Muito se fala da alta de bancos digitais, neobanks e da modernização das instituições tradicionais, mas é preciso também estar atento a um sistema econômico que vem ganhando bastante relevância: o cooperativismo de crédito.
Segundo um estudo recente da Mambu, realizado em parceria com a Financial Times, dois em cada três bancos devem perder mercado se não investirem em digitalização. Efeito que deve ser observado não apenas no setor bancário, mas também no cooperativismo e em todos os outros setores que movimentam a economia do país.
Uma coisa é certa: a digitalização deixou de ser apenas o futuro e já se tornou o presente. Hoje, quem não investe em tecnologia é considerado atrasado ou prestes a entrar em extinção em seu ecossistema, de forma muito mais rápida do que previsto anteriormente.
Apesar de serem consideradas um dos sistemas econômicos mais antigos do país, as cooperativas têm liberdade para se adaptar e souberam traçar a rota perfeita para a digitalização durante a pandemia, momento em que os clientes – e novos entrantes – passaram a usar mais os canais digitais. Mas o alerta ainda é necessário: além de estar sintonia com esse novo formato, é preciso se atualizar constantemente para não ficar para trás.
Se o presente é digital, o futuro é aberto, e as cooperativas devem e vão se beneficiar muito com esse ponto focal daqui em diante por terem um mecanismo flexível e adaptável. Vence a batalha quem souber condensar todos os dados à disposição com as novas políticas implementadas pelo Banco Central, e isso as cooperativas de crédito tiram de letra.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre março e dezembro do último ano – o período mais crítico da pandemia –, foram cooperativas as que mais aprovaram empréstimos para pequenos negócios, sendo responsáveis por 31% das concessões no período.
Já o Anuário do Cooperativismo Brasileiro (ACB 2021) mostra números expressivos no que se refere à quantidade de cooperativas de crédito efetivamente abertas (775) e ao número de associados (11.996.563) no país. Esse é o maior e melhor índice quando comparado aos outros ramos do segmento, tais como agropecuária, consumo, infraestrutura, saúde, produção de bens de serviço e transporte.
O cooperativismo também conseguiu transformar o que poderia ser um grande obstáculo em uma de suas fortalezas. Segundo o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, do Banco Central, em dezembro de 2020 a base de unidades de atendimento do setor já correspondia a mais da metade do total de municípios do país:em 231 cidades havia apenas a presença de cooperativas financeiras, sem a presença de agências bancárias.
Todo esse potencial deve ser aproveitado ao máximo, para que o setor aumente ainda mais a sua representatividade no desenvolvimento de negócios do país, gerando empregos e novas oportunidades para quem precisa. Esse caminho passa pelo investimento em digitalização e adoção da tecnologia mais adequada, a fim de que as cooperativas possam entregar o melhor produto no menor tempo hábil, atendendo às necessidades de quem as procura. Conhecendo a garra dos agentes desse ecossistema, eu recomendaria que apertem os cintos: a decolagem está só começando.
Por Laércio Fogaça, head de engenharia de soluções da Mambu na América Latina
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