A expressão “um pé em dois mundos” é uma dessas metáforas que capturam a ideia de estar simultaneamente em realidades diferentes, mas sem deixar de lado o que realmente importa em cada uma delas. Quando falamos das marcas no Brasil, então, isso fica ainda mais interessante. Com nosso tamanho e diversidade de costumes, que poucos países têm, empresas com presença nacional carregam o desafio constante de expandir seu alcance sem perder de vista a conexão com as comunidades locais, cada uma com seu jeito particular de se relacionar com o mundo e, claro, com as marcas.
Nessa jornada, o marketing de influência tem sido uma ferramenta preciosa. De acordo com pesquisa recente da Nielsen, o Brasil lidera mundialmente o número de influenciadores digitais no Instagram, com mais de 10,5 milhões de perfis. No YouTube e TikTok, o país ocupa a terceira posição global.
Por um lado, há os mega influenciadores, que protagonizam campanhas ou atuam como embaixadores de marcas para o país inteiro. São eles, com centenas de milhares de seguidores, que carregam a credibilidade da mensagem e a força do alcance. Esses grandes perfis, quando bem selecionados e alinhados ao posicionamento e valores da marca, reforçam atributos como confiança e autenticidade, e transmitem o recado de uma maneira que o público consegue entender facilmente.
De outro lado, precisamos do toque mais pessoal e próximo, que só os creators menores conseguem oferecer. Esses influenciadores mais nichados, com entre 1 e 50 mil seguidores, falam diretamente para o coração de suas comunidades. Conhecem os rostos das pessoas, “chamam os vizinhos pelo nome” e são, por isso mesmo, os mensageiros da essência, das raízes das marca que representam. Em parceria com eles, confiamos que a nossa mensagem será transmitida de forma genuína, sem adornos, mas com o toque de quem sabe como falar “a língua da casa”. Não por acaso, no Instagram, o Brasil está no topo do ranking mundial de microinfluenciadores também.
O marketing de influência já se firmou como uma estratégia forte na construção das narrativas das marcas. De acordo com o estudo Global Marketing Trends da Kantar, em 2025, as marcas terão que alinhar a linguagem ao estilo e tom de voz dos influenciadores que dominam as comunidades com as quais querem se conectar. Essa sintonia será essencial para transformar mensagens em conversas genuínas e engajamento verdadeiro. Afinal, em um mundo tão cheio de vozes, quem sabe se conectar com o coração das pessoas tem a chave para abrir portas, construir relações e fortalecer marcas de forma autêntica e duradoura.
Como head da área de marketing de uma instituição financeira cooperativa, tenho uma premissa: humanizar a mensagem e ser verdadeiramente relevante e próximo das comunidades onde atuamos. Literalmente cooperar. Porque o modelo cooperativista tem a prosperidade e o desenvolvimento local como essência – diferentemente de empresas tradicionais, que têm investidores externos focados em lucro, uma instituição financeira cooperativa busca o benefício econômico e social de seus associados e das comunidades onde está inserida. E o resultado não vai para nenhum acionista que não os próprios associados da cooperativa (o famoso cashback de hoje que no cooperativismo de crédito existe há mais de 120 anos).
Nesse contexto, estratégias que valorizam histórias reais e promovem o desenvolvimento pessoal e a prosperidade coletiva não apenas fortalecem o propósito, atributos e mensagens da marca, mas também preservam sua essência: ser humana e próxima. Assim, unimos as duas pontas da pirâmide no universo do Marketing de Influência, atuando em sintonia com alcance nacional e engajamento local. É o “match” perfeito.
*João Clark é Superintendente de Marketing & Growth do Sicredi