Para você, qual a importância da agência física quando falamos de atendimento consultivo?
Essa pergunta sempre me vem à mente quando vejo alguém do setor financeiro defender a redução de agências presenciais no Brasil tendo o crescimento das transações remotas como principal argumento.
Eu sei que é cômodo tratar dados como os da Febraban, que apontaram que 7 a cada 10 transações bancárias em 2023 foram realizadas via celular, como justificativa para que os cinco principais bancos do país tenham fechado 2.819 agências físicas entre 2020 e o primeiro trimestre de 2023.
Mais do que cômodo, aliás, para eles este movimento pode até fazer sentido. Para mim, que atuo em uma instituição financeira cooperativa, no entanto, essa conta não fecha.
Como vocês têm acompanhado, as cooperativas têm, cada vez mais, alcançado uma amplitude de produtos e serviços que não deve nada aos chamados ‘bancões’. O iminente lançamento da DTVM da Unicred é um grande exemplo disso.
Em paralelo a isso, porém, o DNA cooperativista faz com que a nossa proximidade com o cooperado e a consequente capacidade de oferecer soluções personalizadas siga sendo nosso carro-chefe.
É por esse motivo que a Unicred tem caminhado em direção oposta às instituições financeiras convencionais e avançado na expansão de sua capilaridade física:
- nos últimos 5 anos, tivemos um crescimento de 34% no número de agências;
- abrimos 32 novas agências só em 2023;
- chegamos a 16 novos municípios no ano passado, alcançando a marca de 284.
Este movimento, aliás, não se restringe apenas à Unicred e faz parte da estratégia do cooperativismo de crédito como um todo, razão pela qual, no último relatório ‘Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC)’, o Banco Central registrou que o número de municípios nos quais a cooperativa de crédito é a única alternativa presencial cresceu em 2023 – saltando de 331 para 368.
Por fim, quero ressaltar, que, em um país cuja educação financeira ainda é reconhecidamente incipiente, as agências presenciais representam um espaço fundamental de orientação e abertura das oportunidades do sistema financeiro nacional a um público diverso.
Não por acaso, o Bacen tratou, no mesmo relatório, esta expansão física das cooperativas como um reforço do importante papel desse ecossistema como agente de inclusão financeira da população brasileira.
Por Luis Schuler, Diretor de Planejamento e Administração na Unicred do Brasil