O agronegócio brasileiro, apesar dos desafios como acesso ao crédito e tecnologias, demonstra uma resiliência impressionante. A prova disso está no ranking Forbes Agro100 de 2024, que revela um faturamento total de R$ 1,71 trilhão para as empresas e cooperativas listadas.
As cooperativas, em particular, têm sido fundamentais para garantir a continuidade da produção e a estabilidade dos preços, oferecendo aos produtores um modelo de negócio colaborativo que permite negociar em melhores condições e acessar recursos de forma mais eficiente.
Mesmo diante da queda nos preços de commodities e do aumento dos custos de produção, o setor conseguiu manter um desempenho consistente, graças em grande parte à organização e à força de negociação das cooperativas. A colheita recorde de grãos e as exportações recordes são um reflexo desse esforço conjunto, que demonstra a importância do cooperativismo para o agronegócio brasileiro.
E em mais um ano, as cooperativas foram destaque no Ranking Agro100, realizado pela Forbes. A lista conta com a parceria da Balanços Patrimoniais para a checagem dos dados referentes ao balanço das empresas, mais as inscrições voluntárias. A lista leva em consideração as receitas líquidas dos anos de 2023 e de 2022.
Confira as cooperativas em destaque:
7o Lugar – Copersucar
Setor: Agroenergia
Fundação: 1959, em São Paulo (SP)
Receita: R$ 54,08 bilhões
Principal executivo: Tomás Caetano Manzano
A Copersucar é um ecossistema que conecta 38 usinas associadas no Brasil – a maior base de produção de cana-de-açúcar do mundo –, 17 destilarias de etanol de milho nos Estados Unidos, além de um eficiente sistema logístico multimodal nos dois países e um conjunto de empresas especializadas que fornecem energia renovável e alimento para 70 países. Na safra 2023/24, registrou crescimento de 23% no volume de moagem, fechando o ano em 650 milhões de toneladas. O Ebitda ficou acima de R$ 1,1 bilhão. A empresa também anunciou sua entrada no mercado livre de energia, com a aquisição de 50% da NewCom.
13o Lugar – Coamo Agroindustrial
Setor: Cooperativas
Fundação: 1970, em Campo Mourão (PR)
Receita: R$ 28,22 bilhões
Principal executivo: Airton Galinari
A Coamo surgiu por meio da união de agricultores do Centro-Oeste do Paraná na busca por melhores condições de produção na região conhecida por solos empobrecidos e de baixa produtividade. Ao longo da história, deixou de ser uma pequena associação de produtores para se tornar uma das maiores potências empresariais do país. Possui 31.665 associados e 115 unidades localizadas em 75 importantes municípios produtores do Paraná, de Santa Catarina e do Mato Grosso do Sul. No ano passado, a Coamo recebeu uma safra recorde de 9,96 milhões de toneladas de grãos, 3,1% da produção brasileira.
15o Lugar – C. Vale
Setor: Cooperativas
Fundação: 1963, em Palotina (PR)
Receita: R$ 24,42 bilhões
Principal executivo: Edio José Schreiner
Em um ano marcado por intempéries climáticas e baixa no preço dos grãos, a C.Vale conseguiu sustentar crescimento, com alta de 7,6% sobre 2022. Cerca de 30% do faturamento foi gerado nas unidades que processam frangos, peixes e mandioca. No segmento de grãos, a cooperativa recebeu 50 milhões de sacas de soja e quase 46 milhões de sacas de milho. O ano de 2023 também representou um marco histórico para a C.Vale, que inaugurou uma esmagadora de soja. O empreendimento de 12 hectares fica no complexo agroindustrial localizado no Paraná e tem capacidade de processamento de 60 mil sacas/dia.
16o Lugar – Lar Cooperativa
Setor: Cooperativas
Fundação: 1964, em Missal (PR)
Receita: R$ 23,31 bilhões
Principal executivo: Irineo da Costa Rodrigues
Terceira maior cooperativa do Paraná, a Lar conta com 14 mil associados, que abastecem 78 unidades de negócios também em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Nasceu originalmente da produção de grãos, passando a atuar nos setores de avicultura, suinocultura e pecuária leiteira. Os cortes de frango são habilitados para a exportação a mais de 90 países distribuídos pela América, Europa e Ásia. No ano passado, a cooperativa investiu em melhorias na estrutura física e na habilitação da indústria em Caarapó (MS) e ampliou a capacidade produtiva em alguns segmentos, como a suinocultura.
