Construir um futuro sustentável já era palavra de ordem há um bom tempo. Quem não tinha compromissos socioambientais claros, hoje corre para colocar isso em seus planejamentos, bem como comunicá-los ao mercado e aos consumidores. A tragédia de maio no Rio Grande do Sul, especialmente, mostrou que precisamos agir nesse sentido.
Enquanto vários procuram saídas para mudar processos e ser parte dessa transformação, há um grande conhecido dos gaúchos que já está acostumado à sustentabilidade: o cooperativismo. Essa forma de organização econômica tem o respeito ao meio ambiente e às pessoas em sua essência.
Se alguns ainda tateiam nos conceitos de ESG, as cooperativas estão bastante avançadas nestas práticas. Em seu centro está o crescimento sustentável como forma de beneficiar as comunidades, de preservar recursos e de garantir um futuro melhor para todos. É uma atuação participativa, em que todos fazem parte das tomadas de decisão – que precisam estar alinhadas aos objetivos comuns dos cooperados.
No campo, por exemplo, técnicas sustentáveis como a agroecologia, o uso adequado do solo, da água e o respeito à biodiversidade são práticas que estão no dia a dia das cooperativas. Com a tecnologia, há um avanço ainda maior neste tema, com a adoção de energias renováveis e controle das emissões de carbono. Outro exemplo são as cooperativas de reciclagem, fundamentais para a gestão adequada dos resíduos sólidos, que têm a destinação correta e são reaproveitados na forma de novos produtos – além de serem importantes fontes de emprego e renda.
Em que pesem essas virtudes, ainda há desafios para fazer chegar a toda a população esse papel do cooperativismo. As cooperativas devem colocar o marketing no centro das suas ações. Muitos avanços ocorreram nos últimos anos, mas há um bom espaço para avançar. Mais do que vender os produtos, as empresas devem vender também sua imagem como negócios que investem na sustentabilidade, fazendo sua parte por um planeta melhor para todos.
Mas é preciso um alerta: todas essas ações precisam conversar com a verdade da sua cooperativa. Não pode ser algo forçado, o que inclusive colocaria sua reputação em risco. O compromisso com a sustentabilidade deve ser legítimo – o que favorecerá, também, uma comunicação orgânica e com repercussão entre seus stakeholders.
O Sistema Ocergs, como entidade representativa do cooperativismo gaúcho, busca fomentar essa cultura entre os negócios no Rio Grande do Sul. Realizamos, por exemplo, workshops focados em comunicação, ajudando as cooperativas a aproveitarem as oportunidades e inovações existentes. Este ano, na Casa do Cooperativismo na Expodireto Cotrijal, reunimos dezenas de gestores para uma qualificação sobre o tema. No dia internacional do Cooperativismo, 6 de julho, celebraremos o já tradicional “Dia C” com uma grande ação solidária em todo o país. Momento de apresentar a prestação de contas da nossa campanha que já ajudou mais de 12 mil pessoas – e que também reforça o lado social das cooperativas.
Um trabalho contínuo que deve ser praticado por todas as empresas – e especialmente agora, quando o planeta mostra sinais cada vez mais evidentes de que não está bem. Melhorá-lo e garantir um futuro melhor é algo que o cooperativismo já faz. Mostrar isso a todos é fundamental para envolver mais pessoas neste esforço, num ciclo de transformação positiva para o Rio Grande do Sul e todo o mundo.