Você já ouviu falar do mela-mela do Carnaval de Macau, do Corso de Teresina ou da Lampions League? E das praias do Centro-Oeste? Se essas manifestações culturais ainda são desconhecidas para você, pode ser a hora de repensar a estratégia da sua empresa se estiver buscando ter relevância nacional. Em um país vasto como o nosso, com uma diversidade cultural exuberante, compreender as nuances regionais é mais do que uma estratégia inteligente de marketing; é uma condição essencial para qualquer marca que deseja estabelecer uma conexão autêntica com seu público.
Regionalizar, no entanto, requer mais do que adaptações superficiais; exige uma imersão nas características culturais, sociais e econômicas que definem cada parte do País. A singularidade de nossas cinco regiões influencia diretamente os hábitos e preferências de consumo da população. A vasta dimensão do nosso País, associada à intensa imigração de diversos países, fomenta diversidades que resultam em múltiplos “Brasis” dentro do Brasil, sublinhando a necessidade de estratégias que respeitem essas nuances.
No Nordeste, por exemplo, o calor humano e as relações próximas moldam os padrões de consumo. Os consumidores valorizam a proximidade com vendedores e a experiência de compra personalizada. No Centro-Oeste, a temporada de “verão” que transforma o rio Araguaia e seus afluentes em praias de julho e agosto atrai 1,5 milhão de pessoas e impulsiona negócios locais, exigindo adaptação à demanda sazonal e a oferta de produtos e serviços específicos.
Na região Sul, a tradição é fundamental, com preferência por produtos que expressem a identidade cultural. Além disso, os consumidores são mais austeros e pensam muito antes de realizar uma compra. O Sudeste apresenta perfis distintos: os cariocas adoram uma liquidação e uma pechincha, mas valorizam a transparência na precificação. Os mineiros se engajam mais com produtos e serviços que valorizam sua história e tradição, e São Paulo tem sua maior força consumidora no interior e periferias.
No Norte, grandes eventos como o Círio de Nazaré, que reúne dois milhões de pessoas todos os anos, oferecem oportunidades para marcas se conectarem com tradições locais, aumentando o engajamento e os gastos de consumo. Compreender esses aspectos fortalece os laços com os consumidores em cada canto do País.
Personalização é tudo
Tratar o Brasil como um mercado homogêneo pode ser um grande erro. Cada região demanda uma estratégia local de comunicação. Elementos como sotaque e referências regionais ajudam a estabelecer conexões profundas, gerando credibilidade e tocando os consumidores de maneira afetiva. Ao valorizar essas particularidades, as marcas criam campanhas personalizadas e bem-sucedidas.
Implementar essa estratégia requer pesquisas de mercado detalhadas, comunicações adaptadas e personalização de mensagens. Customizar ofertas, participar de eventos locais e utilizar tecnologia para segmentação geográfica são fundamentais, permitindo ajustes rápidos com monitoramento contínuo.
Entrevistar os consumidores locais é crucial, mas dialogar com residentes originários de outras áreas é ainda mais enriquecedor. Eles, ao experimentarem uma transição cultural, identificam nuances locais valiosas para campanhas.
O verdadeiro segredo do sucesso, no entanto, está na compreensão e no respeito pela diversidade do Brasil. Estratégias que promovam comunicações autênticas, capazes de conectar-se diretamente aos corações e mentes dos brasileiros de todas as regiões, são imprescindíveis para um engajamento genuíno e sustentável.
*Marcos Bauer é diretor sênior de Inteligência de Mercado e desenvolvimento de categorias da P&G Brasil
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