A convite do Exporta Mais Brasil, programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), nove compradores internacionais oriundos da Bulgária, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, França, Peru, Índia, Polônia e Canadá vieram a Brasília, nos dias 16 e 17 de maio, com o objetivo de fazer negócios com 18 cooperativas brasileiras do ramo agropecuário. A expectativa de gerar mais de R$ 10 milhões em negócios para os próximos 12 meses como resultado dos encontros mostrou que as cooperativas nacionais estão prontas para conquistar o mundo – e essa é a aposta da ApexBrasil. Com o apoio da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Agência promoveu uma ação internacional exclusiva e presencial para o setor pela primeira vez.
“O Exporta Mais Brasil é uma ação que a ApexBrasil desenvolveu a partir do último ano, em que a gente busca desenvolver outras vocações exportadoras, de outras regiões brasileiras, justamente pensando em promover o desenvolvimento regional e fazer com que outros tipos de empresas, de empreendimentos e de organizações produtivas participem do esforço exportador brasileiro”, disse a diretora de Negócios da Agência, Ana Paula Repezza, durante a solenidade de abertura da rodada que ocorreu na sede da ApexBrasil, na capital federal.
“Uma cooperativa não é uma empresa. A cooperativa é um jeito diferente de organizar a produção, é democrático, envolve muitas pessoas e é um jeito diferente de produzir’, afirmou o gerente de Agronegócio da Agência, Laudemir André Muller. “Por trás de cada produto tem uma família, tem um sonho, e a ApexBrasil está empenhada em estimular essa forma de desenvolvimento que beneficia muitos produtores rurais e tem como base a agricultura familiar”, reforçou.
Rodadas de negócio
Ao todo, foram 77 reuniões de negócios durante dois dias de agenda na sede da ApexBrasil, em Brasília. Olga Oliveira, representante comercial da distribuidora de produtos brasileiros em Paris, França, disse que veio à procura de produtos diferenciados, com valor agregado, e foi exatamente o que ela encontrou. “Fiquei surpresa com as ofertas, com as oportunidades e vamos fechar negócios aqui”, disse. Ela explica que a demanda dos franceses por produtos naturais e orgânicos está em alta, e que o açaí e o própolis, por exemplo, têm muito potencial para vendas por lá.
“Somos 160 cooperados e produzimos, além de açaí, polpas de frutas, cacau e pimenta do reino”, conta o gerente comercial da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA), José Ono. Com amostras do açaí em mãos, ele disse que o produto foi o que mais fez a cabeça dos compradores. “Vamos certamente realizar novas vendas a partir dos encontros de hoje”, afirmou José, reforçando que o mais interessante das rodadas é a oportunidade de networking para futuros negócios. Com o apoio da ApexBrasil, a CAMTA já participou de outras rodadas de negócios e feiras no Japão e Paris e já exporta para países como Alemanha, Suriname, México e Argentina.
Uma das participantes também foi a COOPTAITER, Cooperativa de Produção e Desenvolvimento do Povo Indígena Paiter Suruí, de Cacoal (RO), composta por 250 cooperados indígenas da etnia Suruí que produzem castanha-do-Brasil. Com o apoio de um representante enviado pela OCB-RO para auxiliar nas negociações, a cooperativa iniciou uma tratativa com o comprador da África do Sul, Marthinus Westhuizen, para a venda de 16 mil kg do produto até o final do ano.
Outra interessada na castanha-do-Brasil foi Ana Paula Paura, gerente da distribuidora dos Emirados Árabes Unidos, Bellomassi Foods. “A embalagem é muito bacana, fala sobre a etnia, sobre quem produz, e é um produto pronto para vender”, comentou. Ela disse que está sempre em busca de produtos exclusivos, que contêm brasilidade. Além da castanha, Ana Paula se interessou também pelo suco de uva da Cooperativa Aurora, do Rio Grande do Sul, e disse ter avançado nas negociações. “Vamos levar com certeza o suco de uva e me interessei muito pelo frisante sem álcool que eles me apresentaram”, disse.
Mulheres à frente do negócio
A Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM), de Minas Gerais, também participou das rodadas do Exporta Mais Brasil dedicado às cooperativas. A COOPFAM tem liderança feminina e é composta por 540 famílias, sendo 90 produtoras mulheres que produzem o “Café Feminino da COOPFAM”. A mobilização delas gerou o grupo “Mulheres Organizadas Buscando Igualdade”, Mobi, que culminou em 2020 no selo Café Feminino. Segundo a diretora e produtora da COOPFAM, Paula Alves, foi o selo que abriu as portas do mundo para elas. Atualmente, a cooperativa exporta para os Estados Unidos e países da Europa. Para a supervisora de vendas da cooperativa, Mariana Araújo, apresentar o produto frente a frente aos compradores internacionais, e com o apoio da ApexBrasil, é mais uma porta que se abre para o sucesso da jornada exportadora da COOPFAM.
Conforme o novo estatuto social da Agência, as cooperativas de agricultura familiar lideradas por mulheres e/ou que já tenham sido capacitadas para exportação pelo PEIEX (Programa de Qualificação para Exportação) da ApexBrasil receberam pontuação extra no ranqueamento de seleção para participar das rodadas. Desde junho do ano passado, quando criou o Programa Mulheres e Negócios Internacionais, a ApexBrasil tem aplicado uma lente de gênero nos seus programas e projetos, a fim de estimular a presença feminina no mercado internacional.
