A ciência é o principal motor para o desenvolvimento sustentável do planeta, especialmente quando o assunto são os impactos devastadores do uso desenfreado do plástico de uso único, popularizado após a Revolução Industrial, nos anos 50. Um material indispensável, da indústria ao comércio, e no dia a dia dos cidadãos, mas que também figura entre os maiores responsáveis pela poluição do planeta.
De acordo com o relatório publicado em 2021 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente e 85% desse total vai parar no mar, principalmente pelo descarte irregular, contaminando solos, oceanos e ameaçando a biodiversidade.
As propriedades do plástico convencional que conhecemos: leveza, durabilidade e versatilidade o tornam extremamente útil. Mas embora seja difícil imaginar um mundo sem ele, é fundamental que a busca por soluções que atendam às necessidades da sociedade de forma mais sustentável seja uma prioridade para governos, empresas e investidores.
Nesse contexto, o plástico biodegradável surge como uma opção relevante para minimiza r os danos ao meio ambiente. Ele pode ser usado na produção de embalagens que, em sua disposição final, são capazes de perder massa ao longo do tempo sob a ação de fungos e microorganismos que permitem a biodegradação do material em até 20 meses, diminuindo o acúmulo de lixo no planeta, sem deixar microplásticos – que já afetam a vida humana, a fauna e a flora – ou materiais tóxicos no meio ambiente, reduzindo em até 60% da pegada de carbono.
O desenvolvimento desses materiais depende do avanço da ciência. Na Bioelements, empresa líder em soluções inovadoras e sustentáveis para embalagens, que atua em seis países da América Latina e EUA, já desenvolvemos mais de 30 formulações que mitigam o impacto ambiental com a parceria e o apoio de instituições em todo o mundo. Sem a pesquisa científica, não seria possível encontrar esses novos materiais, por isso, o investimento em novas tecnologias e a criação de soluções é fundamental para reverter o quadro atual de poluição que vivemos. Laboratórios, centros de inovação e acadêmicos devem se unir para garantir mais avanço e buscar cada vez mais financiamentos que promovam estudos, ampliando as possibilidades de transformação.
Ao mesmo tempo, é importante que a sociedade seja educada sobre o papel de novas tecnologias na luta contra o acúmulo de resíduos tóxicos e, principalmente, que saiba distinguir a diferença entre elas para que possa fazer escolhas mais conscientes. Existe uma confusão de termos que gera incertezas sobre quais opções realmente oferecem uma solução sustentável. O bioplástico, por exemplo, é feito a partir de fontes renováveis, como amido de milho ou cana-de-açúcar, mas nem sempre é biodegradável, podendo permanecer no ambiente por tanto tempo quanto o plástico convencional.
Já o plástico oxo-biodegradável contém aditivos que o fragmentam em pequenas partículas sob certas condições ambientais, o que pode gerar microplásticos prejudiciais ao meio ambiente. Em contrapartida, o plástico biodegradável é projetado para se decompor naturalmente, sendo considerada a opção que gera menos impacto ambiental, se testado e aprovado por órgãos e centros de regulação e testagem internacionais.
A ciência é o caminho mais seguro para alcançarmos o equilíbrio entre o progresso e a preservação do planeta. O plástico pode ser indispensável, mas se devemos utilizá-lo, que seja em uma versão que respeite o meio ambiente e contribua para um futuro mais sustentável.
*Ybellise Azocar é Head of Science da Bioelements, engenheira de materiais, especialista em polímeros, com ampla experiência em otimização e designer de processos de produção sustentáveis