo único, entre as Cooperativas: COMOBI/RS, COOPAMA (São Carlos/SP) e COOPERTRANS (Imperatriz do Maranhão/MA), com o app LIGA BY COMOBI, que deverá ser doada a marca registrada que hoje é de propriedade da COMOBI/RS, para a Federação Nacional, e assim passará a levar o nome de LIGA COOP. Este de fato o primeiro teste para buscaremos a viabilidade de um app intercooperado nacionalmente”, frisa.
Além de mobilizar as cooperativas para um trabalho conjunto em prol do projeto, os idealizadores promoveram ainda um encontro para expandir os trabalhos. “Realizamos também o evento CoopMob, organizado pela COMOBI/RS (através do seu app LIGA BY COMOBI) e pela Casa Cooperativa de Nova Petrópolis, tendo como organizadores o advogado cooperativista e estudioso do cooperativismo de plataforma, Dr Fernando Lucindo, e a Conecta ME; além do incentivo da anfitriã, a Sicredi Pioneira. O evento, que buscou incentivar os estudos e intercooperação entre as cooperativas de plataforma, foi um sucesso e terá a sua segunda edição em agosto, em Nova Petrópolis”, frisa.
Questionado sobre a importância da criação do app para as cooperativas do setor, Guimarães destacou o impacto na vida dos cooperados. “Vemos este como o projeto capaz de trazer inclusão social aos colegas motoristas de app, pois aqui de fato somos os verdadeiros protagonistas, onde temos o direito, voz e o poder de decisão”, destacou.
Além de possibilitar uma maior competitividade, o novo aplicativo deve ainda trazer inúmeros benefícios para os motoristas cooperados, como a prática de taxas mais baixas. Segundo idealizadores, a expectativa é que a plataforma cobre uma taxa de 15%, valor abaixo dos 42% e 35% praticados pela Uber e 99, respectivamente.
No próximo passo, os idealizadores da plataforma apresentação o projeto para a Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária- Senaes, onde devem destacar a importância do app como uma alternativa sólida para a inclusão social dos motoristas de aplicativos. A expectativa é que o lançamento oficial ocorra ainda neste primeiro semestre.
Movimento global
Além de encontros entre as cooperativas envolvidas no desenvolvimento da plataforma, até o momento já foram realizadas três reuniões com a The Drivers Cooperative (TDC), cooperativa nascida no ano de 2020 em Nova York e que atualmente conta com 90 mil motoristas associados.
A possibilidade de criar um aplicativo unindo esforços internacionais já está no radar com cooperativas de países como França, Inglaterra e Alemanha, e tem se firmado como uma tendência em meio ao sucateamento das atividades que fazem parte da chamada ‘economia de plataforma’. Com o lançamento de aplicativos do tipo, espera-se que os profissionais desta e de outras categorias, possam novamente ganhar autonomia em sua atividade, além de terem direito a benefícios básicos e rendimentos maiores do que os praticados pelas plataformas tradicionais.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop
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