Visitas técnicas
Além de participar das rodadas de negócios com as cooperativas, os compradores internacionais tiveram a oportunidade de conhecer pessoalmente uma das cooperativas pioneiras da região do DF, a COOPA-DF, localizada a 65km de Brasília. Criada em 1978, hoje a COOPADF tem 190 associados, todos agricultores da região. O objetivo da visita, apoiada pela Secretaria de Relações Internacionais do Governo do Distrito Federal (SERINTER-GDF), foi mostrar aos compradores internacionais um modelo do associativismo rural nacional.
Acompanhados pelo diretor de Gestão Corporativa da ApexBrasil, Floriano Pesaro, e pelo secretário-executivo da SERINTER-GDF, Paulo César Pagi, os compradores visitaram também vinhedos do Cerrado de Altitude e viram de perto a produção de vinhos locais.
“Essa é mais uma ação do Exporta Mais Brasil, um dos mais importantes projetos criados na gestão do presidente Jorge Viana. Nesse projeto, nós trazemos os compradores internacionais para conhecerem o que o Brasil tem de melhor e assim ampliarmos as nossas exportações”, explicou Pesaro. “Desta vez, estamos mostrando as nossas vinícolas do Distrito Federal que estão produzindo vinhos de muita qualidade”, afirmou.
A primeira visita foi na Vinícola Brasília, que abriu suas portas há apenas um mês. Trata-se de um empreendimento formado por 10 produtores de uvas e vinhos da região que se uniram para desenvolver rótulos únicos, com nomes e design inspirados na arquitetura da capital. O vinho Syrah Monumental – 1960, que faz homenagem à inauguração de Brasília, foi eleito em 2023 como um dos melhores vinhos do Brasil em competição nacional de grande destaque.
A outra vinícola visitada foi a Villa Triacca, também localizada nos arredores de Brasília. Além de degustar os vinhos da casa, os visitantes puderam ver de perto os vinhedos e saber mais sobre a técnica de dupla poda, ou poda invertida, que permitiu a produção de uvas na região do Cerrado. Desenvolvida pelo ex-pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Murillo de Albuquerque Regina, na década de 2000, a técnica que inverte o ciclo da videira e possibilita a maturação e colheita das uvas no inverno revolucionou a vitivinicultura brasileira. “Com essa técnica a gente pôde começar a produzir uva e vinho aqui no clima do Cerrado e isso mudou as nossas vidas”, afirmou Ana Triacca, que idealizou o projeto da Villa Triacca juntamente com o marido, Ronaldo Triacca.
Sobre o Exporta Mais Brasil
Com o slogan “Rodando o país para as nossas empresas ganharem o mundo”, o Exporta Mais Brasil foi criado pela ApexBrasil com o objetivo de potencializar as exportações do país a partir de uma aproximação ativa com diferentes setores da economia, de todas as regiões do Brasil.
Por meio do programa, empresas brasileiras têm a oportunidade de se reunir com compradores internacionais que vêm ao país em busca de produtos e serviços ligados a setores específicos.
Em 2023, o Exporta Mais Brasil completou 13 rodadas em 13 estados brasileiros, dedicadas a 13 diferentes setores produtivos: móveis, em João Pessoa (PB); rochas ornamentais, em Vitória e Vila Velha (ES); Cafés Robustas Amazônicos, em Cacoal (RO); Pescados, em Foz do Iguaçu (PR); Artesanato, em Fortaleza (CE); Cervejas Artesanais, em Petrópolis (RJ); Cosméticos, em Goiânia (GO); Mel, em São Paulo (SP); Cafés Arábicas, em Belo Horizonte e interior (MG); Calçados, em Porto Alegre (RS); Produtos Compatíveis com a Floresta, em Rio Branco (AC); Frutas, em Petrolina (PE), e Audiovisual (DF).
Em 2024, mais 14 estados brasileiros serão visitados pelo programa, que contemplará ao menos 15 setores produtivos. Até o momento, o programa já realizou as rodadas com os setores de Cerâmica, durante a Exporevestir, em São Paulo (SP); de Couros e Curtumes, em São Luís (MA); de Alimentação e Bebidas para Bem-Estar, em Maceió (AL); e de Moda Íntima, em Fortaleza (CEA), no marco da feira O Ceará Está na Moda. A próxima rodada do programa será dedicada ao setor de Bebidas e vai acontecer em Palmas (TO), entre 16 e 18 de abril, durante a Agrotins.
O programa já movimentou, até agora, R$ 405 milhões em negócios e promoveu mais de 4 mil reuniões de negócios entre 633 empresas brasileiras e 208 compradores internacionais de mais de 40 países.
Mercados internacionais para as cooperativas
Segundo o levantamento do Anuário Coop – Dados do Cooperativismo Brasileiro, em 2022 as cooperativas brasileiras exportaram um total de US$ 7,3 bi para o mundo todo. Esse número revela que 2,2% de tudo o que foi vendido pelo Brasil ao exterior foi exportado por essas coops e 6,8% dos embarques do agronegócio em 2022 foi feito por uma coop.
As cooperativas brasileiras são sinônimo de qualidade em produção e exportação, mas há muito mais para ser feito. Em um novo episódio do Papo Coop, a MundoCoop conversou com Pedro Neto, Analista da Gerência de Agronegócio da ApexBrasil e Gestor do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) da Agência com a OCB; Giorgia Mezacasa Forest – Supervisora de Exportação da Aurora e Susana Vieira, Responsável Técnica da Cooperativa COOPERAR. Em uma conversa exclusiva, eles falam sobre os desafios, oportunidades e a importância de buscar novos mercados para a atuação das cooperativas. Assista na íntegra.
Fonte: Assessoria de imprensa ApexBrasil
Discussão sobre post