17o Lugar – Aurora Alimentos
Setor: Alimentos e Bebidas
Fundação: 1969, em Chapecó (SC)
Receita: R$ 21,7 bilhões
Principal executivo: Neivor Canton
É um dos maiores conglomerados agroindustriais do país, formado pelo complexo de 12 cooperativas associadas, com cerca de 100 mil cooperados. Atua, principalmente, na produção e venda de carne suína e de frango, lácteos e produtos prontos. Ela tem uma forte atuação no mercado interno e exporta atualmente para 70 países. Em 2023, a Aurora Alimentos anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão, destinados à modernização e à ampliação das suas plantas industriais em Mato Grosso do Sul e Santa Catarina e para a construção de uma nova unidade, entre outros. Os investimentos têm por objetivo aumentar em até 10% a receita bruta.
20o Lugar – Comigo
Setor: Cooperativas
Fundação: 1975, em Rio Verde (GO)
Receita: R$ 13,06 bilhões
Principal executivo: Antonio Chavaglia
A Comigo nasceu para dar suporte técnico e acesso mais fácil aos insumos para as lavouras e se tornou uma das maiores cooperativas agroindustriais do país, com atuação em diversas áreas, incluindo a produção de grãos, carnes e agroindústria. Em 2023, inaugurou em Mineiros (GO) o maior armazém do Centro-Oeste, com um investimento de R$ 150 milhões. O novo complexo pode armazenar até 3,3 milhões de sacas de grãos. A obra começou em 2021 e faz parte do plano estratégico para expandir sua infraestrutura e melhorar a logística para cooperados na região. A Comigo está presente em 20 municípios e tem 11,3 mil cooperados.
21o Lugar – Cocamar Cooperativa Agroindustrial
Setor: Cooperativas
Fundação: 1963, em Maringá (PR)
Receita: R$ 12,2 bilhões
Principal executivo: Divanir Higino da Silva
A Cocamar tem cerca de 19 mil cooperados e opera em mais de 300 municípios, com atuação no Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, onde possui unidades de atendimento e infraestrutura de suporte aos produtores. A produção está concentrada em grãos, como soja, milho e trigo, além de atuar em segmentos como insumos, agroindústria, finanças, nutrição animal e máquinas. Em 2023, começou uma operação frigorífica em Nova Londrina (PR), onde passou a comercializar cortes bovinos com marca própria, visando ao mercado de carnes especiais. A cooperativa também investiu no aumento da capacidade de armazenagem de grãos, de 2,2 milhões para 2,5 milhões de toneladas.
30o Lugar – Integrada Cooperativa
Setor: Cooperativas
Fundação: 1995, em Londrina (PR)
Receita: R$ 8,41 bilhões
Principal executivo: Jorge Hashimoto
A Integrada Cooperativa Agroindustrial tem cerca de 13 mil cooperados e opera, principalmente, nos estados do Paraná e de São Paulo. Atua no recebimento e comércio de grãos como soja, milho e trigo, além de ser dona de indústrias de processamento de milho, suco de laranja e ração animal. No portfólio de produtos, também está a marca de café Coperatto. Em 2023, a cooperativa anunciou R$ 200 milhões em investimentos, focados na ampliação e melhoria de suas unidades, com o objetivo de melhorar o atendimento aos cooperados e expandir a capacidade de armazenamento e processamento da cooperativa.
35o Lugar – Coopercitrus
Setor: Cooperativas
Fundação: 1976, em Bebedouro (SP)
Receita: R$ 7,67 bilhões
Principal executivo: Fernando Degobbi
A Coopercitrus tem 38 mil cooperados e atua nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Entre serviços e produtos, estão a venda de insumos agrícolas, sementes, máquinas e implementos, mais assistência técnica, irrigação e geração de energia fotovoltaica. Também processa commodities, como café, soja e milho. Uma das principais ações de 2023 foi a criação de um fundo de R$ 750 milhões para financiar projetos voltados à sustentabilidade, em parceria com o Rabobank. Além disso, investiu na expansão de suas operações de agricultura de precisão. A Coopercitrus Expo 2023, seu principal evento, movimentou cerca de R$ 2 bilhões.
