Recentemente, pesquisadores do Institute for the Quality of Life divulgaram o Índice Cidade Feliz 2025, um estudo que avaliou 82 indicadores de felicidade em seis grandes dimensões: cidadãos, governança, meio ambiente, economia, saúde e mobilidade. A proposta era ousada: mapear, com base em evidências, os locais onde viver é mais do que existir — é prosperar em equilíbrio com o coletivo.
Entre os destaques da lista, figuram cidades emblemáticas como Copenhague, Zurique e Antuérpia — referências globais em bem-estar. Mas ao ler o relatório, uma ausência me tocou profundamente: Nova Petrópolis, no coração da Serra Gaúcha, não estava lá.
Estive recentemente nessa cidade e, com toda a convicção que um sentimento genuíno permite, afirmo: Nova Petrópolis deveria estar entre as cidades mais felizes do mundo. Talvez, quem sabe, liderando essa lista.
Não falo aqui apenas de dados. Falo de algo que transcende os gráficos e os relatórios técnicos. Falo de pertencimento.
Nova Petrópolis é o berço do cooperativismo no Brasil. Mas mais do que isso: é o berço de uma forma de viver em que as pessoas não apenas compartilham serviços e recursos, mas compartilham valores. Lá, o espírito de comunidade pulsa. As cooperativas não são apenas instituições financeiras ou agrícolas. Elas são espaços de construção coletiva, de diálogo, de cuidado mútuo.
Andar por Nova Petrópolis é como sair, por alguns momentos, do “eixo Brasil” — aquele em que a pressa, o individualismo e a desconfiança se tornaram, infelizmente, normais. Lá, sente-se o IDH no olhar das pessoas. Há uma paz no ar, uma elegância silenciosa nos gestos, um acolhimento que não precisa ser anunciado em placas turísticas.
Vi crianças brincando em praças limpas, vi idosos respeitados e participativos, vi lojas onde o “bom dia” ainda é dito com vontade. Vi um círculo virtuoso entre pessoas, cooperativas, meio ambiente, governança e propósito. Um exemplo vivo do que chamamos hoje de ESG, mas que por lá parece ser simplesmente “modo de viver”.
Em Nova Petrópolis, o futuro já chegou — só que sem alarde. Ele chegou através da educação cooperativista, da economia circular, da valorização da cultura local e da aposta em relações humanas mais saudáveis.
Por isso, deixo aqui meu convite: visitem. Sintam. Observem. E tirem suas próprias conclusões.
Para mim, Nova Petrópolis é uma cidade feliz. E mais do que isso, é uma cidade que faz as pessoas se sentirem parte.
Parabéns, Nova Petrópolis. Obrigado por me lembrar que o Brasil tem, sim, lugares onde viver é verbo conjugado no coletivo.
Por Luis Claudio Silva, Diretor da MundoCoop e Co-Fundador do CoopsParty Summit