Nos últimos anos, as instituições financeiras, como bancos e cooperativas de crédito, estão passando por uma grande transformação, deixando de ser apenas organizações que facilitam pagamentos e realizam operações financeiras básicas para se tornarem verdadeiros hubs multifuncionais de serviços. Esse avanço é uma resposta às mudanças que estamos vendo na sociedade trazidas pela maior digitalização e às demandas crescentes dos consumidores por agilidade, conveniência e personalização. O que antes era um espaço apenas transacional, agora se expande para oferecer uma experiência aos clientes muito melhor, com serviços mais completos.
Nesses novos ambientes de negócios, a integração entre o mundo físico e o digital é cada vez mais sólida. Embora a digitalização das transações esteja avançando, a coexistência com o mundo físico, do dinheiro em espécie, permanece essencial, refletindo as particularidades econômicas do país. A cultura de pagamentos e a relação com o dinheiro mostra que somos uma cash society, ou seja, uma sociedade na qual ainda há uma grande movimentação de valores em dinheiro em espécie, com grande parte do Brasil dependendo dessa circulação de papel-moeda para receber e realizar pagamentos, e fazer girar seus negócios. Não à toa, segundo dados do Banco Central, a quantidade de meio circulante cresceu 27% desde 2018, provando que o uso do dinheiro físico segue em alta. Os dados demonstram que o papel-moeda continua sendo uma parte importante da economia, ao mesmo tempo que a digitalização também vem para ajudar.
Um dos principais impulsionadores da transformação no setor financeiro é o avanço do uso de caixas eletrônicos recicladores de dinheiro, que integram de forma única o físico e o digital. Esses dispositivos estão auxiliando a redefinir o papel das instituições financeiras, permitindo que elas deixem de ser meras agências pagadoras, cuja função é basicamente a distribuição de numerário, para se tornarem centros de negócios, com colaboradores trabalhando de forma mais eficiente e estratégica em iniciativas de mais valor agregado para seus clientes. A grande vantagem dos caixas eletrônicos recicladores está na sua capacidade de fazer o processo de conferência e depósito dos valores de forma automática, os creditando imediatamente nas contas bancárias. Isso permite, por exemplo, que negócios que recebem pagamentos em dinheiro tenham acesso instantâneo ao seu capital de giro logo após o depósito, eliminando os gargalos e diminuindo a dependência de operações manuais e demoradas.
Ao contarem com a possibilidade de terem seu capital de giro disponibilizado em conta rapidamente, os negócios transformam totalmente seu comportamento em relação ao dinheiro e às instituições financeiras: eles deixam de manter grandes volumes parados em seus cofres, passam a utilizar mais os sistemas financeiros em seu cotidiano de negócios, pois também não precisam mais ficar em longas filas de caixas humanos, e aumentam a circulação de dinheiro na sociedade, levando benefícios enormes para a economia do país.
Além disso, os caixas eletrônicos recicladores também contribuem para um ciclo contínuo de circulação de dinheiro disponibilizando de forma imediata as notas depositadas para que outros clientes possam sacá-las em seguida. Com isso, também reduz significativamente a necessidade de reabastecimento dos terminais, reduzindo os custos operacionais e o impacto ambiental, uma vez que diminui a frequência de transporte de valores. Assim, além de melhorar a eficiência financeira e a disponibilidade de dinheiro na sociedade, os recicladores promovem a sustentabilidade, reduzindo emissões de CO2 associadas ao transporte de valores.
Com os ATMs recicladores, as instituições financeiras contam com mais um alicerce para evoluírem para centros de negócios dinâmicos e estratégicos, atendendo de forma muito mais personalizada as demandas de seus clientes. O Brasil, inclusive, se destaca como um dos líderes globais no uso de tecnologias de reciclagem de numerário. Enquanto países como os Estados Unidos ainda estão nos estágios iniciais de adoção, o Brasil está avançado na implementação dessas soluções, com uma vantagem de 3 a 5 anos sobre muitos outros mercados. A tecnologia vista em ação no Brasil hoje servirá como referência para o futuro de outras nações, consolidando o país como pioneiro em inovação financeira.
O Brasil seguirá em sua jornada de digitalização do sistema financeiro, cada vez mais integrado à multicanalidade das transações, incluindo tecnologias como recicladores, QR Codes e reconhecimento facial para que a população e os negócios tenham acesso ao dinheiro de que tanto precisam de forma segura. Como afirmado pelo próprio Banco Central, o dinheiro em espécie segue reconhecidamente importante para a sociedade brasileira, pois atende a parcelas relevantes da população que ainda o utilizam em seu cotidiano. Portanto, à medida que o Brasil avança na digitalização do sistema financeiro, a coexistência entre o físico e o digital se torna chave para atender às diversas necessidades das pessoas. Nesse contexto, o Brasil seguirá se posicionando como pioneiro, liderando o uso de soluções que equilibram tradição e inovação, servindo como modelo para o futuro do setor financeiro.
*Sandro Bernardi é Head da Divisão de Produtos da Diebold Nixdorf no Brasil