Vivemos um momento em que o mundo busca caminhos para equilibrar crescimento econômico e bem-estar social. Entre tantas respostas possíveis, o cooperativismo de crédito se reafirma como uma das mais consistentes — porque coloca as pessoas no centro das decisões e entende que a prosperidade só tem sentido quando é compartilhada.
O Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC), celebrado em 16 de outubro, convida o mundo a refletir sobre esse modelo que alia eficiência financeira, propósito social e desenvolvimento local. Em 2025, o tema escolhido pelo Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (WOCCU) — Cooperação para um mundo próspero — traduz com precisão o que o cooperativismo representa hoje: uma forma moderna e humana de fazer finanças, onde a rentabilidade se mede também pelo impacto positivo gerado nas comunidades.
No Brasil, o cooperativismo de crédito já é uma força de transformação concreta. São 689 cooperativas, mais de 20 milhões de cooperados e 10 mil pontos de atendimento, muitos deles em cidades onde não há nenhuma outra instituição financeira. Isso significa que o acesso ao crédito, à poupança e à educação financeira chega a lugares e pessoas que, historicamente, estavam à margem do sistema. As cooperativas ampliam oportunidades, estimulam o empreendedorismo e fortalecem economias locais.
E o impacto vai muito além. Em 2024, o setor movimentou R$ 455 bilhões em operações de crédito e ultrapassou R$ 885 bilhões em ativos, com crescimento superior a 20% em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, mantém uma carteira verde de mais de US$ 10 bilhões, apoiando projetos de energia limpa, agricultura de baixo carbono e práticas sustentáveis de produção. Esses números expressam o equilíbrio entre desempenho econômico e compromisso socioambiental — um diferencial que tem colocado o cooperativismo brasileiro em destaque no cenário global.
Os resultados mais valiosos, no entanto, nem sempre cabem nas planilhas. Eles aparecem nas histórias das pessoas e nas transformações das comunidades. Cada empréstimo concedido, cada ação de capacitação ou fundo social representa a materialização de um princípio que sustenta o movimento cooperativo desde sua origem: o de que o desenvolvimento é coletivo.
Essa essência está refletida também na campanha nacional lançada este ano pelo Sistema OCB e pelas cooperativas do segmento: No crédito ou no débito? No coop!. Inspirada em uma pergunta simples do cotidiano, a iniciativa traduz o sentido da escolha cooperativa — uma decisão consciente de fazer parte de uma rede que multiplica prosperidade. Dizer “no coop” é reconhecer que o dinheiro pode ser um instrumento de transformação, quando usado com propósito e responsabilidade.
Os investimentos sociais realizados pelas cooperativas, somados à distribuição de resultados aos cooperados, geram bilhões de reais em benefícios econômicos e sociais todos os anos. São recursos que voltam para as comunidades em forma de educação, cultura, saúde e desenvolvimento local. Essa lógica circular do cooperativismo — onde o resultado coletivo impulsiona o progresso de todos — mostra que é possível fazer finanças de um jeito diferente e sem abrir mão da eficiência.
O DICC 2025 nos convida, portanto, a celebrar o que o cooperativismo de crédito tem de mais genuíno: sua capacidade de unir o econômico ao humano. De conectar pessoas, ideias e propósitos em torno de um objetivo comum. Em um tempo em que se fala tanto em inovação e sustentabilidade, o cooperativismo de crédito mostra que a verdadeira inovação está em colocar a cooperação no centro. Porque prosperar junto não é apenas um ideal — é o caminho mais inteligente e sustentável para o futuro.
*Tania Zanella é Superintendente do Sistema OCB