O dinheiro voltou ao centro das preocupações: metade dos brasileiros relata alto estresse financeiro (51% em 2024; 52% em 2023, ANBIMA) e 49% dizem que o dinheiro é sua maior fonte de preocupação, à frente de saúde e família. Entre os que mais se preocupam, 61% afirmam não ter recursos para emergências de saúde. É um retrato econômico, emocional e social, segundo AMBIMA, Onze e Icatu.
Correlação prática: juros altos + crédito caro + renda tensionada = mais atraso, menos reserva e mais ansiedade. Não por acaso, 72% relatam que finanças afetam a saúde mental (ansiedade, insônia) e 63% não têm reserva de emergência, ampliando a vulnerabilidade.
Imagine viver nesse ciclo: renda cobre só o básico, nada sobra para imprevistos e cada alta de preços vira gatilho de estresse. Mais de seis em cada dez não têm reserva, e, entre os que mais se preocupam, seis em cada dez não teriam recursos para um problema de saúde. Isso afeta famílias, negócios e a economia local.
Onde o cooperativismo faz diferença
No cooperativismo financeiro, taxas são mais baixas que a média do mercado e spreads mais estáveis. A lógica é outra: em vez de maximizar lucro para acionistas, a cooperativa serve aos cooperados. Estudos do Banco Central mostram que cooperativas favorecem proporcionalmente mais os tomadores de crédito. Pesquisa do BNDES evidencia que o aumento de spreads ao longo do relacionamento é significativamente menor nas cooperativas do que em bancos privados.
Essa diferença aparece também no resultado que volta à comunidade: em 2021, R$ 10,1 bilhões foram redistribuídos como sobras do ramo de crédito — dinheiro que circula onde faz diferença, fortalecendo pequenos negócios e comércio local.
A capilaridade cresceu: 58% dos municípios já contam com ao menos um ponto de atendimento de cooperativa (dez/2024). Em muitos lugares, é a única presença financeira acessível.
Efeito prático para quem participa

Quem entra numa cooperativa troca dívidas caras por crédito adequado, organiza contas, constrói reserva e recebe educação financeira contínua, recuperando previsibilidade (e sono). Nela, você é dono e participa dos resultados: as sobras são distribuídas conforme o uso, reforçando o ciclo virtuoso de prosperidade local.
O maior ganho é de quem escolhe não enfrentar sozinho o estresse financeiro. É possível viver com mais leveza, segurança e pertencimento quando o dinheiro deixa de ser problema e vira solução.
Quase 20 milhões de brasileiros já fazem parte de cooperativas de crédito e mostram um caminho positivo: organizar o crédito, reconstruir reserva e acompanhar hábitos, com taxas justas, proximidade e educação contínua. No cooperativismo, pertencer (ser dono), participar (decidir junto) e prosperar (receber sobras e melhores condições) formam o tripé que devolve previsibilidade e tranquilidade. Vamos juntos!
Por Diogo Angioleti, especialista em finanças e comportamento do Sistema Ailos