Lembro-me bem da temperatura confusa daquele dia. Julho de 2024. O sol aparecia como um pai atrasado em uma peça de final de ano, e os pingos chuva ainda escorriam sobre as árvores. A janela daquele hospital ficava entreaberta como um aviso de que ele ainda estava lá.
Subi as escadas, andei pelo corredor até o seu quarto e lhe dei a mão. Uma mão aquecida acolhendo uma mão aflita pelo tempo que acabara. Por que eu não o deixei sozinho? Por que nem com a solidão, não deixamo-nos sozinhos?
A cooperação é quase uma substância que se apresenta em nosso DNA, em uns com mais força, em outros com deficiência, mas é fato de que ela existe de uma forma que necessitamos para viver, e inclusive morrer.
E foi por isso que eu não deixei meu avô sozinho, foi e é por isso que quando nasce uma criança, muitas mãos cooperam para sua chegada. É por isso que o ecossistema coopera entre si de forma perfeita, permitindo que tudo se recomponha.
Cooperamos porque está dentro de nós – este instinto de estar junto. De fazer junto. De criar junto. De trabalhar junto. O homem não foi feito para ser só. A sociedade não foi feita para individualizar desafios, sonhos, metas e realizações. Fomos feito para cooperar. Para fazer junto.
O cooperativismo é tão necessário como uma vacina vital, é ele que dá alento à nossa alma,e isso é verdade: naquele dia em que eu dei a minha mão, eu estive incrivelmente completa.
Não importa como, quando e com quem: coopere, se permita cooperar, vivenciar, impulsionar, apoiar e apostar no cooperativismo. É por meio dele que estamos aqui. É por meio dele que um dia seremos lembrados e com ele que vamos viver a plenitude de um sentimento genuíno.
Por fim, a resposta, cooperamos porquê nascemos para isso.
Nascemos para cooperar.
*Por Ana Mello, Gerente de Relacionamento do Sicoob São Miguel do Oeste