A discussão sobre longevidade tem ganhado cada vez mais espaço, mas, paralelamente, o etarismo segue como um desafio significativo em diversos âmbitos, especialmente no mercado de trabalho. Segundo a definição da ONU, o etarismo é caracterizado por estereótipos, preconceitos e discriminações com base na idade. Esse tipo de discriminação pode impactar negativamente tanto jovens quanto pessoas mais velhas, comprometendo a diversidade e a produtividade das organizações.
A Unicred, com mais de 30 anos de história, se consolidou como uma referência no mercado financeiro cooperativo, contando com mais de 320 mil cooperados e um ativo total que ultrapassa R$ 30 bilhões. A organização, além de oferecer soluções financeiras e educação financeira para seus cooperados, também se posiciona como uma promotora de transformações sociais e culturais.
De acordo com Silvana Parisotto Agostini, Diretora Sustentabilidade e Supervisão da Unicred do Brasil e colaboradora do livro “Economia Prateada: o poder da longevidade no mundo dos negócios”, a cooperativa tem enfrentado esse tema de forma direta, reforçando sua posição como uma instituição comprometida com os princípios de diversidade, equidade e inclusão (DEI). “O etarismo é uma questão que afeta a cultura organizacional e a continuidade da mão de obra. Precisamos promover o debate intergeracional para fortalecer a inclusão e a inovação em nossos times, pois entendemos que sem diversidade, incluindo a geracional, não teremos inovação”.
Os impactos do etarismo no mercado de trabalho
Uma pesquisa realizada pela EY Brasil e Maturi em 2022 revelou que 91% dos brasileiros acreditam que profissionais com mais de 50 anos enfrentam dificuldades para serem contratados, e 60% das empresas reconhecem desafios na contratação desse grupo. A resistência das lideranças é apontada como um dos principais entraves, respondendo por 48% dos casos. Essa realidade também impacta a saúde mental e física desses profissionais, conforme mostrou um estudo da Universidade de Yale que identificou efeitos adversos do etarismo em 96% dos casos analisados.
No cooperativismo, onde a colaboração e o senso de comunidade são valores fundamentais, a inclusão etária ganha um significado ainda mais profundo. A diversidade geracional precisa ser vista como uma vantagem estratégica. “Absorver profissionais 50+ contribui para o fortalecimento dos relacionamentos internos, amplia a diversidade de perspectivas e melhora a produtividade geral”, explica Silvana Agostini.
Implementar iniciativas para integrar diferentes gerações e combater o etarismo nos programas de capacitação para colaboradores 50+, que incluem treinamentos em novas tecnologias e atualizações sobre tendências do mercado financeiro são cada vez mais necessidades que as empresas precisam incluir nas suas rotinas. Além disso, promover rodas de conversa e workshops intergeracionais, fomentando a troca de conhecimentos e aproximando jovens talentos de profissionais mais experientes são boas práticas que algumas de nossas cooperativas já praticam.
Construindo um futuro inclusivo
Segundo Silvana Agostini, é essencial que as lideranças estejam alinhadas com as práticas de inclusão e diversidade. É preciso abraçar a diversidade geracional como parte da estratégia organizacional. Isso não é apenas uma questão ética, mas também um diferencial competitivo que pode impulsionar os resultados nos negócios.
Ao incluir profissionais com maior senioridade geracional em seus quadros, as cooperativas não apenas ganham em diversidade, mas também acessam uma rica fonte de experiência que pode catalisar inovações. A chamada “economia prateada”, que abrange produtos e serviços voltados para pessoas acima de 50 anos, já representa um mercado em crescimento nos setores de saúde, turismo e empreendedorismo. Nesse cenário, a inclusão não é apenas uma oportunidade social, mas também uma estratégia de negócio.
O combate ao etarismo é um processo que exige engajamento, liderança e estratégias claras. Esse é o caso da Unicred que está buscando transformar desafios em oportunidades, promovendo uma cultura que valorize o potencial de cada indivíduo, independentemente de sua idade. Mais do que isso, aponta para um futuro em que a diversidade geracional é reconhecida como um ativo essencial para o desenvolvimento das organizações e da sociedade como um todo.
Por Silvana Agostini, diretora da Unicred e co-autora do livro “Economia Prateada”.Etarismo no cooperativismo: como promover a diversidade geracional no mercado de trabalho