44o Lugar – Cooxupé
Setor: Cooperativas
Fundação: 1932, em Guaxupé (MG)
Receita: R$ 6,43 bilhões
Principal executivo: Carlos Augusto Rodrigues de Melo
Em 2023, a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé viu sua receita encolher 36,4% ante 2022, retornando aos patamares dos dois anos anteriores. A Cooxupé é uma das principais processadoras e exportadoras de café – são cerca de 50 destinos –, atuando com 20 mil cooperados em 330 municípios no sul de Minas, Cerrado mineiro, Matas de Minas e Vale do Rio Pardo, no estado de São Paulo. Além do café, tem iniciativas no setor de milho, rações e análise de solo. Em 2023, distribuiu R$ 101,4 milhões aos cooperados e investiu no projeto Protocolo Gerações, visando a práticas sustentáveis, principalmente nos cafés especiais. No ano, sua assistência técnica atendeu a 117 mil chamadas.
47o Lugar – Copasul
Setor: Cooperativas
Fundação: 1978, em Naviraí (MS)
Receita: R$ 5,51 bilhões
Principal executivo: Adroaldo Taguti
A Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul) atua principalmente na produção de grãos como soja, milho e arroz, além de trabalhar no setor de seringueiras (borracha natural). São cerca de 3 mil produtores cooperados. Em 2023, anunciou investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão em uma unidade industrial de processamento de soja, para entrar em operação em 2024, com capacidade para processar até 988 mil toneladas de soja por ano. Também teve o apoio do BNDES, que financiou cerca de R$ 1 bilhão por meio do Plano Safra 2023/24, com foco em projetos de armazenagem agrícola. Os investimentos permitirão à Copasul melhorar sua infraestrutura, otimizar sua cadeia logística e ampliar a capacidade produtiva.
50o Lugar – Cotrijal
Setor: Cooperativas
Fundação: 1957, em Não-Me-Toque (RS)
Receita: R$ 5,4 bilhões
Principal executivo: Nei César Manica
A Cotrijal atua em 53 municípios gaúchos, com foco na produção e comercialização de grãos, especialmente soja e milho. Aos 16 mil cooperados – a maioria pequenos e médios produtores –, oferece serviços de assistência técnica, análise de solo e agricultura de precisão. Em 2023, destinou R$ 170 milhões para expandir sua capacidade de armazenagem de grãos em 80 mil toneladas e na criação de novas unidades de recebimento de grãos. Também investiu na instalação de uma usina fotovoltaica, com a primeira etapa gerando 3,2 MW, o que deve reduzir em até 30% os custos com energia elétrica da cooperativa.
64o Lugar – Coplacana
Setor: Cooperativas
Fundação: 1948, em Piracicaba (SP)
Receita: R$ 3,88 bilhões
Principal executivo: Arnaldo Antonio Bortoletto
A Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), pioneira entre as cooperativas de plantadores desse cultivo em São Paulo, ampliou significativamente sua capacidade de armazenamento ao longo da última década. De 2013 a 2023, aumentou a capacidade de 73.600 para 135.100 toneladas, crescimento de 83%. No mesmo período, expandiu sua presença física de 5 para 12 lojas, além de implementar uma loja virtual para fornecer insumos e assistência ao produtor rural em todo o país, fortalecendo seu compromisso de apoiar o setor agrícola.
92o Lugar – Coopertradição
Setor: Cooperativas
Fundação: 2003, em Pato Branco (PR)
Receita: R$ 2,31 bilhões
Principal executivo: Julinho Tonus
A Coopertradição, que nasceu com 25 produtores rurais, agrega hoje cerca de 3 mil cooperados, que atuam, principalmente, no cultivo de soja, milho, trigo e feijão. Em novembro de 2023, a cooperativa anunciou o início da construção de uma indústria de farelo e óleo de soja com investimentos da ordem de R$ 700 milhões na primeira fase. A planta foi projetada para uma capacidade inicial de 2 mil toneladas de soja esmagadas diariamente. A unidade está prevista para entrar em operação no início de 2025, gerando cerca de 400 postos de trabalho.
Fonte: Forbes